Feliz natal

187 11 2
                                    

Aviso

Olá, pessoal!
Eu preciso dizer umas coisinhas sobre o capítulo de hoje postado hoje.
A princípio a ideia seria focar o capítulo em dois personagens: Leandro e Luciano. No entanto, ficaria muito grande, eu demoraria muito para escrever e publicar pra vocês. Para que isso não aconteça, eu dividi em dois. O de hoje será focado no Leandro e o próximo no Luciano.
Para Isso, tive que fazer algumas alterações. E no último capítulo postado terminou com uma cena do Luciano com a Irene, essa cena tbm não vai entrar nesse capítulo e sim no próximo.
Mas podem ficar tranquilos que não vai ficar confuso.
Boa leitura!






Coube a André a escolha do restaurante. O local era especializado na alta gastronomia francesa, o que não agradou muito o paladar de Vanessa, que estava sedenta por bom bife e uma porção generosa de batatas fritas.
André monopolizava o assunto entediando a todos se autoelogiando o tempo inteiro.
Vanessa, por sua vez, passava a maior parte do tempo mexendo no smartphone e Leandro tentava esconder o seu tédio, fingindo interesse no que André dizia, mas no fundo, não via a hora daquele jantar terminar.
André se ofereceu para levá-los para a casa. Por trás do seu gesto solidário, havia a intenção de passar a noite com Leandro, mas esse recusou, alegando que não seria adequado, já que Vanessa estava em casa naquela noite e ela não se sentiria confortável com a situação.
André não insistiu. Aceitou de boa.
_ Sem problemas. Aos poucos, chego lá e ela vai gostar de mim.

Ao entrar em casa, Vanessa se jogou no sofá e atirou para longe o par de saltos incómodos. Os seus delicados pezinhos finalmente puderam se livrar daquele tormento.
_ Pai, não querendo fazer a cricri, mas como você aguenta aquele homem chato? Puta que pariu! Cara egocêntrico!
Leandro se jogou ao lado dela, sentou relaxando.
_ Eu nem sei o que te dizer, Vanessa.
_ Pai, você precisa baixar o Grinder.
Leandro a olhou com espanto. Jamais na vida imaginou ouvir isso vindo da filha.
_ É sério, pai. Você está solteiro e é bonito. Precisa namorar, se divertir sabe. Eu tenho certeza que você vai fazer sucesso nesse aplicativo.
_ Pera aí!_ Leandro disse levantando o dedo um indicador. Numa expressão confusa._Isso é muito pra mim. Quer dizer que você...justo você está me induzindo a procurar um namorado?! É isso mesmo?
_ Eu acho que você merece ser feliz. O meu pai te fez sofrer demais, ele já está até namorando com outro. Nada mais justo que você siga a sua vida. E vamos combinar que você não gosta desse André. Você tentou forçar um romance com ele, mas não rolou. Esse cara não combina contigo.
Vanessa abriu a boca para bocejar. Estava muito cansada, e levantou do sofá com a intenção de ir para o quarto dormir.
_ Bom, a vida é sua. Não cabe a mim cagar regras. Só te dei um conselho. Agora, vou dormir. Estou morrendo de sono.
Vanessa abaixou a cabeça e deu um beijo no rosto de Leandro. Em seguida foi para o quarto.

O dia estava ensolarado.  Leandro decidiu levar um bolo de laranja para a livraria para tomar o café da manhã com Patrícia.
"Amiga, estou levando bolo para a livraria. Vai adiantando o cafezinho." Foi a mensagem que Leandro enviou para Patrícia via whatsapp.
Alguns segundos depois recebeu uma notificação do aplicativo, que ele julgou ser uma mensagem resposta de Patrícia. Mas, se surpreendeu ao ver que era de Valéria.  A amiga estava com saudades. Devido a correria do dia a dia, não tiveram tempo de conversar.
Valéria o convidou para almoçar, convite esse que foi aceito por Leandro, que marcou as treze horas num restaurante português que ficava no centro da cidade.
Ao chegar na livraria, foi surpreendido pela visita de André. Que o aguardava sentado no sofá, próximo ao piano. O homem desfolhava um livro de arquitetura, mas não sentiu desejo de comprá-lo.
_ Que surpresa te ver por aqui a essa hora!_ Disse Leandro.
André se levantou, o abraçou e o beijou.
_ Eu tenho uma proposta para te fazer. Tanto pra ti quanto pra sua filha. Podemos conversar?
_ Claro. Vamos ao escritório. Pati, segure o bolo, por favor?
_ Tá...me dá aqui.
Leandro pôs o bolo no balcão e subiu acompanhado de André.
Assim que chegaram no escritório, Leandro fechou a porta e indicou a cadeira em frente a sua para que André pudesse se sentar.
Disse a Leandro que a sua estadia no Brasil estava chegando ao fim. Precisava e desejava voltar para os Estados Unidos, local ele considerava a sua nova e querida pátria.
_ Eu tenho um bom apartamento em Nova York. Lá tem as melhores escolas do mundo. Creio que seria bom para a Vanessa fazer o High School. A rua em que vivo é ótima. Lá há lojas perfeitas para que você possa abrir uma bookstore. O que acha de você e a Vanessa viverem comigo em Nova York?
Leandro ficou parado por uns segundos, a boca estava entre aberta e não sabia o que dizer.
_ Leandro, nós nos damos tão bem! Eu sei que você gosta de mim. Sempre gostou. Quase namoramos na adolescência, mas você se deixou levar pela lábia do Júlio. Mas isso é passado. O seu divórcio vai sair em breve. E eu sei que você gosta de dormir comigo. Eu também posso te oferecer uma vida financeira confortável. Tanto pra você quanto pra Vanessa. Não se preocupe com a questão do grincard, eu resolvo todas as burocracias. Só cabe a você aceitar e fazer as malas. Então...vamos, meu amor?
_ André, eu fico muito lisonjeado pela sua proposta, mas eu não posso aceitar.
André o olhou surpreso. Não esperava receber um não. Tinha convicção que sairia do Brasil acompanhado de Leandro.
_ Mas, por que não?
_ Porque eu não tenho a guarda integral da Vanessa, a compartilho com o Júlio. Ele jamais vai permitir que levo a Vanessa para fora do país.
_ Quanto a isso, não precisa se preocupar. Ano que vem a Vanessa faz 17 e no próximo ano 18. Júlio não vai poder impedir. É só você ter um pouco de paciência. A Vanessa pode viajar pra nossa casa nas férias. E você pode falar com ela todos os dias via skype.
_ André, eu não tenho a menor intenção de me afastar da minha filha. Ainda mais agora que estou construindo uma boa relação com ela. E também não quero morar fora do país. Eu gosto de viver no Brasil.
_ Ah conta outra, Leandro. Quem podendo viver no primeiro mundo, vai querer viver nesta terra de índios?
_ O Brasil não é pior que país nenhum. Eu amo a minha pátria e detesto esse seu comentário racista.
_ Racista eu?!
_ Racista sim! Primeiro que não se diz índio e sim indígena. E eles não são inferiores como você disse. A minha vida está toda construída aqui.
_ Que vida?! Olha a sua volta. O seu padrão de vida caiu muito. Você merece muito mais e eu posso te dar.
_ André, eu passei a minha vida inteira sendo sustentado por homem e não quero isso novamente. Por mais que pra você o que tenho seja sem valor, pra mim é muito importante.  Tudo o que tenho, que pra você parece pouco, foi conquistado com muito esforço.
_ Eu não quis te ofender. Só quis te ajudar.
_ Eu sei. E agradeço por isso. Mas eu não quero viver contigo.
_ Bom...se você não quer, eu não vou insistir. Só me resta aceitar e te desejar muito sucesso. Você é um homem maravilhoso, Leandro. É bonito, é inteligente, gentil, culto e esforçado. Eu tenho certeza que você ainda vai se dar muito bem na vida.
_ Obrigado, amigo. Você é uma pessoa incrível. Eu desejo muito que você continue sendo feliz e que tudo na sua vida dê certo. Que você encontre um cara legal.
_ Eu vou encontrar. Tenho sorte de despertar interesses em caras legais.
Leandro riu da presunção do amigo, mas ao menos tempo sentiu um carinho enorme por ele.
_ Então, vou indo nessa. Preciso ajeitar as coisas para viajar. Parto ainda esta semana. Mas, espero que você aceite a vaga do curso que te ofereci. Isso vai ser muito bom para a sua nova vida de empresário.
_ Claro! Eu já fiz a matrícula. Pode deixar que serei um aluno emprenhado.
_ Disso eu não duvido.
André abriu os braços para receber um abraço, que Leandro deu com muito carinho.
_ Foi tão bom te rever, André!
_ Pra mim também. Espero que fique bem e que aquele idiota do Júlio pare de te atormentar. Olha, as portas da minha casa sempre estarão abertas pra você e a sua filha. Quando for á Nova York, saiba que poderá se hospedar no meu lar.
_ Com certeza. Assim que pintar uma oportunidade de viajar, eu vou te fazer uma visita.
_ Pode rolar uma despedida? Que tal sairmos amanhã a noite, eu, você e a Val? Como nos velhos tempos.
_ Por mim tudo bem. Eu vou estar com a Valéria daqui a pouco e falo com ela.
Despediram-se com mais um abraço. André segurou com as duas mãos no rosto do amigo e o beijou. Leandro não quis beijá-lo, mas ficou sem jeito de demonstrar. Sentiu-se aliviado com o fim do beijo. André saiu em seguida.

O outro Onde histórias criam vida. Descubra agora