Leandro sorriu vitorioso. Sentia orgulho de si mesmo ao mostrar para Júlio que os seus jogos psicológicos não o atingiam mais. Ele não era mais aquele homem tolo que Júlio manipulava.
Muitas vezes, Leandro se sentiu humilhado por saber que Júlio procurava outros homens, enquanto estava casado com ele. Leandro se sentia insuficiente e inferior aos amantes do ex marido, principalmente a Abner. Agora estava feliz por dar o troco, fazer com Júlio sentisse o mesmo.
_ Você se tornou uma putinha baixa, do tipo que se come em qualquer beco e larga por ali mesmo.
_ As suas palavras não me ofendem mais, Júlio. Eu sei o meu valor. Agora tenho um homem de verdade que me faz muito feliz._ Leandro sorria.
Júlio o olhou por alguns segundos, com a expressão séria e sem se mover.
_ A sua sorte é que eu ainda te amo. Caso contrário, já estaria comendo grama pela raiz.
_ Isso é uma ameaça?_ Leandro perguntou sério.
Júlio não respondeu. Apenas sorriu de um jeito assustador.
_ Aliás, coração, tô sabendo que o seu enteado já está quase nascendo.
_ Que enteado?
_ O filho da Lorena com o Abner, ora! Ou você acredita mesmo que um velho caindo aos pedaços como o seu pai vai engravidar uma moça de vinte e poucos anos?
_ Não diga bobagens!
_ Não digo! Você não sabe que o michezinho teve ou tem um caso com a Lorena? Ah não sabe? Leandro, o que você tem de bonito, tem de habilidade para ser corno. Este título você tem por mérito, meu amor. É incrível como qualquer um que se relaciona com você te trai não é mesmo, coração.
Leandro o olhava com ódio, fechando o punho. Júlio o observou sorrindo.
_ Você quer me bater, coração? Bata! Vai! Isso só vai me deixar mais excitado.
_ Como se atreve a vir aqui só para provocar o meu pai? Você não tem vergonha não, Júlio?_ Vanessa gritou entrando na sala._ Sai daqui! Você não é bem-vindo na nossa casa! Saiaaaaa!!!
_ Vanessa, isso é assunto meu e do Leandro.
_ Não. Não é! É assunto meu também. Você está humilhando o meu pai, dizendo que ele merece ser traído e isso não é verdade! Eu ouvi tudo. Não vou permitir que você fale com ele dessa maneira! O meu pai é uma pessoa maravilhosa. Foi um ótimo marido pra você, mas você não valorizou. A única pessoa que mereceu ser traído foi você! E olha que o meu pai já deveria ter feito isso há muito tempo. É muito atrevimento seu vir até aqui.
_ Eu vim te ver. Estava com saudades.
_ Mentira! Você me expulsou de casa por causa daquele psicopata.
_ Vanessa, não foi nada disso. Você está desequilibrada! Te encontrei com uma faca na mão e o Luciano machucado. Não tinha condições de vocês dois ficarem sob o mesmo teto.
_ Eu não vou perder o meu tempo recontando o que realmente aconteceu. Se você não quer acreditar em mim, foda-se! Só não quero que volte mais aqui! Eu não quero te ver! E nunca mais ouse a tentar humilhar o meu pai. Você é um monstro! Pena que demorei muito tempo para perceber isso. Agora fora daqui!
Júlio percebeu que seria inútil tentar conversar qualquer coisa com Vanessa. Era a primeira vez que ele percebia que não tinha mais o controle sobre ela e isso o desesperava. Para ele, era horrível essa sensação de impotência.
_ Você está muito nervosa. Eu volto outra hora.
_ Não! Aqui você não pisa mais._ pontuou Leandro.
_ Você não pode me impedir de ver a minha filha._ Júlio disse entre os dentes.
_ Eu não sou mais a sua filha! Você fez a sua escolha!
_ Eu não posso e nem vou te impedir de ver a Vanessa. Mas, posso te impedir de pisar na minha casa. Você pode ver a Vanessa em qualquer outro lugar. Mas não aqui.
_ Tudo bem. Só deixo os meus cumprimentos para o seu novo enteado. Vai ser lindo ver o seu pai criando o filhotinho do prostituto. Ou talvez sobre pra você né.
_ Pai, vá embora!
Júlio saiu batendo a porta e Vanessa correu para os braços de Leandro, o abraçando forte.
_ Você tá bem?
_ Tô sim, meu amor. As palavras do Júlio não me ofendem mais.
_ Por que ele é assim, hein? É tão triste saber que eu nunca conheci de fato o verdadeiro caráter dele. Como se aquele homem que eu admirava não passasse de um personagem. Como pude ser tão cega?
Leandro a beijou na cabeça, acariciando os seus cabelos.
_ Eu tô com tanta raiva por ele ter te dito aquelas coisas.
_ Júlio já me disse coisas piores. Já estou acostumado.
_ Mas você não merece!
_ É.. eu não mereço. Mas eu não vou deixar que isso estrague o meu dia.
_ E se o que ele disse for verdade? E se o filho da Lorena não for do vovô e sim do Abner?
_ Isso é blefe do seu pai, Vanessa. Ele está com raiva.
_ Mas de uma certa forma faz sentido, pai! Se ela se deitou com o Abner enquanto teve um caso com o vovô, há uma chance do filho dela ser do Abner. O vovô tem que exigir o exame de DNA. Já pensou ele criar um filho que não é dele? Ou pior, você vai ter que dividir a sua herança com o filho do Abner.
_ Vanessa, a intenção do Júlio era pôr caraminholas nas nossas cabeças e, pelo visto, conseguiu pôr na sua. Você não vai se meter neste assunto. A Lorena é problema do seu avô. Você vai se preocupar com os seus estudos. Só isso. Agora vamos terminar as malas, porque vamos pegar estrada no fim da tarde. Aliás, tá na hora do almoço. Pior que nem tive tempo de cozinhar nada. Vou pedir algo pelo Ifood. O que você vai querer?
_ Quero estrogonofe de filé mignon com batatas fritas. Pode ser?
_ Sim, meu anjo.
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O outro
RomanceJúlio e Leandro formam um belo casal de classe média alta. Casados há 10 anos, eles aparentam ter uma vida perfeita. No entanto, quando não estão diante dos famaliares e amigos as suas vidas são completamente diferentes do que demonstram. Quando Ab...