A chuva caía com força do lado de fora, e o vento balançava as árvores com brutalidade. Pela vidraça molhada da janela, Leandro podia observar o dia cinzento e tempestuoso.
No entanto, não prestava atenção na paisagem invernal.
Com as duas mãos e um lado da face apoiadas na vidraça, Leandro gemia enlouquecido. Estava completamente nu e os seus quadris moviam-se de frente para trás, sendo preenchido pelo pênis de Abner.
Abner metia com força, e os corpos de ambos estavam banhados em suor e dominados pelo tesão.
Leandro virou a cabeça para olhá-lo por cima do ombro e quando os seus olhos se encontraram, ambos emitiram brasas ardentes.
As bocas se aproximaram num beijo delicioso. Suas línguas se entrelaçavam, se devorando, aproveitando ao máximo que podiam.
Abner aumentou o ritmo das metidas, segurava nos quadris do amado, o fazendo ir ao paraíso de tanta felicidade.
Abner atacou o pescoço, deslizando a língua sobre ele e beijando em seguida.
_ Você é tão gostoso, Leandro, que quero devorar cada parte do seu corpo... não vou desperdiçar nada._ Abner sussurrou com a voz rouca ao pé do ouvido de Leandro, que sorriu satisfeito, amando sentir o Outro dentro de si.Leandro despertou ofegante. Apesar do sonho ter chegado ao fim, o seu corpo implorava para ser amado intensamente.
Permaneceu deitado, olhando para o teto. Deslizou a mão sobre o peito nu, descendo pela barriga até chegar ao pênis, que estava endurecido. Penetrou a mão por dentro da cueca, libertando o pau.
Fechou os olhos, deslizando a ponta da língua pelos lábios inferiores, masturbando-se, imaginando-se de quatro, e a língua de Abner entre as suas nádegas.
Retirou a cueca, a jogando ao chão. Pôs dois dedos nos lábios, chupando-os com gosto, imaginando ser o pênis do ex amante. Gemia com eles na boca, sentindo uma vibração gostosa entre as pernas.
Levou os dedos umidecidos até o ânus, penetrando aos poucos, entre as pernas abertas, sem deixar de se masturbar.
Erguia os quadris, gemendo, sentindo o coração bater acelerado.
Elevou-se ao prazer supremo, gozando na própria mão.
O arrependimento bateu em seguida. Sentiu-se tolo por ter sido Abner o seu objeto de desejo, o cafejeste que feriu o seu coração.
_ Miserável! Até em sonho esse infeliz vem me perturbar.
Leandro sentou na cama e se viu observando a lua cheia pela janela do quarto.
Sentia falta de sexo, há tempos não se dava ao luxo de ter uma boa foda.
Lembrou de Ezequiel e das outras muitas opções que tinha, lamentando por não poder concretizar o seu desejo.
A imagem de Júlio atentando contra a vida de Abner ainda o perturbava. Nunca sentira tanto medo do ex marido como sentiu dos últimos meses. Temia que Júlio o matasse ou a qualquer homem que se aproximasse dele. Em hipótese alguma duvidava da crueldade do seu ex marido, já que teve a infeliz oportunidade de provar o gosto amargo do seu veneno.
Lamentou mais uma vez por ter que oprimir os seus desejos, refugiando-se na solidão, onde se sentia um pouco seguro.No entanto, era difícil para Leandro manter a resistência diante das investidas de Ezequiel.
Sempre que podia o colega, apoiava a mão em suas coxas, acariciando singelamente.
Nervoso, Leandro se afastava, inventando algo para fazer.
A situação piorava, quando Leandro se aproximava do cantinho do café, a mesinha ficava localizada num corredor estreito. Ezequiel passava por ele, dando um jeito de encoxa-lo. Ao sentir o pênis roçando nas suas nádegas, Leandro sentia o pênis umidecer.
Procurava manter a postura, fingindo seriedade e não gostar da situação.
Ezequiel já não se intimidava mais. Sentia que também despertava tesão em Leandro, e isso o empolgava em investir cada vez mais.
Aquela era a primeira vez que Leandro se via atraído por alguém sem que o amor estivesse presente. Ele sabia que era só desejo sexual e adorava essa nova sensação. Sentia-se livre por alguns instantes.O horário do almoço era um dos mais tranquilos na diária de Leandro. O ritmo do trabalho ele era acelerado, e quase não tinha tempo para relaxar.
Após fazer a refeição na cozinha dos funcionários, Leandro e os colegas de trabalho descansavam no jardim do condomínio comercial, onde ficava localizada a empresa.
Alguns deles aproveitavam o espaço ao ar livre arborizado para fumar, conversando sobre assuntos do dia a dia.
Apesar de Leandro gostar de interagir com os colegas, ele pediu a Valéria para almoçar depois que todos retornassem ao trabalho. Estava imerso na leitura do livro A pediatra, da autora Andréa del fuego, e queria aproveitar o horário do almoço para ler com tranquilidade.
Acomodou-se debaixo de uma árvore, apoiando as costas em seu grosso tronco, e pôs o livros sobre as pernas dobradas.
O clima frio estava agradável, e o sol o aquecia de um jeito aconchegante.
O silêncio também foi o seu grande aliado para que a leitura fluisse.
Olhou em volta sentindo uma paz interior, que não sentia há tempos. Exclamou para si mesmo o quão boa era a sensação de ter tirado um peso das costas. Já não pensava em Júlio, Abner e nem em nada ou alguém que tirasse o seu sossêgo, somente apreciava a sua própria companhia.
Sentiu uma mão masculina pousar em seu ombro. Ao olhar para cima, viu Ezequiel sorrir para ele com ternura.
_ Posso sentar ao seu lado?
_ Claro._ Leandro respondeu sorrindo, mas mentalmente não gostou do fato de receber a "visita" inesperada de Ezequiel, pois desejava ler em paz.
_ Hum! A Pediatra... Esse livro é sobre o quê?
_ Uma pediatra que não gosta de crianças.
Ezequiel o olhou com espanto, arregalando os grandes olhos azuis.
_ A protagonista excerce a profissão por comodismo, o pai é médico e ela se formou em pediatria por ter um espaço no consultório do pai, onde pudesse trabalhar. Até que ela conhece o filho do amante e passa a ter uma obssessão pela criança.
_ Nossa! Interessante. E pelo visto você já está terminando a leitura.
_ Os capítulos são curtos e a linguagem é simples, o que tornam a leitura fluída. Creio que termino hoje mesmo.
_ Quando terminar de ler, me empresta?
_ Eu emprestaria se o livro fosse meu. Este eu peguei na biblioteca pública, que fica próxima daqui. Depois que saí da casa do Júlio, fiquei carente de leitura, já que deixei todos os meus livros para trás.
_ Não se preocupe. Semana que vem, você já vai se mudar para o apartamento novo, vai poder resgatar os seus livros.
_ Não creio. A essa altura o Júlio já deve ter se livrado de todos._ Leandro respondeu com tristeza.
_ Ele não faria isso.
_ Ele faria qualquer coisa para me magoar.
_ É um babaca.
_ Eu não quero falar sobre ele._ Leandro esboçou um sorriso, fechando o livro._ Alguma novidade?
_ Sim. Trouxe um presentinho para você.
Ezequiel o entregou um pequeno pote transparente, contendo um bolo de amandoim, com cobertura de coco ralado e uma colherzinha de plástico branco.
_ Olhaaaa! Parece delicioso!
_ A minha irmã faz para vender. Eu comprei esse para você. Espero que goste.
_ Aaah, obrigado, amigo.
Leandro provou fechando os olhos gemendo. O pequenino pedacinho de bolo se dissolvia em sua boca, proporcionando um prazer indescritível.
_ Hum! Muito bom! A sua irmã é uma cozinheira de mão cheia!
_ Fico feliz que tenha gostado.
_ Eu amei. Me passe o contato dela. Vou encomendar alguns. A minha filha vai amar.
Ezequiel percebeu que o canto do lábio superior estava sujo com um pedacinho de bolo. Aproveitou-se da situação para deslizar a ponta do dedo sobre ele. Leandro sentiu o corpo se arrepiar.
_ Saiu._ disse Ezequiel mostrando a ponta do dedo suja de bolo.
_ Obrigado. Só você mesmo para me proporcionar esse prazer.
_Eu amo te dar prazer. Se me você permitir, posso te dar outros tipos de prazeres.
Ezequiel aproximou a boca a de Leandro. Tinha um olhar penetrante, deixando o colega com as pernas bambas.
Leandro sentia o hálito de Ezequiel próximo aos seus lábios, e o olhar desse devora-lo.
Ezequiel tocou no seu queixo, erguendo a sua cabeça, a levando em direção aos seus lábios.
_ Você me permite te proporcionar mais prazeres, Leandro?
Leandro não quis resistir. Decidiu que alimentaria a sua fome de desejo.
Puxou Ezequiel pela nuca e o beijou.
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O outro
RomanceJúlio e Leandro formam um belo casal de classe média alta. Casados há 10 anos, eles aparentam ter uma vida perfeita. No entanto, quando não estão diante dos famaliares e amigos as suas vidas são completamente diferentes do que demonstram. Quando Ab...