Fernanda

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Atenção: o capítulo de hoje contém cenas fortes de abuso sexual, podendo ser gatilho para alguém.

Júlio permaneceu em silêncio com o celular no ouvido. O ódio triturava o seu coração. Respirava fundo, quase ofegante.
_ Júlio? Júlio?_ Fernanda chamava, tendo como resposta o silêncio.
Diante de tanta raiva, ele arremessou o iPhone 14 na parede. Treze mil reais despedaçados com o impacto. No entanto, Júlio sentia tanto ódio que não se importou com isso.
Sentou no sofá atordoado. Apoiava a cabeça  nas mãos trêmulas e sentindo os olhos umidecerem.
Na mente, veio a imagem de Abner e Leandro nus, aos beijos e amassos. Abner por trás, sussurrando algo no ouvido de Leandro que o fez gargalhar. Estavam debochando dele, o chamando de corno.
As lágrimas desabaram como chuva na tempestade. Chorava de soluçar. Gritava desesperado. A raiva o corría.
Chorou até cansar e amaldiçoou o dia em que conheceu Abner. Maldito prostituto! O miserável levou o Leandro para sempre.
Pegou um copo de uísque para se acalmar. A casa estava cheia de convidados e por sorte ninguém o ouviu. A música estava alta no andar de cima. Os convidados estavam reunidos na piscina, para o almoço de natal.
Precisava se recompor. Caso contrário despertaria a curiosidade de Luciano. E como ele explicaria o porquê dos seus ataques? Luciano não poderia saber que ainda gostava de Leandro, que o fato de ele estar com o outro o enfurecía de ciúmes.
_ Você precisa manter a calma, Júlio. Falta pouco! Falta pouco._ Júlio disse a si mesmo diante do espelho, enxugando as lágrimas dos olhos avermelhados.
Contratara Fernanda há um tempo. Era uma das secretárias ambiciosas que fazia de tudo para subir na vida.
Numa tarde, após o almoço, Júlio foi até a sala do RH com Rubens para conversarem com Sandra, que além de funcionária, era amiga. Em meio as conversas, ela mostrou os currículos das candidatas a secretárias, até que Rubens reconheceu a foto de Fernanda.
_ Eu conheço essa daí. É uma biscate que faz tudo para se dar bem. Sem um pingo de caráter. Ela trabalhava para um empresário, além de secretária, ela era amante e fazia uns servicinhos sujos para ele.
_ Qual empresário?_ quis saber Júlio.
_ O Esteves, veado!
_ Aquele que foi assassinado ano passado?_perguntou Sandra.
_ Esse mesmo. Aí depois do assassinato, a mulher do Esteves descobriu sobre o caso dele com a Fernanda e a pós no olho da rua.
Sandra olhou para o currículo, ajeitando os óculos redondos e grandes.
_ Acho que vou descarta-la. Não preenche tanto os requisitos.
Sandra se inclinou para por o currículo no triturador de papéis, até que Júlio a deteu com um grito.
_ Espere! Quero que a contrate. Ela pode me ser útil.
_ Quer mudar de time, Júlio? Se for, eu me candidato._ Sandra brincou e Júlio sorriu para ela, piscando um dos olhos.
Fernanda começou a trabalhar na semana seguinte. Para mostrar serviços, sempre se mostrava solicita e competente. E Júlio a tratava com a maior das gentilezas, até mais do que os outros funcionários do escritório.
Isso fez despertar o interesse em Fernanda. Ela achou Júlio bonito, um homem de trinta e oito anos, com um corpo saudável e bem cuidado, com as práticas de exercícios físicos em dia e a pelada das quartas-feiras sagrada, o que o fez desenvolver um porte físico. Sempre bem vestido, cabelos bem cortados e alinhados, ternos de grifes, pele limpa e bem perfumado.
Tudo isso acompanhado com um sorriso gentil que era sempre direcionado a ela.
A moça começou a ter fantasias eróticas com patrão. Imaginava-se sendo comida com força no escritório, em cima da mesa. Ela sabia que Júlio gostava de se relacionar com homens, mas ele não aparentava ter o estereótipo do homem gay. Falava, andava e se comportava como um hétero, o que fazia aumentar ainda mais o seu interesse.
"Vai que ele seja bi?" Era o que Fernanda desejava.
Além da atração física, pensava na vida financeira. Soube da beleza e do luxo da cobertura de Júlio pela descrição dos colegas de trabalho, uns até mostraram fotografias que  a deixaram fascinada. Soube que ele também possuía um belo sítio, uma mansão em Angra e uma bela casa em Orlando, próxima dos parques da Disney, onde costumava passar as férias com a família.
Ela não se incomodava com o fato de Luciano ser o namorado do seu objeto de desejo. Namoros acabam e outros se iniciam, era o que pensava.
Júlio também alimentava as suas fantasias.  Diariamente, a moça encontrava uma rosa vermelha em sua mesa, com bilhetes carinhosos. Sempre a convidava para almoçar. Cedia a Fernanda a honra de escolher o restaurante, onde conversavam por muito tempo,e Júlio se mostrava muito carinhoso e atencioso, o que a moça não estava acostumada a receber com outros homens.
A cada dia que passava, Fernanda estava ainda mais caidinha por ele, suspirando lendo os seus bilhetes, sentindo molhar entre as pernas toda vez, que "sem querer", ele a tocava, acariciando o rosto, braços e pernas. Aos poucos, a mulher estava seduzida por ele, e Júlio se satisfazia com isso.
Júlio percebeu que tudo estava no ponto que desejava.  Fernanda poderia ser a aliada perfeita, a interesseira e fiel espiã.
Só precisava dar o bote.
Era numa noite de sexta-feira quando Júlio a convidou para jantar. Fez o convite a olhando como se a despisse com os olhos e mordendo o lábio inferior, o que fez Fernanda vibrar de tesão.
Aproveitou que Vanessa estava na casa do outro pai e pediu para que Luciano fizesse companhia para a sua tia, não queria correr o risco de Luciano chegar da surpresa na sua cobertura.
_ Amor, você poderia me fazer o favor de passar a noite com a minha tia hoje a noite? Ela não anda bem, sabe. Vive reclamando de dores de cabeça e eu estou preocupado. Sabe como é, ela é idosa. Eu até ficaria, mas tenho que me encontrar com alguns clientes.
_ Tudo bem, meu amor. Eu fico sim. Eu adoro a sua tia. Ela é tão gentil comigo.
_ Ah, meu príncipe! Você não existe! Eu te amo demais!
Júlio afastou a cadeira da mesa do escritório, puxou Luciano pelo braço para que sentasse no seu colo, o beijou com desejo, acariciando a sua bunda. Levou a mão de Luciano até o seu pau, que já estava duro.
Luciano sorriu surpreso.
_ Mas já tá assim?!
_ É você quem me deixa louco.
Júlio voltou a beijá-lo, mas foi interrompido por Rúbens que entrou sem bater.
_ Ai que delícia! Vocês dois são tão gostosos!
Luciano corou de vergonha, saindo do colo de Júlio e se recompondo. Júlio permaneceu sorrindo.
_ Eu lamento de verdade interromper essa cena deliciosa, mas eu preciso sequestrar o meu chefinho para irmos á casa do deputado federal Luiz Barros. Parece que ele tá encrencado com as investigações de diversos esquemas de corrupção e necessita dos nossos serviços.
_ Precisamos ir, amor. A reunião de hoje a noite vai terminar muito tarde. Mas amanhã de manhã passo na casa da minha tia para te buscar. Aí te levo lá pra casa e passamos o fim de semana juntinhos.
Júlio levantou e o beijou. Em seguida, pediu com gentileza para que Luciano se retirasse e retornou a sentar, e Rúbens sentou em frente a ele.
_ Não sei como você consegue dormir com essa bicha diante de toda essa chantagem que ela e a mãe estão fazendo.
_ Luciano é uma delícia. Tem um cuzinho bem quentinho e apertado, rebola como uma puta e a boca é de veludo. Aquele corpinho é uma festa para o meu pau.
_ Ah como você é tarado!
Júlio sorriu orgulhoso.
_ E você bem que gosta. Já quicou muito aqui no papai. Se bem que tô com saudades dessa sua bundinha gulosa.
_ Meu deus do céu, o homem tá sem controle.
_ Tô falando sério, uh é! Temos que marcar um flashback.
_ Eu vou pensar no seu caso. Agora vamos logo,  que não quero me atrasar.
Os dois advogados se levantaram para sair. Júlio se aproximou de Rubens e deu uma boa apertada na sua bunda, indo de baixo para cima. Rubens estremeceu, ficando arrepiado e sorriu mole, dando um tapinha no ombro do patrão.

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