Vamos almoçar?

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_ Você não vai almoçar?_ perguntou Patrícia diante de Leandro. Observava-o terminar de se vestir.
_ Não, Patrícia. Hoje eu vou almoçar com a Val. Ela me ligou desesperada, dizendo que precisava falar comigo com urgência.
_ Caramba! Será que aconteceu alguma coisa grave?
_ Creio que não. Ela me disse que conheceu um mexicano no resort que ficou hospedada. Deve ser mais uma das aventuras sexuais da Valéria.
_ Ah, tá. Mas daqui a pouco, a Vanessa vai chegar do colégio, o que digo a ela se perguntar por você?
_ Diga qualquer coisa, menos que estou com Valéria. Hoje não estou nem um pouco a fim de aturar os chiliques da Vanessa. Vamos aproveitar que sempre nos primeiros dias de aula, ela fica um doce.
_ Eu acho que você não deveria dar tanta confiança para essa menina  se meter tanto na sua vida. O pai aqui é você.
Leandro respirou fundo. Abaixou o olhar, entristecido, lembrando da ameaça de Júlio.
_ Só faça o que eu te pedi. E te peço por favor que não me julgue. Eu tenho os meus motivos para ocultar a minha amizade com a Val.
_ Sei bem como é. Mas eu não estou te julgando. Só acho injusto o que você passa nesta casa. Você é uma pessoa tão boa. Merece ser respeitado.
Leandro sorriu agradecido.

O nível de amizade deles era tão grande, que ambos tinham as chaves de seus apartamentos. Leandro tinha autorização para entrar e sair do condomínio a hora que bem entendesse sem precisar ser anunciado pelos porteiros.
Como Soraya estava em férias e Valéria era uma péssima cozinheira, presumiu que o almoço seria pedido em algum restaurante.  Temia que o pedido fosse feito em algum fast food. Conhecia muito bem a amiga ao ponto de saber que Valéria sempre se consolava das decepções amorosas se esbaldando de batatas fritas.
Passou numa feira próxima e comprou diversas verduras frescas e cogumelos para preparar uma salada e não ser obrigado a compartilhar das bombas calóricas oferecidas por Valéria. Desde criança fora acostumado a ter uma alimentação saudável, o que o fez desenvolver um estômago intolerante a comidas gordurosas, pois ao ingeri-las era asia na certa.
Quando abriu a porta, percebeu que não havia ninguém no imóvel. A casa estava silenciosa, coisa que só acontecia quando Valéria não estava lá.
Entrou chamando por ela e teve o silêncio como resposta. Procurou por Valéria por todo o apartamento e não a encontrou.
"Cadê vc, mulher? Estou no seu apê."
Foi respondido alguns minutos depois. Esperou sentado no sofá, esfoliando algumas das revistas de moda que Valéria sempre comprava e nunca lia.
"Amigo, tive que dar uma passadinha no banco. Daqui a pouco, estou chegando aí."
Leandro decidiu higienizar as verduras para passar o tempo. Cantarolava uma música enquanto se distraía cuidando dos vegetais.
O som da campainha o assustou. Quem poderia ser? Valéria não tocaria a própria campainha e um visitante seria anunciado por interfone.
Ao olhar pelo olho mágico, sentiu o coração bater em disparada. Pôs a mão na boca, incrédulo com o que via.
Abner sorria de canto da boca. Arqueava a sobrancelha, sabendo que Leandro o olhava do outro lado da porta.
_ Vai me deixar aqui plantado, Leandro?
Leandro gelou ao ouvir o seu nome sendo dito por o homem que ele acreditava se chamar Dimitri, chegando a conclusão que foi vítima de uma armação de Valéria. "Ela me paga!"
Ao abrir a porta, foi surpreendido com um beijo, que despertou arrepios pelo seu corpo.
Abner segurava a sua cabeça para que não escapasse, coisa que Leandro não fazia questão nenhuma em fazer.
_ Eu senti a sua falta._ Abner declarou segurando em sua face, olhando-o com doçura.
_ Eu também._ Leandro percebeu que disse sem pensar, ficando corado de vergonha.
Abner sabia que mexia com Leandro, o que era muito bom para os seus planos.
Beijou-o novamente, percorrendo as mãos pelo corpo do moreno.
Leandro se afastou, dando uns passos para trás.
_ Eu não deveria fazer isso... não posso!
Abner entrou fechando a porta. Puxou-o pela cintura para beija-lo mais uma vez. No entanto, Leandro se afastou.
_ Dimitri, me desculpe por ter mentido pra você. Menti sobre o meu nome e o meu estado civil. Mas não fique pensando que sou um canalha, ou que estava curtindo com a sua cara. Naquela noite as coisas aconteceram de um jeito muito louco... Eu havia brigado com o meu marido e...
Leandro foi silenciado com o dedo indicador de Abner tocando em seus lábios.
_ Eu sei que você é casado. A Valéria me explicou tudo. Eu não quero te cobrar nada. Compreendo que você tem uma vida e eu não quero ser o responsável pela destruição da sua família. Eu gosto de você, e a última coisa que quero é te causar transtornos._ Abner sempre usava esse recurso para conquistar os homens e as mulheres casadas...e sempre era bem sucedido.
_ Dimitri, você é muito legal. Eu não quero te prejudicar. Você é bonito, jovem, inteligente e gentil. Com certeza vai encontrar um cara legal.
_ Eu não quero outro cara legal. Quero você.
_ Eu não posso me envolver com você. A minha situação é muito complicada. Sou casado e tenho uma filha. E isso não é certo.
_ Então, me deixe ser o melhor erro que você já cometeu._ Abner disse sussurrando, ao pé do seu ouvido, o deixando arrepiado.
Abner ficou irritado com a resistência de Leandro. "Não acredito que vou ter que correr atrás dessa songa monga. Puta que pariu! Ele vai fazer a difícil agora! Merda."
Abner o empurrou contra a parede, pôs as duas mãos na parede. Encarava Leandro com luxúria, mordendo os lábios.
_ Se você me conversar que não me quer, eu saio por aquela porta e nunca mais te procuro._ disse pondo a mão no sexo de Leandro.
_ Eu não quero.
_ Mentira. O seu corpo te contradiz._ Dimitri sorria deixando Leandro contragido e ao mesmo tempo excitado.
Dimitri beijava o seu pescoço, deixando-o zonzo, louco para se entregar.
Suas bocas se devoraram num beijo molhado. Abner adorava o gosto do seu rival. Era delicioso demais!
Mesmo excitado, Leandro escapou dos braços de Abner, indo para o lado oposto da sala.
_ Eu estou falando sério. Não tente me agarrar novamente. Não posso me envolver com você.
Abner sentou no braço do sofá, cruzando os braços e sorrindo.
_ Você fica tão lindo mentindo.
_ Eu não tô mentindo!
_ Você é perfeito! É lindo! É gostoso! Muito gostoso! Tem uma boquinha que pede beijo e uma bundinha que pede pica.
Leandro sentiu o rosto arder de vergonha diante da ousadia do jovem.
_ Dimitri, chega! Eu sou um homem ca...
_ Já sei. É casado._ Abner revirou os olhos para cima._ não precisa ficar repetindo isso mil vezes. Qual é, Leandro vai negar os seus desejos por causa de um homem que não te respeita? Que fode com outro cara tão filho da puta, que liga para a sua casa?
Leandro abaixou a cabeça.
_ Acho melhor eu ir embora.
_ Espere!_ Abner disse, segurando em seu braço._ Eu não vou me desculpar por te desejar e por te dizer que você também me deseja, o que não é nenhuma mentira. Mas se você não quiser, eu vou te respeitar. Podemos ser amigos? Eu prometo que sou tão bom amigo quanto amante...posso até fazer o sacrifício de assistir aquela chatice de Friends contigo.
_ Filho da puta! Friends não é uma chatice! É uma obra prima._ Leandro disse sorrindo, dando um tapinha no braço de Abner.
_ É uma "maravilha"... Tão "boa" que uso para dormir.
_ Ridículo! Como sabe que gosto de Friends?
_ Eu sei tudo sobre você! Sou da família Holmes._ Abner respondeu fazendo sinal de arma com a mão.
_ Ah, é?! Isso é uma covardia, pois eu não sei nada sobre você!
_ Aceite ser o meu amigo, que você descobrirá._ Abner sugeriu esticando a mão para que Leandro a apertasse.
_ Tudo bem._ Leandro respondeu sorrindo de um jeito tão meigo, que fez os olhos de Abner brilhararem. Levou a mão do moreno até a sua boca e a beijou.
_ Se bem que não sei se quero ser amigo de um cara que fala mal da minha série favorita._ brincou Leandro, pondo as pontas dos dedos no queixo.
_ Eu posso te compensar mostrando os meus dotes.
_ Deixa de ser safado! Comporte-se!
Abner ergueu a cabeça para gargalhar.
_ Que cabecinha suja, heim! Meu anjo, eu não estou falando dos meus dotes eróticos, esses você conhece e muito bem._ mais uma vez sorriu por deixar Leandro envergonhado._ Estou me referindo aos meus dotes culinários. Deixe-me preparar o nosso almoço.
_ Não sei se é uma boa ideia. Estamos na casa da Valéria e ela está chegando daqui a pouco...
_ Deixa de ser ingênuo, Leandro. A Valéria não volta tão cedo. Ela acredita que estamos trepando horrores. Enfim, não podemos ficar com fome.

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