Uma mão lava a outra

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O som das balas disparadas assustaram todos em volta, que corriam e gritavam.
Abner correu o mais depressa que pode. E Franklin ia em sua direção, determinado a tirar a vida do responsável pela morte da sua amada esposa. Disparava sem pensar em nada.
eu em direção a um hospital, onde havia alguns guardas. Vendo a presença dos policiais, Franklin recuou correndo com medo de ser preso.
Entrou num táxi que estava estacionado.
_ Bora! Bora! Bora! Me leve para o centro da cidade._ disse ao taxista. Quis sair dali com medo de ser capturado.
_ Sim, senhor.
_ Mais uma vez você deu sorte, Dimitri. Merda!_ gritou socando a própria perna._ Mas da próxima, você não me escapa! Eu vou te pegar, desgraçado! Eu vou te pegar.
Para a sua sorte, quando se aproximou do hospital não havia disparado nenhum tiro. Logo, os policiais não notaram a sua presença. Estavam focados em Abner, queriam saber o porquê corria.
Ao ser abordado, Abner mentiu que houve uma tentativa de assalto no bar. Que um homem louco atirou em sua direção. A versão foi confirmada pelas outras pessoas que estavam no bar. Todos foram encaminhados para a delegacia para prestar queixa.
Em seu depoimento, Abner mentiu dizendo que não conhecia o atirador. Só foi prestar queixa porque os guardas o disseram para fazer.
Ele sabia que Franklin era filho de um ex delegado de São Paulo. Morria de medo de que o homem tivesse algum amigo policial no Rio de Janeiro e isso o trouxesse dores de cabeça.

...


_ Como assim ele te achou, Abner?! Como o Franklin sabe o seu número e que está no Rio?
_ Eu não sei! Só sei que aquele filho da puta me encontrou e sabe o meu telefone.
Lorena e Abner estavam trancados no quarto. Os parentes haviam saído para ir a um bloco de carnaval.
Há três anos, Abner decidiu fazer um curso de gastronomia francesa em São Paulo. Havia juntado uma quantia em dinheiro o suficiente para viver na capital da cidade por um tempo. Alugou um apartamento modesto e mobiliado, que ficava próximo a instituição que estudava.
A principio, tinha a intenção de voltar ao Rio de janeiro assim que concluísse o curso.
No entanto, simpatizou com a cidade, vendo ali grandes oportunidades para quiçá conseguir um bom emprego nos muitos restaurantes renomados da cidade.
Além disso,  a vida noturna o agradava. Nas baladas luxuosas teve grandes oportunidades de conseguir bons clientes e aumentar um pouco mais a sua conta bancária e ajudar a sua família, enviando dinheiro. Para jusfica-lo, Abner mentiu para os pais que estava trabalhando num restaurante.
Passou a anunciar os seus serviços num site exclusivo para garotos e garotas de programa, onde os profissionais do sexo postavam suas fotos e telefone para contato e pagavam uma pequena taxa ao site para fazer a divulgação.
Devido a sua beleza e ser fotogênico, Abner conseguiu aumentar a clientela.
Em meios a tantos, foi solicitado por Franklin, um comerciante classe média, proprietário de uma loja de sapatos femininos. Ele tinha um fetiche que mantinha em segredos por todos a sua volta, se sentia excitado vendo Laura, sua mulher, transar com outros homens em sua frente, enquanto se masturbava.
Para Abner não havia nada de estranho nisso. Por causa da sua profissão, já havia presenciado diversos tipos de fetiches. Diante de tantas coisas estranhas, esse foi o mais leve para ele.
Laura era uma mulher fogosa, adorava poder transar com o outros e o marido ainda pagar por isso. No entanto, o trato do casal era que ela só poderia se relacionar com os garotos de programa que ele pagasse. Nada de casos extra conjugais e se envolver sentimentalmente com outro homem.
Abner viu no casal uma oportunidade de conseguir dinheiro. A mulher, escondido do marido, o procurou por outras vezes e tiveram tórridas noites de sexo. Ela se viu tão envolvida por Abner, que não se importava em gastar o dinheiro todo com ele. Desviava verba dos negócios do marido para presentear o amante com roupas de grifes, relógio caro, iPhone e a moto que Abner  tem atualmente.
Ele gostava de transar com ela. Era bonita e boa de cama, mas não a correspondia nos sentimentos. Com o decorrer da relação, Assustou-se com o temperamento instável da mulher e o seu ciúme possessivo.
Se suspeitasse que Abner tinha outra, quebrava o apartamento inteiro, partindo para cima dele com unhadas e qualquer objeto que tivesse em mãos.
Fazia inúmeras ligações por dia, o deixando sufocado. Até o seguia sem que soubesse. E pôs um rastreador em seu smartphone.
Devido a sua obssessão, Laura já não era mais a mulher dedicada ao lar como era outrora. Não cuidava mais da casa, deixando a sujeira e desorganização tomar conta do ambiente. Ao marido, não dava nem um pouco de atenção e negava fogo.
Desconfiado da infidelidade da mulher, Franklin contratou um detetive particular, que provou com fotos a infidelidade de sua esposa. Pensou em procurar Abner e lavar a honra com sangue. No entanto, ao chegar no apartamento, soube que o michê já havia partido.
Abner não fazia ideia que foi descoberto por Franklin. O motivo da sua fuga não era o medo da fúria de um marido traído. Fugiu porque não aguentava mais os desequilíbrios e perseguições da amante agressiva.
Algum tempo depois, já de volta ao Rio de janeiro, soube por um colega de profissão, que vive em São Paulo, que Laura havia sido encontrada morta em seu quarto por overdose de medicamentos diversos. Ela havia deixado uma carta, dizendo que não conseguiria viver sem o amante. Abner também foi informado da fúria de Franklin e da sua promessa que faria Abner pagar com a vida por ter destruido a sua família.

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