O plano

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_ Que ceninha mais patética! Um velho caindo aos pedaços e uma vagabunda de quinta se esfregando feito dois vira-latas de rua. Que você roubasse o meu marido tudo bem. Isso aí não tem valor nenhum, agora botar as garras em cima do meu dinheiro e estorquir o patrimônio da minha família foi de uma baixeza.
Angela os olhava com a cabeça erguida e a boca retorcida, expressando nojo. Lorena não se deixou abater. Ver o sorriso de Júlio a deixou ainda mais irritada. Também ergueu a cabeça, mas sorria, debochada.
Genaro olhou para Júlio com o olhar de raiva. Sentiu-se decepcionado. Sempre acobertou os adultérios do genro e agora esse não foi grato, reagindo com traição, entregando a sua cabeça de bandeja para Angela.
Lorena puxou o roupão branco, que estava pendurado numa barra próxima á banheira, vestiu ali mesmo, saindo do banho.
_ E só de pensar que eu te paguei para descobrir quem era a amante desse cretino e no final das contas a vagabunda era você mesma.
_ Pagou, porque é burra. Se tivesse um mínino de inteligência teria contratado um detetive particular. Ooooh, tão metida, tão arrogante... você não passa de uma velha burra!_ Lorena afirmou com o rosto próximo á Angela. A arrogância e o deboche da jovem a irritaram ainda mais. Lorena perdeu o equilíbrio, caindo no chão, quando recebeu uma bofetada no rosto.
_ Putaaaaaa! Putinha de quinta!
Com medo de apanhar ainda mais, Lorena levantou as pressas e saiu correndo do banheiro. Tinha a intenção de se trancar em um dos quartos.
Furiosa, Angela foi atrás dela, correndo na mesma velocidade. Estava movida pela ira por ter sido passada para trás pela mulher que tanto confiou.
Alcançou Lorena na sala, a puxando pelos cabelos e a jogando no sofá, onde subiu em cima, disparando mais bofetadas no rosto da jovem.
Júlio sentou no sofá em frente, cruzando as pernas. Sorria satisfeito, se deliciando com o caos que causou.
_ Putinha de merda! Canalha! Você não vai torrar o meu dinheiro e o do meu filho! Ordinária, quenga nojenta.
_Isso, jararaca, bate mais! Lancha essa vaca na porrada!_ Júlio dizia, batendo palmas.
Genaro entrou na sala correndo. Também havia vestido um roupão idêntico ao de Lorena.
_ Para! Para, por favor! Para! Eu estou grávida!
Genaro puxou Angela pelas costas, com a intenção de interromper a briga. Conseguiu segura-la pela cintura, enquanto Angela se debatia gritando.
Lorena levantou com ódio. As bofetadas envermelharam a cara e ardiam como fogo.
_ Se alguma coisa tivesse acontecido com o meu bebê, eu juro que te matava, sua corna desgraçada!
Angela sentiu a raiva consumir cada célula do seu corpo. Fechou as mãos em forma de garra, e os olhos eram como fogo consumidor. Trincou os dentes antes de partir para cima da rival. Tinha a intenção de esganá-la.
Genaro foi mais agiu e a segurou pelos braços, impedindo que se aproximasse de Lorena.
_ Calma, Angela! Pelo amor de Deus, em casa a gente conversa. Como você entrou aqui?
_ É óbvio que foi essa bicha Quaquá que subornou o porteiro para que ela entrasse! Corno!_ o sorriso de Júlio fazia Lorena queimar de ódio._ Eu quero que vocês dois saem do meu apartamento agora! Ou eu vou chamar os seguranças.
Angela usou de todas as suas forças para empurrar Genaro com as costas. Ao se libertar, estalou uma bofetada no rosto do marido.
_ Você comprou este apartamento para ela, seu cretino! O nosso filho precisando de um teto descente e você gastando dinheiro com uma vagabunda!
Genaro segurou Angela pelos punhos e a atirou no chão.
_ Pare com essa histeria! Que vexame!_ Gritou Genaro, irritado.
Angela levantou no mesmo instante.
_ Prostituta de merda! Você não vai ficar com nada que seja de direito do meu filho! Vendida!
_ E quem é você para falar de mim, hein puta? Você é tão piranha quanto eu! Aliás foi piranha quando engravidou do patrão só para dar o golpe do baúl. Hoje você é cafetina, vendeu o seu filho durante todos esses anos para essa bicha maligna aí. Que moral você tem para falar de alguém, hein vaca? E outra, o meu filho tem os mesmos direitos que o seu... aliás, tem até mais, visto que Leandro já é um homem adulto, pode muito bem se virar sozinho.
_ Eu vou te matar! Eu juro que vou acabar com vocês dois!
_ Eu não sou como você, Angela. Eu estou com o Genaro por amor.
Angela soltou uma gargalhada irônica.
_ Ah, garota, deixa de ser ridícula! Um velho murcho e Imbecil você pode até enganar, mas a mim não. E você, hein seu nojento. Que você era um velho burro, eu não duvidava, mas se deixar cair no golpe da barriga dessa piranha foi demais. Garanto que essa criança nem é seu filho.
_ É filho dele sim. Se for preciso, faço um exame de DNA para provar a paternidade do Genaro! Agora fora daqui vocês dois! Saiam!
_ Eu já vou mesmo. Olhar para a sua cara está me dando nojo._ Angela ergueu o dedo indicador, apontando para o rosto de Lorena. As duas se encaravam com as cabeças erguidas e expressões coléricas._ Só quero que saiba, putinha, que não vou facilitar para você. Espero que tenha desfrutado bastante do dinheiro desse otário, porque a fonte secou.
Angela saiu deixando a porta aberta.
Lorena bufava de ódio, andando de um lado para o outro.
_ Tá fazendo o que aqui, demônio? Já não se divertiu o bastante com o espetáculo? Agora saia!
_ Como conseguiu entrar aqui, Júlio?_ perguntou Genaro.
Júlio levantou sorrindo.
_ Eu disse que me vingaria. Só não sabia que seria tão divertido._Debochou Júlio antes de sair.
_ Que odiooooo!_ Lorena gritou com a voz rouca._ Eu vou matar o Luciano! Veado filho da puta!
_ O que o Luciano tem a ver com isso, mulher?
_ Ele tem uma cópia da chave, na certa entregou para o Júlio! E mais, e vou exigir que esse porteiro vendido seja demitido. Já o Luciano, eu vou arrancar cada fio de cabelo daquela víbora!
Genaro sentou no sofá, exausto. Apoiou a cabeça para trás, fechando os olhos, enquanto Lorena gritava descontrolada.

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