Ainda era madrugada quando Valéria acordou ao som do interfone. O porteiro anunciou que Leandro estava na portaria solicitando autorização para subir.
_ O que aconteceu, meu amor?_Valéria perguntou o abraçando. Estranhou ao vê-lo com uma bagagem em mãos.
_ É uma longa história. Desculpe está te incomodando a essa hora, mas foi necessário.
_ Para de palhaçada, Leandro! Desde quando você tem que se desculpar por me pedir ajuda? Agora, entre e me conte tudo que aconteceu.
Ao entrar, Leandro sentou no sofá, pondo a bagagem ao lado. Naquele momento, ele estava mais calmo e pode narrar tudo sem chorar.
_ Que filho da puta! Ainda bem que você não deixou barato. Eu ainda acho que deveria ter quebrado a cara dele.
_ O que mais me dói é que sei que ele vai pôr a minha filha contra mim. Eu tenho certeza que vai encher a cabeça da garota com um monte de mentiras.
_ Isso com certeza ele vai fazer. Mas, temos uma carta na manga, que podemos jogar a seu favor.
_ Como assim, Val?
_ Vamos usar essa manipulação do Júlio contra ele mesmo. Podemos acusá-lo de alienação parental.
_ É uma boa ideia! Isso pode contar a meu favor, quando eu for pedir a guarda da Vanessa. Mas, o único problema é que vou precisar de uma testemunha.
_ E nós temos, ora! A Patrícia.
_ Ah, mas a coitada não pode se envolver. Ela precisa do emprego. Não vai querer testemunhar contra o próprio patrão.
_ Bijuzinho, a Patrícia é das minhas. Ela não tem medo do Júlio e te adora. Isso conta muito. Além do mais, desempregada ela não vai ficar. Como já tenho a Soraya aqui em casa, posso contratar a Patrícia para trabalhar na minha empresa. O que precisamos fazer é manter a Patrícia naquela casa por tempo suficiente para testemunhar toda a alienação parental do Júlio.
_ Oh, meu amor, eu não sei o que seria da minha vida sem você._ disse Leandro, a abraçando.
_ Só tem um probleminha.
_ Qual?
_ Júlio não pode provar o seu adultério. Se ele tiver provas do seu caso com o Dimitri, ele pode alegar que não te difamou para a menina e sim que só disse a verdade.
_ Se ele deu o chilique que deu é porque está desconfiado. Deve ter até posto um detetive na minha cola._ Leandro disse, penetrando os dedos entre os cabelos, respirando fundo.
_ Aí temos que ser mais espertos, bebê. Você precisa dar um tempo do Dimitri e despistar esse tal detetive. Enquanto isso, nós podemos jogar com as mesmas cartas. Eu vou descobrir quem é esse tal de Abner e provar o adultério do Júlio. Meu amor, nós pegamos o feitiço e viramos contra o feiticeiro._ ao terminar de dizer essas palavras, Valéria piscou o olho.
Leandro sorriu radiante com as ideias da amiga.
_ Isso vai ser perfeito. A Vanessa vai saber quem é o verdadeiro Júlio.
_ Quem sabe assim ela pare de venerar o "Paizinho"._ a última palavra foi dita por Valéria imitando uma voz infantil.
_ Eu gostei da ideia. Há tempos, estou com esse Abner atravessado na garganta. O fato de eu não saber quem ele é me faz me sentir tão humilhado. Como se eu fosse tão idiota que não sei quem é o cara que dorme com o meu ma...ex-marido.
_ Ah, repete.
_ O quê?
_ Se referir ao carcamano como "ex-marido"! Ah, vai fala! Fala! Meu sonho era te ouvir dizer isso.
_ Meu ex-marido! Ex-ma-ri-doooooo!_ Leandro disse sorrindo e os dois gritaram de felicidade.
_ Apesar das circunstâncias, temos que comemorar! Vou abrir uma garrafa de champanhe. Aquela que meu pai me deu quando veio de Paris.
A garrafa foi estourada com alegria. Quando as taças se chocaram no brinde, Leandro perdeu o equilíbrio e quase derramou champanhe no pijama da amiga. Ambos gargalharam da situação.
_ Agora você tá oficialmente solteiro. Logo podemos cair na balada e pegar geral.
_ É mesmo. Tem um detetive na minha cola para provar que sou um adúltero. Logo vou á balada e pegar geral, fornecer provas para ele.
_ Meu bem, podemos ir para outro Estado. Duvido que esse detetive viaje para ir atrás de você. Deixe ser cagão, Leandro. Pra tudo tem um jeito._ Valéria deu um gole no champanhe._ Só uma coisa que não ficou claro nisso tudo. A Angela te incentivar a se separar do Júlio e ainda pedir segredo quanto a isso. Eu tenho certeza que ela tem rabo preso com ele.
_ Eu acho que não. Deve ser por medo de perder a mordomia.
_ Deixa de ser tonto, Leandro! Se fosse só isso ela não pediria segredo. Muito pelo contrário, ainda ia implorar para que você não se separasse. Se você continuasse casado com o crápula seria mais lucrativo para ela. A sua mãe teria feito como o seu pai fez. Mas ela ficou ao seu lado, sinal que não está se importando tanto assim com a grana. Ela tem é medo de Júlio.
_ E por que a minha mãe teria medo do Júlio?
_ Isso você terá que descobrir. A mãe é sua.
Leandro ficou em silêncio, pensativo.
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O outro
RomanceJúlio e Leandro formam um belo casal de classe média alta. Casados há 10 anos, eles aparentam ter uma vida perfeita. No entanto, quando não estão diante dos famaliares e amigos as suas vidas são completamente diferentes do que demonstram. Quando Ab...