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Taquirim - algum lugar do nordeste - 6:30 da manhã.

O cantar dos galos era o despertador da morena de 17 anos, ainda de olhos fechados ela bocejou e esticou seus braços enquanto fazia o mesmo com suas pernas e se remexia na cama, puxou o lençol com os pés e sentou-se na cama, passou as mãos no rosto. Abriu os olhos e coçou a cabeça olhando para os quatro cantos do seu quarto, o barulho do ventilador era música para seus ouvidos, assim como o canto dos vários pássaros lá fora.

— Ôh Camila - ouviu o grito de sua mãe e se assustou um pouco - se tu não se levantar dessa cama agora eu vou ai e te levanto na base da chinela menina.

— Já acordei! - ela gritou de volta e se arrastou na cama e procurou os chinelos com os pés, assim que achou o mesmo ela se levantou e coçou um lado da bunda e foi para fora do quarto - cadê painho?

— Foi lá no galinheiro ver se as galinhas pôs ovos - chegou na cozinha e viu sua mãe lavando a louça - vá escovar logo esses dentes e pegue o dinheiro em cima da geladeira e vá logo na padaria comprar os pão.

Camila foi até a porta do quintal e fechou um pouco os olhos por conta da claridade, viu Canela e Canjica já amarrados no pé de cajueiro, algumas galinhas ciscavam ali no terreiro e os galos ainda cantavam. Caminhou lentamente até o banheiro, fechando os olhos em minuto e minuto, sentindo o sono ainda em si, entrou no banheiro e escovou os dentes e lavou o seu rosto, resolveu que só iria tomar banho quando chegasse.

— É pra comprar quanto de pão? - subiu em um banco pequeno e pegou o dinheiro na lata em cima da geladeira.

— Compre quatro reais - sua mãe falou e fechou a parte de baixo da porta do quintal para que as galinhas não entrassem e cagassem a cozinha - traga pão carteira e pão d'água.

Camila foi até o quarto e vestiu sua roupa e abriu a porta da sala, olhou para a sua bicicleta e a mesma estava com o pneu furado, ela bateu o pé e choramingou ao perceber que ia ter que ir a pé.

— Ôh fia - ouviu a voz de seu pai e se virou - toma aqui esse dinheiro e traga uma torinha de queijo também.

— Ôh painho, olha só o pneu da minha bicicleta - apontou e pegou o dinheiro, seu pai se aproximou da bicicleta e deu uma olhada - o senhor disse que ia trocar ontem e não trocou.

— De hoje não passa - ele se levantou e ajeitou o chapéu de palha em sua cabeça com um sorriso nos lábios - depois do café eu vou na borracharia comprar os remendos minha fia.

A menina concordou e após descer a escada pequena ela abriu o portão que era fechado com uma corda, caminhou por alguns minutos nas ruas de areia de sua pequena e amada cidade, até que chegasse na parte mais movimentada que era onde tinha os mercadinhos, padaria, barzinhos e algumas lojinhas. Avistou a padaria e cruzou os braços por ver a pequena fila que teria que enfrentar, olhou algumas pessoas que circulava ali dentro.

— Good dia - ouviu a voz de Diego e revirou os olhos - por isso que eu gosto de vir na padaria, sempre encontro com você.

Diego era o sobrinho do prefeito, se achava melhor que todo mundo só por ter feito um curso de inglês, não era a toa que vivia misturando as duas línguas, sua vida era dar em cima de Camila e a mesma o rejeitar.

— Bom dia Diego - respondeu por educação - sorte sua e azar o meu, por mim que eu nem viria aqui só de saber que vou ver essa tua cara de urubu com fome.

— Sempre engraçada - ele falou sorrindo e ficou parado ao lado de Camila - a gente podia tomar açaí de noite, lá na venda da Toinha.

— Não quero - respondeu rápido - e você pode voltar lá pro rabo da fila - apontou para o final da mesma - não pense que por ser sobrinho do prefeito que pode sair furando fila...

Morena TropicanaOnde histórias criam vida. Descubra agora