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Dinah entrou em casa fazendo um coque alto em seus cabelos, o calor estava de matar, ela passou direto pra cozinha e já ia abrir a geladeira quando deu um pulo de susto por conta do grito de sua mãe.

— Quer morrer peste? - segurou o pano de prato e levou a mão até a cintura enquanto encarava a filha - acabasse de chegar do sol quente e já vai se enfiar dentro da geladeira...

— Eu tô com sede mainha - gesticulou com o braço em direção a geladeira.

— Sai do meio que eu tiro a garrafa - a loira saiu de perto da geladeira e sentou-se à mesa, ergueu sua blusa até os seios deixando sua barriga a mostra - e onde que tá teu pai?

— Painho tá lá na fazenda, parece que tem duas vaca de bucho - encheu o copo com água e bebeu - onde que tá a Lauren?

— Tava numa ligação daquele negócio de vídeo, num sabe? - Dinah concordou com a cabeça - deve de tá lá dentro do quarto.

— Depois do almoço eu vou lá pra casa de Camila - lavou o copo e deixou escorrendo em cima de um pano - a senhora acha que ela vai querer ir comigo?

— Tu devia de perguntar a ela e não a mim, né não? - a mulher mexia o feijão em uma panela que havia acabado de sair da pressão - vá fazer suas coisas primeiro se tu quer passar a tarde nas casa.

Dinah segurou na barra da blusa e ficou balançando pra cima e pra baixo para fazer "vento" e amenizar o calor que estava sentindo, foi na direção do quarto de Lauren e bateu na porta antes de abrir a mesma.

— Ei - a garota de olhos verdes estava com os braços escorado na janela e olhando pra fora da casa, ao ouvir a voz da loira, ela se virou - depois do almoço eu vou lá pra casa da Camila, tu vai querer ir comigo?

— Camila? - saiu da janela e sentou-se na cama - não sei, acho melhor não... fica pra próxima.

— Você que sabe - ergueu as duas mãos e deu com os ombros - eu vou terminar minhas coisas e depois vou me mandar.

Lauren observou a garota sair e suspirou, olhou as horas no celular e se concentrou no pouco de silêncio, o barulho que ouvia era de algumas galinhas, cachorro latindo, algum passarinho, as panelas de sua madrinha, e agora a voz de Dinah que cantava uma música na sala, pelo barulho da vassoura deduziu que a menina estava varrendo a casa.

— ... eu lhe amava e mergulhava no seu olhar de onça menina, e docemente me afogava, em suas águas cristalinas - ela se concentrou na letra, ela não conhecia aquela canção - depois sonhei que ela voltava, e dessa vez bem mais que linda, a meia luz me afogava e sua pele era tão fina...

Fez uma nota mental de perguntar a loira de quem era aquela música, se jogou na cama e fechou os olhos, ela já tinha ajudado sua madrinha, lavou toda a louça e falou que lavaria a do almoço também, encheu as garrafas, não estava acostumada a tal ato, já que em sua casa ela costumava ter empregada, mas não estava reclamando, gostava de ajudar sua madrinha. Puxou seu celular e abriu o Spotify e colocou em sua playlist aleatória, conectou seus fones.

"...eu gosto tanto de você que até prefiro esconder, deixo assim ficar subtendido como uma ideia que existe na cabeça, e não tem a menor obrigação de acontecer..."

Depois do almoço que modéstia parte da madrinha de Lauren, estava delicioso, feijão com bastante toicinho, macarrão, farofa, bastante verdura e galinha. Lauren poderia reclamar de muita coisa, menos da comida, disso ela sabia que iria sentir falta e muito. Dinah se despediu de sua mãe e ainda insistiu em Lauren ir com ela mas a mesma negou de novo, a loira pegou sua bicicleta e rumou na direção da casa de sua amiga, não via a hora de ver sua garota, já fazia uns dias.

— Ôê tia Sônia - Dinah gritou do pequeno portão azul e ouviu os cachorros lá no quintal latir - a tanajura tá em casa?

— Pode entrar minha fia - Alexandre falou, o mesmo estava vindo da lateral da casa com dois baldes, um em cada mão, a loira abriu o portão - as meninas tão lá no fundo, tá uma fuzaca só - falou sorrindo.

— Chegou o resto da bagunça - falou depois de jogar sua bicicleta de qualquer jeito na lateral da casa - fala pra tia que mandei um cheiro naquele zói lindo dela.

Passou pela lateral da casa e por algumas plantas que tinha ali e assustou algumas galinhas por puro divertimento, já conseguia ouvir a risada de Camila e de sua garota, passou por uma cerca de arame e avistou a seguinte cena: Camila estava em cima do cajueiro enquanto Normani corria de um lado para o outro tentando pegar os caju com o balde.

— Chegou quem faltava - a loira gritou ao chegar mais perto o que fez Normani largar o balde e correr na direção de Dinah e agarrar seu pescoço - eita da saudade...

Elas trocaram alguns selinhos e cheiros no pescoço, Camila só fazia revirar os olhos e resolveu descer do cajueiro.

— Espero não ter que ficar aqui vendendo cocada - falou pegando o balde e olhando a quantidade de caju - tô afim não, visse?

— Cala a boca, isso tudo é recalque teu, né não? - Normani falou ainda agarrada ao pescoço da loira - tava com saudade de você meu desejo...

— E eu de você minha preta - deitou a cabeça pro lado e deixou o rosto no pescoço de Normani e deixou um cheiro profundo ali, causando arrepio na mesma.

— Ah pronto - Camila soltou o balde e jogou os braços pra cima - cadê a menina que tá lá na tua casa? Ela num ia vir com tu não?

— Não quis - Dinah deu de ombros e ficou aproveitando o carinho que sua quase namorada fazia em sua cintura - já tá querendo trocar uma bitoca com ela é tanajura?

— Só fiz uma pergunta, deixa de ser besta sua tabacuda - Camila mostrou o dedo do meio e pegou um caju dentro do balde e mordeu com vontade - tu sabe que a gente vai pra praça de noite, né?

— Eu já disse a ela - Normani falou e beijou a bochecha da loira - quem sabe de noite a menina da cidade queira sair de casa, não culpo ela, esse mormaço de Taquirim é de rachar a cabeça de um.

Camila terminou de comer o caju e jogou a castanha dentro de uma lata que tinha ali, seu pai juntava pra assar e vender na bodega do seu Antônio e o mesmo vendia por outro preço, mas ele também assava pra deixar em casa pra suas meninas.

— Já colocaram cartaz no muro da escola, tu sabe dizer Dinah? - a morena perguntou enquanto limpava a mão num balde com água pequeno - o prefeito num vai dizer quem vem cantar na festa de junho não?

— Tô sabendo não visse - Dinah estava abraçando Normani - mas eu passei na praça e vi Zé do caldo com alguma coisa na mão sabe, deve de ser os cartaz, de noite a gente vê...

Camila concordou, deixou que suas amigas namorassem um pouco lá em baixo do cajueiro e foi levar os caju pra sua mãe, a mesma iria fazer polpa pra suco e também doce. Depois as meninas se juntaram do outro lado da casa e ficaram em cima do pé de manga, comendo manga verde com sal, isso escondido de dona Sônia, que se pegasse iria dar bronca em todas. Elas amavam aquelas tardes no quintal, mais a tarde elas fizeram um lanche e Dinah brincou um pouco com Sofia antes de ir embora, ficando assim marcado para se verem mais a noite na praça.

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Morena TropicanaOnde histórias criam vida. Descubra agora