Boa leituraaa
Deixei meus braços caírem de volta para o meu colo, soltando um suspiro aliviado e me desfiz das partes do instrumento, devolvendo-os para o local de origem. Minhas mãos permaneciam trêmulas quando as levei para o rosto, enxugando os resquícios de lágrimas e sumindo com qualquer sinal de emoção exacerbada que podia demonstrar.O tremor essencial variava de pessoa para pessoa, o médico disse. Os meus eram nas mãos e em um ano tinha evoluído relativamente graças a minha relutância com os remédios. Ainda assim, meus sintomas ainda eram ok's se comparados com pessoas que tinham em outras partes do corpo, como pernas, cabeça e etc.
Há seis meses minha medicação era milimetricamente regulada pela minha mãe e o neuro. Os sintomas tinham diminuído, mas era impossível de desaparecer completamente. Os atos como comer, encher um copo de água e até mesmo escrever eram possíveis, mas ainda estressantes. Tocar era a pior parte. Cansativo, dolorosamente difícil.
Eles sempre pioravam em momentos de emoções exageradas. Ansiedade, nervosismo, tristeza... o que era ruim porque algo assim sempre me perseguiam. Era por isso que eu insistia em tentar não sentir nada. Isso me poupava dos momentos vergonhosos na escola ou quando saía.
Meu primeiro ano com esses tremores não tinham sido fáceis, mas contar com Maísa foi bom. Ela sempre me defendeu dos comentários maldosos e até arrumou brigas por mim. As pessoas no ensino médio eram menos infantis, mas mesmo assim estranhvam minha condição. A maioria tinha mais curiosidade e depois que eu explicava melhor, as coisas se acalmavam, mesmo que não calasse os rumores.
Acho que o fato de ter meu irmão, além de Maísa, perto também ajudou. Ele podia ser tudo, mas sempre me defendia como podia e não tinha medo de arrumar confusão. No fim, as pessoas estavam se acostumando comigo, independente de ser desconfortável ou não para mim. Volta e meia até tinha gente que se oferecia para escrever meu dever.
─── Tiana, que bom que você ainda está por aqui, desculpa a demora! ─── Vânia, a diretora, entrou. ─── Estive ocupada até agora com alguns ajustes do evento com outros alunos e acabei me atrasando.
─── Tudo bem, eu entendo. ─── Sorri para ela.
─── Certo, então vamos direto ao ponto. Não quero te fazer perder mais aula. ─── Ela me olhou sob a armação dos óculos e então fez um sinal para a sala. ─── Como você já sabe, nós temos algumas turmas de música para alunos com esses interesses e até então, temos trabalhado com eles para algumas apresentações tanto na escola quanto em outros projetos fora, já que sempre acreditamos que inspirar os alunos também nos ajuda como escola. Temos uma banda oficial, ela sempre se apresenta nesses contextos, entretanto a última aluna com experiência no violino se formou ano passado. Estamos há poucos dias do evento e com uma vaga sobrando. Gostaria de oferece-lá a você, caso tenha interesse.
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𝑸𝒖𝒂𝒏𝒅𝒐 𝒂 𝒄𝒉𝒖𝒗𝒂 𝒗𝒊𝒆𝒓 • loud thur
FanfictionTHUR (LOUD) | Concluída ✔ Tiana sempre amou a chuva. Sempre amou as gotas escorrendo na sua janela, o toque melancólico e poético que ela trazia e a sensação de aconchego em meio ao caos. Ela gostava tanto ao ponto de passar horas encarando o céu, d...