boa noite. Penúltimo pov do thur. Tem mais um e depois a gente volta pra atualidade
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─── Seu irmão é sempre assim com você?
Perguntei enquanto andávamos lado a lado pelos corredores do shopping. Maísa e Benard tinham realmente arrumado uma desculpa para sair, e nós ainda não queríamos ir para a praça de alimentação.
Eu devo ter parecido mais chocado ainda porque Tiana riu de novo, tirando uma mexe de cabelo do rosto e prendendo ela atrás da orelha
─── U-hum. Eu sou a quarta filha e a única menina. Meu irmão mais novo está prestes a fazer seis.
─── Caralho! ─── Eu disse. ─── Então três mais velhos, hein? Como que você aguenta?
─── Eu sou a mais mimada, apesar da superproteção. Tenho um quarto só para mim, não preciso dividir banheiro e, mais que tudo, eles sempre fazem de tudo por mim.
Seu tom soou afetuoso. Olhei para a garota de lado, vendo-a chutar o vento com uma expressão distante.
─── Deve ser legal.
─── Ter muitos irmãos?
─── Sim...
─── Às vezes é, mas às vezes... A energia que minha casa tem é caótica, principalmente aos domingos. ─── Comentou. ─── Quando eu tocava era engraçado também, porque minha família nunca foi do tipo silenciosa e quando chegava aquele monte de pessoas para me ver sempre.... ─── A empolgação de Tiana pela pequena lembrança veio tão rápido com seu desânimo. Ela pigarreou, olhando para mim rapidamente. ─── ... chamava atenção.
Disse a última parte com um sussurro. Tentei enxergar além, mas fora os breves momentos de animação repentina como esses, Tiana dificilmente deixava passar algo.
─── P-posso te perguntar uma coisa?
Perguntei num breve instante de coragem que tive. A garota me olhou com cautela antes de assentir devagar.
─── Perguntar não ofende, né? Diz.
─── Por que você parou? ─── Enfiei as mãos nos bolsos. ─── Sabe, de tocar...
Tiana encolheu um pouco mais os ombros, desviando a atenção para o chão de novo.
─── Minhas mãos não me obedecem como antes. ─── Disse. ─── Elas não tremem quando estão paradas, mas sim nos movimentos. Quando... quando eu pego um copo de água, o movimento de levar o garfo até a boca ou até mesmo quando escrevo. Eu sempre amei tocar. Minha conexão com a música foi instantânea e extremamente forte e ver tudo isso sendo ameaçado, perdido... ─── Piscou algumas vezes. ─── Imagina você querer muito fazer algo e dar o seu melhor, mas mesmo assim seu corpo te impossibilitar disso? E não importa quantas horas você treine, se dedique, porque no fim nada vai resolver. Você só vai estar desgastado físico e emocionalmente. E as pessoas...
