Prólogo

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O assovio de Christian ecoou nas paredes de mármore enquanto ele caminhava a passos largos e decididos pelo corredor vazio do edifício do tribunal. Lançando um olhar para o teto abobadado, inspirou profundamente, apreciando o cheiro atemporal de lei e ordem. Nossa, como adoro este lugar!, pensou, com a satisfação enchendo-lhe o peito.

Ele frequentava a sede do Fórum Criminal da Paróquia de Orleans desde menino, seguindo os passos paternos e esperando que um dia os outros o olhassem como olhavam o seu pai – com respeito, mas também com um pouco de medo.

Se as pessoas não o temerem um pouco, filho, é porque está fazendo alguma coisa errada.
Obviamente, seu pai aplicava a mesma teoria na criação dos filhos. Se havia alguém que administrava a casa com pulso firme, esse alguém era Carrick Grey.

– Tenha um bom dia, Dr. Grey– disse a advogada loira de saia lápis ao passar pelo detector de metal. Ela já estava do outro lado quando observou por cima do ombro, avaliando depressa o corpo dele e mordendo o lábio inferior carnudo. Fazia semanas que vinha lançando olhares convidativos para Carrick, e, embora ele estivesse ocupado demais para se envolver em atividades extracurriculares, assim que aquele caso estivesse encerrado, aceitaria a "oferta". A ideia de arrancar aquele traje formal do corpo bem torneado da advogada e descobrir o que ela vestia por baixo fez com que ele sentisse um agradável estremecimento entre as pernas.

Carrick desceu os degraus de pedra no exterior do edifício, balançando sua pasta de couro do lado do corpo. Tenho o mundo aos meus pés, pensou com um sorriso.

O escritório da Applegate, Knowles e Fennimore ficava a aproximadamente um quilômetro do tribunal e ele decidiu ir a pé, assobiando novamente – aquela maldita canção que não saía de sua cabeça desde a festa de aposentadoria de Palmer Applegate, dois dias antes.

Palmer era o mais velho dos sócios seniores do escritório e, a propósito, nem de longe era um bom companheiro como dizia a música. O sujeito era um "Chato, Entediante, Morto", mas Christian supunha que uma canção com um nome desses não teria sido uma boa escolha para um evento de homenagem. Em todo caso, agora ele ficaria aborrecendo sua nova esposa-troféu o dia inteiro, e não mais os outros funcionários do escritório em que Christian trabalhava havia seis meses.

O respeitado escritório de advocacia ocupava os dois últimos andares do edifício de tijolinhos em que Christian entrara, ainda assoviando mais algumas notas antes que as portas se fechassem às suas costas.

Ninguém pode negar!

O elevador subiu suavemente, emitindo um sinal sonoro quando as portas se abriram.

– Boa tarde, doutor. – Foi o cumprimento de sua secretária, Andreia.

– Andreia. Algum... – Sua frase foi interrompida bruscamente quando um homem sentado em uma poltrona na pequena sala de espera à sua esquerda se levantou. Elliot.

– Doutor, eu disse a esse cavalheiro que a sua agenda está lotada, mas...

Christian assentiu, disfarçando uma careta.

– Tudo bem, Andreia. Este é o meu irmão,Elliot.

– Ah! – exclamou Andreia. – Eu não sabia...

Isso mostrava o quão pouco as pessoas do escritório o conheciam de fato, apesar de ele passar a maior parte de seu tempo ali – elas não sabiam que Elliot Grey era seu irmão. Elliot também era advogado, embora a empresa de advocacia em que ele trabalhava ficasse em um endereço bem diferente, e, até onde Christian sabia, aceitasse mais casos pro bono do que clientes pagantes. Era um milagre que conseguissem pagar o aluguel do escritório.

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