Capítulo 27

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–Olá? Christian, está aí?

Ele ouviu Ana chamando e gelou. Ela estava no portão lateral, sua voz firme acabando com o silêncio de Windisle. Seu coração acelerou, a agitação crescendo dentro dele, junto com uma pontada de pânico.

O que faz aqui, Ana? Ele continuou calado por um tempo, respirando lenta e profundamente e deixando que o ar fluísse por seu corpo.
Ousaria responder? Gail e Taylor tinham saído para um raro jantar romântico seguido de show no centro histórico da cidade, e ele estava sozinho.

Levou a mão ao rosto, passando os dedos pelas cicatrizes, seu medo aumentando. Não... não. Ele não estava pronto. Ainda não.

Talvez não devesse responder, embora tal pensamento fizesse seu pânico crescer. A ideia de deixar Ana ir embora era mais assustadora do que a de deixá-la ficar. Seu estômago se contraiu. Merda.

Ela chamou o nome dele novamente, sua voz ecoando pela propriedade, dentro dele. E se Ana estivesse com algum problema? E se ela precisasse dele?

Christian deixou escapar um resmungo de frustração, apagando as poucas lâmpadas que havia acendido dentro de casa, desceu as escadas e desligou a arandela que iluminava a porta dos fundos.

A escuridão se aproximou, envolvendo Christian com seus dedos que ofereciam segurança, acalmando o coração dele. Ana parou de chamá-lo no portão. Obviamente tinha visto a luz se apagar e deduzido que ele estava indo recebê-la.

– Ele chega no escuro – ela sussurrou quando ele abriu o trinco, esticou a mão e a puxou para dentro depressa, antes de fechar o portão.

A porta lateral da casa dava para um corredor curto que levava diretamente à cozinha. Christian fechou a porta e pressionou Ana contra a parede em dois movimentos rápidos.

– O que faz aqui? – perguntou, perto do rosto dela.

Ana respirou fundo, e a ele pareceu que ela sentia o seu hálito, o que fez com que uma onda de excitação percorresse o seu corpo.

– É você – ela disse.

– Sim, sou eu. Quem achou que era?

– Não, quero dizer, era você no noticiário.

Christian ficou agitado.

– No noticiário? – Aquelas duas palavras eram suficientes para fazer o medo ricochetear
dentro dele. No noticiário só evocava reações negativas para Christian. Era uma vez o noticiário que o esfolara vivo. – Eu não estava no noticiário.

– Você estava – ela disse, e havia algo na voz dela... admiração? – Você tem andando por Nova Orleans ajudando pessoas que precisam de amparo. – A voz dela tinha um tom de incredulidade, mas ainda a mesma admiração.

– Não. – Christian deu um passo para trás, voltando um pouco o rosto na direção da escuridão,que só não era completa por causa de um raio de lua que entrava pela janela da cozinha. Ele só conseguia enxergar a silhueta de Ana, nenhum detalhe, então esperava que o mesmo valesse para ela.

– Não – Christian repetiu, mas até ele notou como a palavra tinha soado, mais uma pergunta do que uma afirmação. – O que disseram?

– O jeito como você vira a cabeça – ela murmurou, como se falasse consigo mesma. – Reconheci você no instante em que vi o vídeo.

– Ana, do que diabos você está falando? – Christian perguntou, sua agitação crescendo.
– Desculpe. – Ele achou tê-la visto balançar a cabeça discretamente, seu movimento se misturando à escuridão que a cercava quando ela se encostou na parede.

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