Capítulo 31

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O quarto do andar de cima era espaçoso e luxuoso, e os pés de Christian afundaram no tapete grosso ao se aproximar da cama em que o homem estava deitado. Chandler Knowles.

Christian tirou o capacete, aquele que havia mantido na cabeça quando a empregada atendera a porta. Ao ligar, ele lhe dissera que passaria por lá, e ficou surpreso por ter sido recebido imediatamente, com a mulher murmurando que o senhor Knowles o estava esperando.

Os olhos baços do senhor Knowles perscrutaram o rosto desfigurado de Christian e, apesar de estar doente e acamado, ele se encolheu com repulsa. Christian disse a si mesmo que aquela reação era irrelevante. Ele não se importava mais se aquele homem o respeitava ou não. Não se importava se olhava para ele aterrorizado.

– Eu tentei imaginar o quanto teria sido ruim – disse o senhor Knowles, a voz chiada e rouca. Ele pigarreou e esticou a mão para o jarro d'água sobre a mesinha de cabeceira, onde também havia vários frascos de remédio.

Christian encheu um copo com água e entregou ao homem, que inclinou a cabeça um pouco para trás para tomar alguns goles.

– Agora você sabe – disse Christian, colocando o copo de volta na mesinha. É claro que o cretino poderia ter descoberto muito antes se ao menos o tivesse visitado, se ao menos tivesse aparecido no hospital logo depois da tragédia. Mas seu escritório de advocacia não se manifestara. Não dissera uma palavra. Não mandara nem mesmo uma cesta de frutas. De todo modo, o que poderiam escrever no cartão? "Ei, sentimos muito que seu rosto tenha sido atingido pela explosão. Esperamos que goste destas lindas bananas."

– Encontrei o celular de Amanda Kershaw – disse Christian. – Olhei seu conteúdo.

Havia uma cadeira perto da cama, e Christian a pegou e se sentou ao lado de Knowles enquanto ele digeria aquela informação.

– Você quer saber a verdade, imagino. – O velho deixou escapar uma tosse úmida. – Quanto a mim, suponho que seja natural que um homem queira ter a consciência limpa quando sabe que está prestes a encontrar seu Criador.

– Não me importo nem um pouco com os seus motivos, mas, sim, mereço saber a verdade.

O senhor Knowles grunhiu, um som que parecia ser de concordância.

– Diga o que já sabe, assim posso poupar o pouco fôlego que tenho.

– Fui ao armazém. Ao clube, seja lá o que for aquilo.

–Ah, sim. Bem, achei que deveriam acabar com aquilo depois de toda a confusão. – Ele suspirou. – Obviamente, não me deram ouvidos. Imagino que gostem da adrenalina extra do risco de serem pegos.

– O que é aquele lugar exatamente? Quem são aquelas garotas? E os homens?

– As garotas são viciadas e jovens que fugiram de casa que ficam mais do que felizes em conseguir uma dose ou duas. – Ele fez uma pausa. – Sabia que as pessoas fazem qualquer coisa por drogas? Qualquer coisa. As mulheres dão os próprios filhos em troca de uma dose. Qualquer coisa. As drogas roubam a alma das pessoas.

Como se o homem deitado diante de Christian soubesse como era ter uma alma. A náusea que Christian sentia aumentou.

– Os membros são cavalheiros que têm cargos estressantes e trabalham longos expedientes e que desejam extravasar participando de atividades que suas esposas não ficariam nem um pouco felizes de saber que existem. Applegate foi quem começou tudo, muitos anos atrás. Ele escolheu os membros pessoalmente e apenas oferecia uma noite de atividades extracurriculares muito agradáveis vez ou outra.

Christian observava o homem, processando as informações, se sentindo enojado.

– Então basicamente é um grupo de velhos pervertidos que se aproveitam da fragilidade e da vulnerabilidade de jovens moças que escolheram o caminho errado.

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