Capítulo 35

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Savannah Hammond leu a última frase do artigo que tinha acabado de escrever, salvou o arquivo e elaborou rapidamente um e-mail para o chefe antes de enviá-lo.

Suspirou. Um campeonato de equipes mirins. O assunto era tão chato que ela quase adormecera enquanto escrevia a matéria. Então, em vez de focar nas equipes, por mais fofos que fossem os jogadores, ela decidira destacar no artigo o comportamento inacreditável dos pais que ela testemunhara.

Competitividade não descrevia bem. A atitude deles era completamente nojenta. Por causa de uma equipe esportiva infantil? Eles deveriam agir como adultos, mas estavam mais para psicóticos enraivecidos. Os filhos certamente estariam tomando remédio para ansiedade quando tivessem uns doze anos.

Sem dúvida o artigo seria devolvido com um bilhete pedindo que o reescrevesse, mas e daí? Valia a pena tentar. E, pelo menos, ao escrevê-lo ela não tinha ficado com sono.

Era frustrante. Fazia quase nove anos que trabalhava para jornais on-line, e continuava escrevendo matérias que não mudavam a vida de ninguém para melhor.

Estava na profissão fazia quase uma década, e ainda era considerada foca. Às vezes, pensava em desistir. Talvez não levasse jeito para a coisa. Só que... levava. Ela sentia isso, como se fossem chamas ardendo em seu interior. Se ao menos tivesse uma chance.

Ela lançou um olhar para o impresso no topo da pilha de papéis sobre a sua mesa, a imagem granulada de uma câmera de segurança chamando a sua atenção. O mascarado que fazia boas ações. Falando em mudar vidas para melhor.

Ela havia tentado convencer o chefe a colocá-la para cobrir a história do desconhecido que vinha agitando Nova Orleans, mas ele se recusara. E Savannah sabia o motivo. Ele a achava boazinha demais. Ele dava as exclusivas para os jornalistas agressivos, aqueles que não se importavam em fazer todo tipo de pergunta a uma mãe cujo filho fora assassinado, nem em enfiar o microfone na cara de um marido em estado de choque que acabara de perder a esposa em um incêndio.

Ela queria muito dar o seu melhor para cobrir uma história, mas se recusava a usar a dor de outras pessoas só para conseguir uma manchete. Esse comportamento ia contra cada fibra moral dentro dela.

Seu telefone tocou.

– Savannah, linha um – disse a recepcionista quando ela atendeu.

– Obrigada, Shannon. – Ela apertou o botão correspondente à linha um. – Savannah
Hammond.

– Senhora Hammond?

Ela não tinha acabado de dizer isso?

– Sim. Em que posso ajudá-lo?

– Tem um minuto para se encontrar comigo?

– Quem está falando?

– Christian Grey. – Savannah fez uma pausa, parando subitamente de batucar com a caneta no tampo da mesa.Christian Grey. Fazia anos que ela não ouvia aquele nome.

Tudo voltou à sua mente num segundo. O julgamento de Jack Hyde. Ela se lembrava bem. Era uma jornalista recém--formada quando tudo aquilo acontecera. Tinha sido mandada para o hospital, onde deveria estacionar e esperar do lado de fora pela saída do advogado jovem e bonitão. Eles a haviam mandado se aproximar do rosto desfigurado dele e tirar a foto mais pavorosa que conseguisse. Aparentemente, todos os jornais tinham passado a mesma instrução às suas equipes, porque uma multidão se concentrara lá, dia após dia.

Para dizer a verdade, ela se sentira mal por ele. Ele tentara dominar um maluco e uma bomba explodira em sua cara. Mas ninguém dissera nada sobre isso. Todos focaram no fato de que ele defendera Jack Hyde e conseguira a sua absolvição, e então o sujeito causara o caos nos degraus de entrada do tribunal. Como se Christian tivesse a intenção de que aquilo acontecesse.

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