Capítulo 11

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Novembro de 1860

A brisa fria de outono soprou sobre a pele nua de Angelina, fazendo com que ela se arrepiasse de leve, embora os cantos de seus lábios continuassem voltados para cima, demonstrando felicidade. Ela sentiu a boca de John em seu ombro, os lábios dele quentes e macios quando a beijou ali, dando mordidinhas enquanto ela ria.

As molas da velha cama rangeram quando ela se virou para se aninhar nos braços de John, correndo um dedo pelo queixo dele e então aproximando os lábios do ponto em que seu dedo havia tocado. Sob as cobertas, percebeu que ele se excitava de novo e sorriu encostada na pele dele.

– Tenho que voltar – ela sussurrou.

Ele gemeu e a puxou para mais perto.

– Só mais um pouquinho.

Angelina hesitou, desejando mais que tudo passar o resto do dia escondida naquela cabana
vazia com ele, mas sabendo que a cada minuto que se ausentava estava arriscando ser pega.

– Eu queria, John, mas...

– Eu sei – ele disse, beijando-a de leve nos lábios e se sentando. Ela fez o mesmo, virando-se e pegando o vestido que estava jogado no chão. Um dos botões estava se soltando. Ela precisava prendê-lo direito depois.

Ah, mas John estava com tanta pressa para arrancar logo esse vestido. Ela sorriu mais uma vez ao relembrar os dois na cama.

Atrás dela, a mão de John descia por suas costas e, quando ela olhou por cima do ombro, ele tinha uma expressão de reverência no rosto, como se o toque da pele dela o hipnotizasse.

– Um dia teremos todo o tempo do mundo para ficarmos juntos – ele murmurou. – Um dia não teremos que nos preocupar em sermos pegos, ou que alguém descubra que estamos juntos. – A voz dele soou calma, introspectiva, como se não percebesse que estava dizendo aquilo em voz alta.

– Será ótimo – ela respondeu, levantando-se e se afastando da mão dele. Ótimo? Era pouco. Esplêndido parecia uma palavra mais apropriada.

Ela sabia que eles estavam jogando com hipóteses, mas era bom demais para não participar. E se... ah, e se ele pudesse ser seu, alguém que adormeceria e acordaria ao seu lado? Alguém com quem ela caminhasse de mãos dadas pela rua... partilhasse refeições e se casasse e... – Ela cortou aqueles pensamentos ao terminar de se vestir e se virar para ele, ainda sentado na cama, a pele dourada nua à luz difusa que atravessava as cortinas de aniagem.

Angelina gostava daquele jogo de hipóteses, mas, se a sua mente fosse longe demais, a brincadeira se tornava dolorosa. Ela sabia muito bem o quanto limites eram importantes, embora olhar para o peito nu de John naquele momento a fizesse lembrar que ela já havia cruzado vários. Um calafrio percorreu sua espinha, e desta vez não tinha nada a ver com o ar frio que entrava na cabana.

– Venha aqui – ele disse, parecendo notar a súbita melancolia dela. Puxou-a para perto e a
abraçou, acariciando-lhe as costas alguns instantes antes de soltá-la e vestir as próprias roupas.

John ficou de pé diante dela, com os braços cruzados na altura do peito.

– Daremos um jeito. Nem que tenhamos que ir para outro continente para morar numa caverna no deserto.

Ela riu e os olhos dele brilharam, mas, na verdade, talvez aquela fosse mesmo a única opção que eles tinham.

Ainda assim... uma caverna, com John, todo para si, dia e noite...

– Ou numa toca sob um enorme carvalho. – Ela já tinha visto uma vez, uma família inteira de coelhos se enfiando em um buraco debaixo da terra. Havia ficado com inveja deles, para dizer a verdade. Que tranquilo devia ser lá embaixo. Totalmente seguro. – Amarraremos redes de dormir nas raízes e comeremos bolotas no jantar.

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