Capítulo 13

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As pontas dos dedos de Ana tocaram as pedras ásperas quando ela encostou sua testa no muro, tentando ouvir Christian.

O pedaço de lua no céu não iluminava muito, só o suficiente para que ela notasse que ele não estava no seu lugar de sempre. Não que esperasse que Christian estivesse ali, mas mesmo assim chamou o nome dele.

Esperou um pouco, mas não obteve resposta. Será que ele estava sentado em algum ponto ali perto? Encostado em uma das árvores enormes do outro lado do muro, talvez? Ela podia senti-lo, podia jurar que sim, só que... bem, aquilo era tolice. Era só aquele lugar, o lugar dele, e lá estava ela, e era por isso que sentia um arrepio quente sob a pele que associava a ele.

No entanto, havia sentido a mesma coisa enquanto o esperava no parque, e ele não aparecera, então era óbvio que aquela sensação não tinha relação com a presença dele – talvez tivesse mais a ver com o fato de estar pensando nele.

Mesmo assim, só para o caso de Christian a estar escutando, ela precisava pedir desculpas, ou talvez só quisesse expressar o que sentia em voz alta, ali, encostada no muro que Ana tinha certeza de que Angelina usava para enviar a eles um sinal.

– Sinto muito, Christian. – Ela suspirou. – Eu me deixei levar pela emoção quando o muro chorou. Eu... eu fui mandona e egoísta. Praticamente forcei você a dizer que me encontraria, e é provável que você não estivesse pronto. – Os ombros de Ana se curvaram. – É claro que você não estava pronto. Não se sinta mal por isso. A culpa foi minha.

Ela ficou em silêncio por um instante enquanto organizava as ideias naquele lugar onde parecia ser mais fácil ser sincera.

– Sou sua amiga e deveria ter sido mais cuidadosa com os seus medos. Eu deveria... ter perguntado o que você estava pronto para fazer, em vez de ter feito planos.

Um discreto farfalhar veio de um arbusto denso atrás de Ana e ela virou a cabeça naquela direção, espiando. Provavelmente era um esquilo, ou talvez uma brisa errante que não chegara ao lugar em que ela se encontrava.

Virou-se para o muro outra vez.

– Eu me importo com você, Christian. Sinto essa... atração por você que nunca senti antes, e você está aí dentro, e eu estou aqui fora e... – Ela deixou escapar um suspiro de frustração. – Mas serei sua amiga do jeito que você quiser que eu seja. Queria que soubesse disso. Eu só... queria que você soubesse. Era só isso.

Ela pegou o pedaço de papel em que escrevera enquanto estava no restaurante decidindo o que fazer e o enfiou em uma fenda. Torcia para que Christian o lesse, em vez de descartá-lo junto com os outros desejos que coletasse. Meu apanhador de desejos, ela pensou com um suspiro triste.

Ana se virou para o outro lado, pressionando as costas contra o muro, a vegetação farfalhando de novo enquanto uma nuvem cobria o pequeno fragmento de lua, fazendo com que as sombras que já eram grandes se fundissem e crescessem e ganhassem vida.

Um calafrio percorreu sua espinha, sua pele se arrepiou. Embora ela não tivesse visto ninguém na rua enquanto caminhava até ali, a adrenalina tinha deixado seus nervos à flor da pele. Mas agora... ela se sentia observada por alguém do lado de fora do muro, o que a deixou alerta.

Pegou o celular e chamou um Uber. Um motorista chegou dez minutos depois, mas aquela sensação de estar sendo observada só desapareceu depois que Windisle sumiu de vista pela janela traseira do veículo.

                                     ****

A sensação de estar sendo observada continuava. Ana estava sendo paranoica, é claro. Tinha certeza disso porque agora estava ensaiando do outro lado da cidade, completamente oposto a Windisle, e mesmo assim a sensação persistia.

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