Capítulo 20

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Ana sentiu o cheiro dele – Christian. Meu apanhador de desejos. O cheiro dele estava perto do seu nariz, aquele cheiro masculino que ela havia sentido no pátio do baile de máscaras e ansiava por sentir todos os dias desde então.

Ela estava dormindo e, em seu sonho, ele a carregava, os braços fortes dele envolvendo o seu corpo.

Sua mente clareou um pouco, um pequeno gemido subindo pela garganta enquanto um medo distante atingia sua mente.

– Shh – ele disse. Era a voz dele. Ela não estava enganada. Podia não conhecer bem o cheiro dele – talvez estivesse errada sobre aquilo. Mas a voz? Não, ela reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Ela corria em suas veias e invadia suas células. Tinha se tornado parte de Ana.

– Pode se segurar em mim?

– Estou segurando em você – ela disse, sua fala enrolada, sentindo os músculos de Christian ao passo que seus braços envolviam frouxamente os ombros dele.

– Com força, quero dizer. – Ele se sentou em algum lugar, segurando a garota no colo.

Ela enterrou o rosto nele, a névoa se dissipando um pouco quando abriu um olho e então o fechou com força novamente, o menor sinal de claridade fazendo sua cabeça latejar.

– Não importa – ele disse bem baixinho, como se falasse consigo mesmo. Ela só queria dormir. Estava segura – segura com Christian– e só precisava fechar os olhos um pouco. – Perigoso demais.

O quê? O que era perigoso demais?

Ela estava adormecendo, mas podia jurar ter ouvido Christian falando com alguém. Mas os braços dele estavam em volta dela e era tão gostoso, e Ana se sentia tão quentinha. Não havia perigo nenhum.

Ela dormiu e, ao acordar, ouviu uma porta de carro sendo fechada, depois outra. Alguém falava com Christian, sua voz áspera e cheia de preocupação, e então ela estava nos braços dele outra vez, sendo deitada sobre algo macio.

– Não me deixe – sussurrou.

Ana se virou, os olhos abrindo de leve, a visão embaçada. O rosto dele surgiu diante dela e seu coração bateu um pouco mais rápido quando ele se aproximou. A luz era tão fraca e ele era tão indistinto.

O rosto dele chegou mais perto, a respiração dela acelerou, ossos de uma caveira ficando mais nítidos enquanto a distância entre eles diminuía.

Ana expirou com força, seus dedos percorrendo os ossos da bochecha da máscara de borracha.

– Não me deixe – ela repetiu. Ele podia usar uma máscara se quisesse, podia botar um saco de papel na cabeça de preferisse... só queria que ele ficasse ali, com ela.

Christian pareceu se acalmar um pouco, e ela notou quando os olhos dele se moviam sob a máscara.

– Você estava me seguindo – ela murmurou, a realidade a invadindo e trazendo com ela a lembrança dos homens, dos cães, da cerca. Tinha sido ele a sombra atrás dos homens que a fizera escorregar e cair.

– Ainda bem. – A voz dele era áspera, e ela viu um músculo pulsar em seu maxilar exposto. – Talvez você tenha uma concussão.

Ele levou a mão aos cabelos dela, afastando os fios da testa. Ana sentiu uma pontada e sua cabeça latejou novamente.

– Como se sente?

– Dolorida. Com dor de cabeça. Onde estou?

– Em Windisle.

Ana se sentiu empolgada, mas ainda sentia dor, sua mente estava nublada e ela estava mais
interessada no homem à sua frente. Fisicamente. Entendia a necessidade dele de permanecer oculto, mas mesmo assim continuava distante demais por trás da máscara.

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