Capítulo 10

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Ana aguardava ansiosa pela fala de Christian. Com o coração na boca e os braços envolvendo o próprio corpo, ela esperava enquanto ele contava a sua história e se abria, sabendo que era isso mesmo que ele estava fazendo, embora ela ainda não soubesse ao certo se o seu perdão seria dado de perto ou de longe. Ana aguardava ansiosa pela fala de Christian. Com o coração na boca e os braços envolvendo o próprio corpo, ela esperava enquanto ele contava a sua história e se abria, sabendo que era isso mesmo que ele estava fazendo, embora ela ainda não soubesse ao certo se o seu perdão seria dado de perto ou de longe.

Christian havia dito que ela era corajosa, e ela não sabia bem por que ele achava isso, já que nos últimos tempos não vinha se sentindo nem um pouco valente – apenas perdida e cheia de dúvidas.

Mas ela era uma garota que seguia o seu coração, e assim o faria naquele caso. Afinal, tinha sido o seu coração que a levara até ali, para começo de conversa. Até Windisle. Até o muro que chora. Até Christian.

– Eu estava indo para o tribunal para resolver alguma coisa relacionada a outro caso naquele dia. Eu estava... distraído, cansado, eu acho... – Ele deixou a frase morrer.

Ela havia percebido a mesma hesitação em sua voz quando ele descrevera como havia se sentido quando ganhou o caso. Ele havia ficado incomodado com o desfecho, confuso com sua ambivalência, ou pelo menos era isso que Ana suspeitava. Mas ela não queria colocar palavras – ou sentimentos – na boca dele, e não queria atribuir a Christian emoções que ele mesmo não tivesse afirmado sentir. Não apenas porque não lhe dizia respeito, mas porque ela não queria livrá-lo de qualquer situação que ele não merecesse se ver livre.

Ana seguia, sim, seu coração, mas não pretendia ser intencionalmente tola nem facilitadora.

– Não sei – ele finalmente prosseguiu. – Mas enfim... não tinha notado a coletiva de imprensa até chegar aos degraus do tribunal onde os repórteres estavam. Primeiro, vi meu irmão. Ele estava nos degraus, escutando. Ele não me viu. Ele observava Amanda Kershaw, que estava lá com seus advogados, e eles respondiam às perguntas, falavam sobre a grande injustiça que tinha sido a absolvição de Jack Hyde. Amanda parecia... hã, em choque, acho. Ela só... tinha o olhar fixo na multidão. E então seus olhos se arregalaram de um jeito...

Ele deixou escapar um suspiro rascante. Em choque, Ana repetiu dentro da mente. Drogada era mais provável, a julgar pelo que havia lido sobre o passado da mulher. Ela tinha sido uma viciada que se prostituía de vez em quando para bancar o vício, embora Christian não tivesse mencionado isso até então nem quando falara sobre como ele a havia destruído no banco das testemunhas, e Ana se perguntava por quê.

Ele tinha usado a fraqueza de Amanda contra ela mesma uma vez – em suas próprias palavras –, mas não parecia disposto a fazer tal coisa de novo. Christian Grey parecia comprometido e determinado a carregar cada grama de sua culpa.

– Segui o olhar de Amanda, e foi então que o vi. Jack Hyde estava parado às margens da pequena multidão, bem no fundo. O tempo pareceu... fluir em câmera lenta e vi quando ele
enfiou a mão na jaqueta para pegar alguma coisa e depois... foi só tiro e grito e gente correndo para todo lado, se jogando no chão para se proteger.

Ana sentiu um nó na garganta ao imaginar a situação – o terror absoluto, o caos repentino enquanto Jack Hyde sacava uma arma do casaco e começava a atirar, primeiro em Amanda Kershaw e depois na multidão.

Christian ficou em silêncio por tanto tempo que Ana inclinou a cabeça na direção do muro, tentando ouvir ele se mexendo, perguntando-se se ele continuaria, sentindo a sua dor mesmo através da grossa barreira entre eles.

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