MINHO é um cyborg forense que passou a ser designado para investigar situações do Narcotráfico da parte suburbana da metrópole da cidade Alma, onde o caos é disfarçado de utopia social. E por consequência de um acidente, ele acaba por conhecer JISUN...
Hyunjin me abraçava por trás, comigo dentro de um blusão enorme, naquela loja de móveis no qual o acampamento decidiu tomar por alguns dias, até migrarem de novo, então, por hora, nós sentavamos em um canto privado. Não éramos acostumados com a vivência dos ativistas, que eram abertos demais sobre suas dores e realidades, eu e ela, por outro ângulo, ainda tínhamos problemas em esconder as nossas cicatrizes e cascas dos outros.
E no chão de uma despensa, dividiamos edredom, pensamentos e histórias. Tal coisa que eu não duvidaria mas jamais imaginei passar. Madrugar na despensa de uma conveniência, enquanto lá fora o mundo se acaba em danças e músicas altas. Minho agora também está sozinho, precisava de espaço e eu estou lhe ocupando muita paciência e controle, ele precisa de um tempo pra' si. E eu pra' mim.
Só que sou grudento, por mais ridículo que seja, Han terráqueo que não tem um único super like no tinder é muito carente de toques quentinhos e até mesmo paga pra' poder dormir abraçado à alguém — felizmente Hyunjin também.
E citando-a, está respirando contra minha orelha, e eu posso ver o seu cabelo loiro de relance caindo por meu ombro. Os seus braços me envolvem, e as mãos estão dentro da minha camiseta, e me abraçam por inteiro. Foi por esse motivo que gostei muito dele desde o início, ele me cobria com o corpo, é alta, tem braços grandes, eu me sintia seguro de certa forma, sentia que poderia ser vulnerável com ela, e de mesma maneira, recebia isso de volta.
— Sabe Jisung, as vezes eu paro em tudo no que estou fazendo, e pergunto pro' eco da minha cabeça, se deus, o ser, aquele ou aquilo que me colocou no mundo, no final das contas me odeia tanto assim? Porquê, olha, ele passou tanto tempo com elas, eles, elus, esse pessoal da mídia, tipo Somin, aquela celebridade gênero fluido, ela é tão legal, ela é tão feminina e tão masculina ao mesmo tempo... ela veste as melhores roupas, parece sempre em euforia de gênero. Ela parece sempre tão bem consigo mesma, as pessoas, as pessoas a amam, sabe? Amam de verdade... As vezes eu acho, que pra' me criar ele teve preguiça.
Eu retiro sua mão esquerda da minha barriga e a levo até o rosto, beijando-a, e acariciando, enquanto dava, sequência à conversa — O mundo é desigual, Ji'. Eu te acho a gênero fluido mais gostosa, gentil e interessante desse mundo, mas é você que deve entender isso de si né', não eu. É alta e larga, mas a sua existência é tão única, sabe? É como se sua fluidez fosse um resultado absoluto, uma ciência de espetáculos, o resultado da sua imagem e vivência. É a fluidez de um entendimento e esse entendimento é o que te faz viver. Você não precisa ser igual seja-lá-quem-idol, sabe? Não precisa raspar a sua barba o tempo todo, ou as pernas, fazer um delineado perfeito, e não precisa usar um vestido se não quiser, ou uma calça jeans, nem cortar o seu cabelo e muito menos deixá-lo crescer ou alisar apenas pela validação de outras pessoas, faz só porque tu quer, e tu curte, entende? Você é mais do que isso, e é exata pro' próprio seu conforto e bem estar. É mais maravilhosa que qualquer um deles, e até canta melhor, diga-se de passagem.
