CAPÍTULO 6

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Ninna Miles 🌺

Mas uma vez me vejo sendo o centro da atenção de todos os olhares, e pensamentos indecifráveis da expressão de cada um, a única certeza que tenho é que é sobre mim. Ramon se aproxima pegando-me pela mão, ao menos lembro de ter sentado, ou se assim já estava.

— Filha, você foi escolhida! — ouço Anne.

Desperto, pisco perdida, olho para o palco, vendo toda família Andreotti com atenção voltada para mim.

— Se levante, Ninna — diz Ramon para que só eu ouça. — Sua última chance, tenho um comprador a altura.

Apoiei-me em sua mão que permanecera na minha, para não ter que continuar ouvindo suas ameaças. Se a vida está me dando uma segunda chance, se for ela, devo aproveitá-la. Amanhã verei o que fazer, o importante é sair viva hoje.

Ramon me levou ao palco, o que fora útil, não conseguiria caminhar sozinha. O sorriso estampado na boca de Ramon era semelhante à alguém que ganhara na loteria.

— Ninna!

Devia me sentir honrada por Ian vim ao meu encontro, para ajudar a subir. Mas sinto raiva, por não saber o que ele pretende.

Não respondo a ele, muito menos encaro sua face, subo alheia a sua presença. Sua mão aperta minha cintura.

O palestrante volta a sua preleção. Mantenho-me neutra diante dos olhos aborrecentes.  Meus ouvidos captam somente os gritos internos, e meu coração acelerado.

Sobreviver essa noite está sendo difícil.

**********

— Já não me apertou o suficiente, Ian?— pergunto, minha pele está dolorida.

Desde o palco, ele não me largou, me levou para todos os lugares que foi. Não pude reclamar, precisei manter a pose, me rebelar seria terrível.

— Agora refere a palavra a mim, Ninna? — diz com ironia. — Por que precisa.

— Apenas queria entender! — digo.

— Eu a escolhi Ninna, não preciso explicar minhas decisões para fazê-la entender alguma coisa — diz me encarando. — Seu papel não é entender, é somente fazer o que lhe for imposto.

Meu pulso acelera.

— Fui claro, Ninna? — pergunta, meu silêncio parece lhe deixar mais aborrecido, do que aparenta. — Quer que explique novamente? — puxa por minha cintura fazendo ficar mais próximos.

— Perfeitamente, sr Andriotti! — respondo áspera.

Sua expressão não suaviza, pelo contrário, vejo sua veia do pescoço pulsar.

— Meus pés estão doendo, estou cansada de andar — reclamo.

— Quero companhia! — diz.

— A festa acabou ! — implico.

A maioria das pessoas saíram logo após a notícia, os que ficaram parecem ser apenas uns da família de Andreotti, talvez uns fofoqueiros.

— Não para nós!

— Chame Sara para acompanhar você, tenho certeza que ela está esperando por isso — digo e olhei para onde ela estava sentada inquieta.

— Quero Você!

— Estou cansada!

Me solto de seus braços.

— Será minha essa noite! — me puxa de volta, dizendo na beira do meu ouvido.

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