CAPÍTULO 51

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Ian Andreotti • Narrando

— Ian, onde está a minha filha?
Ninna correu para meus braços interrogando-me aos prantos. Observo Joana, minha mãe quieta, seus olhos direcionando-me. Ela sabe o que Álvaro na verdade quer, sua pista que ele haveria de estar na própria mansão estava certa.

Arrombar a porta seria uma estúpida burrice, não sei o quão longe Álvaro irá, isso me perturba. O provoquei o bastante para … matar minha Cloe … não posso me dar o luxo de mostrar desespero, tenho que acalmar Ninna, resgatar nossa filha, mas, confesso que os olhos ardem. A falta de prudência com Álvaro, sou a porra do seu filho, devia saber que nem mesmo um coma seria capaz de "segurá-lo" por tempo demais. Persuadi-lo burramente. Fiquei tão concentrado em ser bom para Ninna, que esqueci a família, o pai que tenho, se hoje sou bom no que faço, é pelos ensinamentos dele.

— Álvaro está na ala principal, onde ninguém além dele tem acesso.

— Não tem como entrar naquele quarto sem colocar em risco a vida de Cloe e Kennia.

Jensen disse aparentemente preocupado, seu rosto já estava inchado, o ataquei pensando ser cúmplice de Álvaro. Sussurro no ouvido de Ninna que tudo ficará bem, é absolutamente estranho usar palavras doces, mas, é agradável as expressões felizes que recebo dela, a menos nesse momento.

— Qual o plano, Ian? —  joseph perguntou.

Sempre tinha um plano mas neste momento nada me ocorria na mente, a não ser o medo de perder minha filha. Conheço Álvaro, não quero entregar os pensamentos à derrota.

— O plano é me levar até ele.. — disse Joana se aproximando.  — Álvaro me quer, ele não tem intenção de machucar nossa neta.

Balanço a cabeça descontente com a ideia, o coração aperta recordando de momentos que foram um verdadeiro pesadelo. Joana sempre nos protegeu do jeito que conseguia, quando finalmente consigo olhá-lo nos olhos sem qualquer culpa, tenho de entregá-la novamente ao homem que a marcou para sempre?

— Mãe.. — a boca amargor.

— Ian … filho, é sua filha, minha neta..

— Faremos o que Álvaro quer, e logo depois o mataremos. Fomos treinados para isso.

Joseph apesar de estar trêmulo, mostrou confiança. Ele estava tão apavorado quanto eu, ter pessoas que amamos nas mãos do nosso pesadelo desde a infância, é terrível a sensação de ser inútil.

— Sim, o mataremos!

As escadas pareciam infindas, a aproximação ao nosso destino fazia o coração bater mais acelerado. Segurava a mão de Joana que como de costume mostrava calma em lidar com Álvaro. Em frente à porta dupla, o quarto principal usado por nossos pais para seus momentos que deviam ser chamados Íntimos, para Joana era o quarto do pesadelo. Joana me encorajou a bater, e dizer que estava com quem Álvaro queria.

— Estou com a mamãe!
Murmurei alto irado com essa troca, queria minha filha em segurança, mas assim mesmo minha mãe que merecia descanso.

Passei meu braço pelo de Joana, preparando-me com a arma na mão, Joseph estava atrás de nós, infelizmente não poderia vim mais reforço, não sabia se Álvaro cederia fácil, e ter mais pessoas poderia atrapalhar, além de querer Joana poderia exigir mais coisas. A porta dupla foi aberta, revelando a silhueta alta de Álvaro, podia atirar nele neste momento, mas ainda não havia visto minha filha, e ele não se mostraria a peito desprotegido se não tivesse um plano. Os olhos deles fixaram em Joana, parecia um doente vendo seu remédio. Adentrei o quarto segurando Joana.

— Me entregue minha mulher…

— Onde está minha filha?
Perguntei apontando a arma para ele.

— Ian…
Chamou Joseph com voz trêmula.

| Minha Escolhida | [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora