Capítulo • 41 | PARTE I

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Alguns dias tenho certeza que perdi a fé
Alguns dias não consigo encontrar minha fé
Mas eu continuo lutando
Eu continuo lutando

SIA | Black & Blue

02 de Julho de 2020, Washington D

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02 de Julho de 2020, Washington D.C, EUA
6:40 p.m.

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Estacionei o carro — talvez cinco minutos atrás — em frente a casa do violinista e estou com os braços apoiados na porta traseira a qual está aberta, aguardando ele sair com as meninas; precisaremos colocar as cadeirinhas infantis. O vento açoita sem qualquer piedade meu corpo, e sinto-me aliviada por ter colocado um suéter com gola alta, calça jeans e botas quentinhas; uma roupa casual para um jantar que espero ser consideravelmente agradável antes de uma bomba atingir a mansão McDemott. 

Respiro fundo e ergo a cabeça para fitar o céu nublado. O tempo estava estranho durante o dia, como se fosse uma excelente combinação com as emoções conflituosas atormentando-me. Em alguns momentos a chuva surgiu para surpreender os habitantes de Washington, e nesse início da noite, a brisa gélida continuou o trabalho. 

Ouço as risadas das crianças brincando a alguns metros com uma bola, um assobio malicioso ressoa pelo ar e ignoro. Quando adentro esse bairro para visitar Crestwell, tenho em mente que é impossível ignorar um Honda Accord — presente do meu irmãozinho rabugento no aniversário do ano passado — estacionado em frente a uma das casas.

— Babacas — resmungou Heaven, quando um grupo de homens visivelmente bêbados passou por nós, e de onde provavelmente veio o assobio. — Seu violinista vai demorar muito?

— Ele não é meu violinista — consigo respondê-la sem gaguejar, e quase consigo ouvir a consciência gargalhando irônica. — Acho melhor conferir o que aconteceu. Era para ter saído assim que chegamos, antes de sairmos do prédio ele avisou que estava pronto com as meninas. — Pressiono as têmporas, sentindo-me um pouco cansada. — Sou muito tola, preciso ajudá-lo a pegar as cadeirinhas

— Você está cansada — aponta.

— E não apenas fisicamente.

O dia se passou consideravelmente lento, e após o intrigante e divertido almoço no qual o violinista me acompanhou, a última aula quase esgotou minhas forças por completo. Talvez um toque de drama encobriu essa afirmação, contudo, pensar em diversas maneiras as quais poderiam definir como será o jantar, formou um peso invisível sobre meus ombros.

Afasto-me do carro e caminho rumo a casa, no entanto, não vou muito longe. Cameron Crestwell sai da residência com uma das gêmeas no colo e a outra segura fortemente sua mão. Não perco a bolsa rosa infantil pendurada em um de seus ombros largos.

— Caramba — sussurro, e meus olhos deslizam lentamente por seu físico. 

Os coturnos e jaqueta de couro estão longe de vista, e creio que deve ser a primeira vez que o vejo sem eles, pois ambos tornaram-se a sua marca registrada. A saliva desce com dificuldade pela garganta, quase engasgo conforme analiso sua aparência. O sapatênis é preto como a calça jeans que envolve suas pernas como se houvesse sido pintada em seu corpo, e a camisa numa tonalidade branca é de manga longa devido o frio, contudo é possível notar o quão bem ele cuida de seu corpo. Resumindo: o violinista está perfeito, como sempre. 

Aceitando um novo Amor (03)Onde histórias criam vida. Descubra agora