•Prólogo•

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Ainda quebro a cara algumas vezes
E não consigo fazer tudo certo
Porque eu sou perfeitamente incompleta
Ainda estou aperfeiçoando
minha obra-prima

Jessie J | Masterpiece

17 de Março de 2020, Washington D

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17 de Março de 2020, Washington D.C, EUA

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— Você é perfeita, Thea — elogiou Madame Petrova, minha professora de ballet.

A perfeição não existe. O pensamento enraivecido surge na minha mente após essa breve lembrança.

Alongo a perna direita, curvo o corpo até que a mão toque meu pé. Uma música agitada explode pelo auto falante do ginásio. A brisa gélida acaricia minha pele suada, ergo o corpo e meus olhos observam a lua através da janela, inspiro e solto o ar lentamente, curvo o corpo em um arco perfeito para trás enquanto apoio apenas a mão direita no chão. A perna esquerda contraída dando impulso para o movimento, enquanto a direita permanece estendida.

Fecho os olhos e deixo a música guiar meus passos. Desde pequena parece que a dança sempre esteve presente em mim, como se eu houvesse nascido para estar nos palcos, encantando a todos.

— Filha, tem certeza que quer entrar na escola de balé? — perguntou, mamãe.

— Sim, mamãe. Quando crescer vou ser uma grande bailarina! — gritei, enquanto tentava dançar igual as bailarinas da televisão.

— Você e seus irmãos merecem o mundo. — Sorriu, seus olhos brilhando, como se mamãe fosse chorar.

Aquela Thea de cinco anos, era tão pura e inocente, não conhecia as maldades do mundo. Não imaginava que o mundo poderia ser tão sádico e cruel. Que as pessoas nem sempre são boas. Muitas delas se escondendo atrás de máscaras, apenas esperando o momento exato para enrolar a todos em suas teias de mentira.

Os passos começam a ficar intensos, sempre apreciei a dança contemporânea, depois do ballet. Ela tende a ser uma composição de diversas qualidades de movimentos, não se prende as normas perfeitas, como o ballet clássico. Me sinto livre quando estou entregue a esse tipo de dança, igual estou me sentindo neste momento, mesmo que minha cabeça esteja derivando entre o passado e o presente.

— Merda — praguejo, sob minha respiração ofegante, curvo o corpo e coloco as mãos nos joelhos. — Foco, Thea.

Ao me encarar no grande espelho, a mulher refletida nele, parece zombar de mim. Fecho os olhos enquanto tento ignorar minha aparência abatida. A força que estava dançando, com a raiva presente em meus passos ao lembrar da crueldade do mundo e das pessoas, apenas um passo em falso me levaria a sofrer um acidente.

Aceitando um novo Amor (03)Onde histórias criam vida. Descubra agora