Capítulo • 16

7.6K 1K 574
                                    


Gostaria de saber antes o que eu sei agora
Gostaria de poder de alguma forma
voltar no tempo
E talvez ouvir o meu próprio conselho
Eu diria para ela falar, diria
para ela gritar
Para falar mais alto, para ser
mais orgulhosa

Little Mix | Little Me

07 de Abril de 2020, Washington D

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

07 de Abril de 2020, Washington D.C, EUA
11:05 p.m.

●●

Sorvo um gole do chá e aperto a caneca entre as mãos, como se o calor dela contra minhas palmas pudesse me distrair de certos pensamentos que estão perturbando minha mente desde que cheguei em casa. Estou encolhida no sofá, bebendo chá e observando através da janela, algo tão clichê. Como se não bastasse, os pensamentos sempre voltam até ele, para completar o pacote.

Se eu dissesse para alguém que o dia de hoje foi estranho, seria o eufemismo do século. Estranho é uma palavra fraca para definir tudo que aconteceu. Tudo parecia fruto de um sonho criado pela minha mente para aliviar os terrores noturnos, como se a existência de um Cameron bom, pudesse me ajudar.

— Sou uma tola — falo antes de levar distraidamente a caneca aos lábios para beber mais uma gole. Uma série de palavras nada bonitas escapam pelos meus lábios ao queimar a língua.

Coloco a caneca na mesa ao lado do sofá, abraço as pernas e apoio o queixo nelas. Meu corpo está cansado após as horas dedicadas à dança, contudo não consigo dormir.

Depois que chegamos no ginásio, o violinista acompanhou-me até a minha sala. Ele perguntou o que eu iria dançar dessa vez, e antes que pudesse filtrar minhas palavras, acabei revelando sobre a coreografia criada para a audição. Citar a audição talvez não tenha sido algo inteligente, pois ele ficou estranho durante alguns segundos antes de disfarçar e questionar parecendo interessado como era a coreografia.

— Se você quiser assistir... — Meus olhos se arregalaram diante da surpresa, e mais uma vez não consegui controlar minhas palavras.

Fecho os olhos, como se pudesse sentir essa vergonha novamente. Fui tola ao propor algo assim, mas ele surpreendeu- me ao concordar. Naquele momento as malditas borboletas surgiram outra vez, coloquei a música e ignorei tudo ao meu redor, como sempre fazia. Sentia meu corpo queimar e o motivo estava parado a poucos metros sentado no chão observando-me dançar. Quando o último acorde da música soou, o som de palmas levou minha atenção até ele.

— Uau! Não sei nem o que falar, bailarina — disse rouco, seus olhos escuros, intensos.

— Não acha que está exagerada? — perguntei timidamente. — Modifiquei ela muitas vezes, ainda não me sin...

— Está perfeita, baby.

Mordo o lábio para segurar um sorriso, sinto o rosto quente como se estivesse revivendo essa cena. Baby. Uma simples palavra que escapou e igualmente me derrubou. Cameron não queria a dizer, notei isso quando seus olhos se arregalaram por breves segundos e ele saiu da sala murmurando apenas um preciso ir. Poucos minutos depois o som do violino preencheu o silêncio no ginásio. A melodia forte, e nada clássica a não ser pelo instrumento, indicou que seus pensamentos estavam perturbados demais para tocar algo leve.

Aceitando um novo Amor (03)Onde histórias criam vida. Descubra agora