Capítulo • 42

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Eu amo quando você me deixa louco
Você tira todas as minhas inibições
Amor, não tem nada me impedindo
Você me leva a lugares que destroem
minha reputação
Manipula minhas decisões
Amor, não tem nada me impedindo

Shawn Mendes | There's Nothing Holdin'
Me Back

Shawn Mendes | There's Nothing Holdin' Me Back

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04 de Julho de 2020, Washington D.C, EUA
06:00 a.m.

●●


— Você nunca será amado, Cameron — vociferou perto do meu rosto.

O tom de voz arrastado indicando a embriaguez de Joane Crestwell em conjunto com os raios solares invadindo o quarto, se tornaram um despertador diabólico. O bocejo escapa pelos meus lábios secos e pressiono as palmas das mãos nos olhos, como se assim pudesse impedir a claridade de perfurá-los. 

Inferno! Amaldiçoei mentalmente. Odeio acordar com a voz dessa mulher, é como se tivesse viajado no tempo e caído na pior época da minha vida. Quase consigo sentir o cheiro de seu hálito pungente de álcool atingindo meu rosto enquanto respiro. A senhora Crestwell sempre obteve prazer em aniquilar a mente ingênua de uma criança com suas palavras venenosas. Você não é ninguém, Cameron. Quem amaria uma criança como você? Será um homem fracassado no futuro, e entre outras falas perversas as quais escutei ao longo da infância e adolescência. 

O Cameron do passado acreditou em cada palavra de merda que escapou por seus lábios, e isso traçou o caminho de um adulto ferrado psicologicamente. Um homem perdido em meio a escuridão, vagando sem rumo pelo caminho na qual o solo estava queimado pelo fogo do inferno. Anteontem quando disse aquelas palavras para a bailarina sobre ser um demônio por causa da minha vida ferrada, e não pelo que a sociedade classifica como bad boy, era a mais pura verdade.

Com o sono até então controlando as ações do meu corpo cansado, me sento na cama. Essas malditas lembranças ainda permeiam entre pensamentos ligados à Thea e o memorável jantar. As poucas vezes em que consegui dormir uma noite completa sem um terror noturno estava na companhia das gêmeas ou da bailarina. 

Ter conhecido a família McDemott se tornou a maior adrenalina em todos esses quase vinte e seis anos. Se alguém perguntasse meses atrás a respeito disso, com certeza iria ter deixado uma gargalhada ruidosa escapar por meus lábios; um som beirando a insanidade. Cristian e Eleonor McDemott são exatamente o que a bailarina havia revelado: pais maravilhosos. No entanto, pensei que seu pai iria me expulsar daquela mansão — mais um detalhe que aponta os milhares de quilômetros os quais nos separam — a qualquer momento, devido os olhares fulminantes de soslaio. Ele é um homem ciumento, e nem posso julgá-lo.

Mas, a caçula dos McDemott criou um plano perfeito para "quebrar o gelo" entre nós: carros. Caramba, o homem possui uma coleção impecável. Muitos carros que estavam em sua garagem eu só tinha ouvido falar. Mesmo que tenha sentido uma nota sutil de ameaça nas suas palavras no momento que citou sua filha caçula em uma das conversas, por trás delas pude perceber a aceitação. E merda, se isso não fez o coração quase sair pela boca.

Aceitando um novo Amor (03)Onde histórias criam vida. Descubra agora