AVISO: Não desisti da história, porém não tenho previsão de quando irei postar novos capítulos.
•| Irmãos McDemott - Livro 3
➜ +16 • A história aborda violência (física e psicológica), ataque de pânico, crise de ansiedade e palavras de baixo calão...
Tenho medo de tudo que eu sou Minha mente parece uma terra estrangeira O silêncio ressoa dentro da minha cabeça Por favor, me leve, me leve, me leve para casa
Duncan Laurence | Arcade
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04 de Julho de 2020, Washington D.C, EUA 10:20 a.m.
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Pressiono as laterais do travesseiro nas orelhas no momento que mais um fogo de artifício repercute proveniente do lado de fora do prédio. Dia da Independência. O dia mais importante para os Estados Unidos e ironicamente eu, como cidadã americana, esqueci.
Creio que isso não aconteceu apenas comigo, durante aquela conversa com a senhora Santiago, ela não anunciou o feriado quando perguntou-me sobre Juilliard. Impossível a carta da escola chegar hoje, e, consequentemente, preciso esperar até segunda.
Outro estampido reverbera pelo apartamento e um gemido angustiado escapa por meus lábios, as têmporas latejam a cada barulho. Acordei horas atrás por esse motivo, e foi um trabalho árduo cuidar da higiene pessoal e comer alguma coisa leve antes de retornar para baixo das cobertas outra vez.
Não preciso estar lá fora para saber que a cidade está enfeitada com as cores azul e vermelho, encontradas nas bandeiras norte-americanas, e que a população encontra-se vestindo essas mesmas cores.
— Você está bem?
A pergunta ressoa dentro do quarto, e continuo com os olhos fechados, pois reconheço a voz de Heaven.
— Não... — Um acesso de tosse me impede se respondê-la com clareza.
Odeio ficar doente. Sinto que minha garganta está pegando fogo e o abdômen um pouco dolorido, por culpa dos episódios intermináveis de tosse.
— Caramba. — Os passos são impetuosos na minha direção, e ela me ajuda a sentar na cama. — Está péssima.
— Obrigada pelo elogio — consigo respondê-la algum tempo depois. — Não sou de ficar doente com facilidade, mas quando fico, a cama sempre se torna uma companhia fiel.
— E hoje é um feriado — enuncia devagar. — Sua família deve se reunir na hora do almoço, escutei os meninos conversando com Alaric sobre um revezamento entre os seguranças para que assim alguns tenham a chance de visitar seus próprios familiares. Como vai sair de casa nesse estado? — As sobrancelhas bem feitas juntaram-se, expressando a preocupação.
Merda, papai com certeza fará um churrasco para comemorar o feriado, assando os maravilhosos hambúrgueres preparados por sua mulher, como todos os anos. Gostaria de estar na companhia deles, em contrapartida não posso sair nesse estado. E o pior nem é chegar nessa conclusão. Ninguém sabe — nem mesmo o violinista — que estou doente.
