Tem uma parte de mim que não posso recuperar
Uma garotinha cresceu rápido demais
Bastou uma vez, nunca mais serei a mesma
Agora estou recuperando minha vidaDemi Lovato | Warrior
02 de Julho de 2020, Washington D.C, EUA
9:00 p.m.●●
— Aconteceu alguma coisa, filha? — inquiriu a senhora McDemott, preocupada.
Tantas coisas, mamãe...
— Esse jantar não foi apenas um meio para apresentar Cameron e suas filhas. — Dou um início suave, os preparando. — O dia foi escolhido com cuidado, dando assim a chance do Jonathan estar presente. — Encontro o olhar de meu irmão através da tela, a confusão nublou seus olhos por breves segundos antes da imagem tornar-se um borrão, voltando em seguida. A ligação está piorando a cada minuto, preciso ser rápida. — Irei contar o que aconteceu comigo, o motivo das mudanças radicais nas minhas atitudes.
Através de suas expressões faciais, consigo notar a surpresa mesclada ao receio.
— Filha. — Minha mãe é a primeira a se recuperar do choque inicial. — Tem certeza? Espero que não esteja se sentindo pressionada. Jamais foi nossa intenção pressioná-la a revelar os seus motivos, e também espero que em nenhum momento tenha se sentido abandonada por nós. Sou mãe, sei muito bem quando meus filhos não estão bem — diz suave. — Você é a nossa princesa. Sinto medo de... — interrompe a si mesma, não conseguindo proferir todos os seus pensamentos em voz alta. Papai abraça o corpo delicado de lado, transmitindo seu conforto à ela, mesmo sentindo-se destruído por dentro; as íris azuis idênticas às minhas demonstram o que sua boca não diz. — Medo de não ter sido uma boa...
— Não — intervenho, a sua culpa apunhala meu peito com uma adaga invisível sem qualquer resquício de misericórdia. — Não é sua culpa. — Capturo seu olhar, tentando demonstrar a força nessa afirmação. Dedico um minuto para fitar todos, como se assim pudesse fazê-los acreditar. A culpa é palpável no ar, quase ameaçando me sufocar. — De nenhum de vocês — acrescento com seriedade.
Esfrego o rosto com as mãos, sentindo-me frustrada por não conseguir expulsar as palavras de uma vez, literalmente as vomitando sobre a família. Uma comparação mórbida condizente com meu passado fodido.
Sinto Crestwell tocar meu ombro, e agindo no automático, inclino-me na sua direção, até minha cabeça descansar em seu ombro. Seus braços envolvem meu corpo, protegendo-me. Ignoro os olhares surpresos e respiro fundo antes de dar continuidade.
— Há dois anos e alguns meses, conheci um jovem universitário. — É agora. As palavras pairam no ar, e dessa vez não dou chance ao medo de revidar seu ataque, assim me interrompendo. — Ele era o típico garoto americano capaz de enfeitiçar qualquer jovem com um coração fraco, e eu fui essa jovem. — Cuspo, enojada. O violinista entrelaça nossos dedos sobre minha coxa, esse ato desperta ainda mais o conforto, seu outro braço permanece firme embalando-me. — Devon tinha vinte e um anos — engulo em seco — e eu perto dos dezessete, obviamente. Fui tola por cair na sua armadilha, muito tola... — acabo divagando, me perdendo nas memórias dolorosas.
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Aceitando um novo Amor (03)
RomanceAVISO: Não desisti da história, porém não tenho previsão de quando irei postar novos capítulos. •| Irmãos McDemott - Livro 3 ➜ +16 • A história aborda violência (física e psicológica), ataque de pânico, crise de ansiedade e palavras de baixo calão...