Do amor a dor.

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Por incrível que pareça, a casa da Madame Anastácia era bem simples, totalmente diferente da minha. O estrume do Michel e eu descemos do Uber, fomos direto para porta de entrada. Batemos na porta e uma mulher de aproximadamente trinta anos apareceu:

- Oi. - sorri amigavelmente.

- Se você for mais uma vendedora, saiba que eu não estou interessada. - ela tentou fechar a porta, mas eu segurei.

- Não. Eu sou a acompanhante voluntária da Anastácia. Eu vim ver ela.

- Bom, se você é mesmo quem diz ser, deveria saber que ela não pode receber visitas. - ela me olhou de cima a baixo - Mas eu acho que sei o porque você veio e não foi pela a minha mãe.

" Então ela é a filha biológica da Anastácia?" Pensei.

- Ricardo! - ela gritou estericamente - Tem mais uma garota atrás de você! - ela me olhou novamente, dessa vez com cara de nojo.

- Mas que diabos, Giovana! Para de gritar! - Rick apareceu - Eu já disse que não quero visitas e... - ele me olhou com uma cara de surpresa.

- Eu disse, mas ela insistiu. - Giovana revirou os olhos.

- Sol? Michel? - Rick empurrou a irmã e ficou diante da porta.

- Oi. - respondi timidamente.

- E aí, mano. - Michel sorriu.

- O que vocês estão fazendo aqui?

* Me aproximei lentamente do Rick.

- Você sumiu, eu não tive mais notícias suas. Fiquei preocupada depois que soube da situação da sua mãe. - peguei em sua mão - Eu sinto muito, Rick.

* Rick olhou para a minha mão e depois pra mim.

- Você não devia ter vindo aqui. - Rick deu um passo para trás e soltou a minha mão.

- Por que não? - fiquei inconformada.

- Porque aqui não é um bairro seguro. - Rick se irritou - E você ainda veio com esse idiota.

- Ah, que isso, Rick. Eu sou gente boa. - Michel debochou.

* Rick pegou no meu braço e me levou até a calçada que dava pra rua.

- Você tem que ir embora. - Rick disse baixinho.

- Você me manda ir embora, mas nem sequer me dá um bom motivo pra isso. - dei um tranco e ele soltou o meu braço.

- Precisa de um motivo?

- Sim, eu preciso.

- Tá bom. - Rick deu um passo na minha direção e ficou a cinco centímetros da minha boca.

- Aqui não é lugar para uma patricinha ficar. - ele pegou no meu braço novamente e me arrastou até a rua - Tá vendo aquela esquina? É lá onde uma gangue vende drogas e armas. Sabe quantas pessoas eu já vi sendo mortas nessa rua? Mais de vinte - Rick soltou o meu braço bruscamente - Eu não sei o que te deu na cabeça de vir até aqui e ainda mais com o imbecil do Michel.

- Em primeiro lugar, eu cresci nas ruas, isso não é novidade pra mim. Segundo que eu vim ver como você e sua mãe está. - alterei o tom de voz.

- E por que você faria tamanha idiotice?

- Porque você salvou a minha vida. - as palavras escaparam da minha boca, num tom embargado.

- Ah, Joaninha, como você é ingênua. Eu faria isso por qualquer pessoa, não se sinta especial.

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