O último pensamento

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𝐑𝐢𝐜𝐚𝐫𝐝𝐨 𝐀𝐥𝐦𝐞𝐢𝐝𝐚 𝐧𝐚𝐫𝐫𝐚𝐧𝐝𝐨 - Uma hora antes....

Michel segura o saco de pancada e eu socava forte ele. Meu pensamento estava na Sol, no que ela tinha dito naquele dia, do intercâmbio e da gente. Michel atrapalhou os meus pensamentos:

- Você ficou sabendo sobre o programa de intercâmbio? Não se fala em outra coisa, os alunos estão loucos.

- Isso é besteira. - Continuei batendo no saco de pancada.

- Eu gostaria de sair daqui e pegar umas americanas. - Michel sorriu, era nojento.

- Você não pega ninguém aqui, quem dirá lá. - Parei e tirei as luvas.

- Você está me zuando? É você que está caindo de joelhos pela Sol, virou gado e nem percebeu. - Michel riu.

- Você está com inveja, não vou nem me preocupar com o seu comentário idiota. - Eu realmente estava amando, mas não era qualquer uma, era a mulher mais linda desse mundo.

- Inveja? Me poupe. Você é idiota, a Sol é muita areia pro seu caminhão.

- Não vejo ela reclamar de nada, então cala a boca. - Guardei as luvas no armário da academia e fui saindo.

- Então, você pretende mesmo abrir uma boate? - Michel foi caminhando ao meu lado.

- Não tenho certeza, eu preciso fazer algumas coisas antes. Eu estou trabalhando demais e mal tenho tempo de ficar com a Sol. - Abri a porta da academia, sai pra fora e fiquei procurando a chave da camionete, que estava no meu bolso - Eu queria tanto levar ela pra viajar, só nós dois e sair daqui por um tempo.

- Viu, o programa de intercâmbio pode ser uma boa, cara.

- Pode ser.

Nesse momento a minha chave caiu do meu bolso e foi parar no chão. De relance, vi um carro popular se aproximar. Ele era todo preto e os vidros também, só deu tempo de me levantar, o vidro da carro se abriu e em movimento, dispararam duas vezes contra mim. Eu senti uma porrada no segundo disparo, bem na cabeça e cai no chão. A dor era insuportável, queimava muito, mas eu não conseguia me mover.

- Rick! - Michel se sentou no chão e ficou me olhando, mas a minha boca não se movia - Cara, fica calmo! Vai dar tudo certo! Chamem uma ambulância!

Só consegui virar o olho e ver várias pessoas se aproximando de nós dois. Minha cabeça queimava, mas meu corpo estava totalmente paralisado, nesse momento, o meu olho esquerdo foi se escurecendo aos poucos e eu senti que estava apagando. O olho direto escureceu também e só consegui ouvir vozes ao meu redor, até apagar.

Um clarão bateu em meu rosto, firmei os olhos em um ponto. Eu estava sentado em uma grama verde e tudo parecia bem. Não sentia mais nada, nenhuma dor, aflição, mágoa, raiva, fome, sede, absolutamente nada. Olhei para o lado e me assustei, vi o rosto dela, da minha mãe, Anastácia.

- Meu filho. - Ela sorriu.

- Mãe? O que está acontecendo? - Me levantei rapidamente e fiquei assustado pela primeira vez.

- Está na hora, querido. - Anastácia estendeu suas mãos. Ela usava um vestido branco e seus cabelos estavam soltos.

- Na hora? Eu não estou entendo.

- Ricardo, meu bem, me ouça. - Ela veio até mim e segurou as minhas duas mãos - Você não está mais vivo, meu amor.

- O que? Não, isso não é verdade. Eu... - Comecei a me lembrar do tiro, do sangue e do desespero do Michel - Mãe, eu estou morto?

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