Horas de angústia

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Passou-se aproximadamente duas horas desde o momento em que a Sol foi levada. Era horrível ficar naquela recepção, o cheiro de álcool do hospital já estava me dando náuseas. Eu já tinha arrancado metade do meu cabelo de tanto puxar com as mãos, maldito toc!



- Rick, oi. - era a Brenda.


- Ah, você chegou agora?

- É, mas ou menos. - Essa garota  se apresentou depois de duas horas. Que tipo de amiga ela é? - Como ela está?



- Não sei de nada. Levaram ela para a UTI e não voltaram mais.



- Eu queria ter vindo antes, mas eu fiquei com tanto medo. - Brenda se sentou em uma das poltronas da recepção - Eu vi ela saindo com o professor e não fiz nada.


- Professor? O que isso tem a ver? - cerrei os pulsos.



- Brenda! Onde ela está? - era a voz do rapaz de óculos que me enfrentou no dia da festa.



- Gabriel, você veio. - Brenda revira os olhos.



- Claro que eu vim. Como ela está?



- Não sabemos.


* Olhei para o tal de Gabriel e depois desviei o olhar. Pelo jeito ele era o melhor amigo da Sol, aquele que a assediou.



- Por que ele está aqui? - Gabriel falou baixo, mas pude ouvir claramente.



- Vim fazer o que nenhum de vocês dois fizeram antes. Abandonaram a sua melhor amiga, exatamente no momento que ela mais precisa. - respondi com desprezo.


- Quem você pensa que é, seu marginal? - Gabriel deu um passo em minha direção e eu o enfrentei.


- Quem sou eu? Sou aquele cara que a Sol gosta, beija e deseja. E você, é aquele cara que ela tem nojo e desprezo.


- Olha aqui, seu bosta...


* Brenda entrou na frente.


- Parem já vocês dois! Estamos em um hospital, pelo amor de Deus!

- Fica esperto. - intimei o Gabriel e depois me afastei, ficando no canto da recepção.





---------------Quebra de tempo------------

As horas foram se passando e eu tinha que aguentar a angústia,o medo e a raiva de não poder fazer nada por ela. A noite já havia caído e não tínhamos nenhuma notícia, nem boa e nem ruim.
Olhei para a porta e vi um casal se aproximando da recepção.




- Gabriel?

- Senhora Sara e senhor Isaac. - Gabriel se levantou.


- Onde está a minha filha? - era a mãe e o pai da Sol. Ela estava desesperada.



- Não temos notícias dela e já faz cinco horas que estamos aqui. - Gabriel responde.


- Isaac..


- Fica calma, meu amor. - O pai da Sol se aproximou da recepção - Boa noite, eu sou o pai da Solange Campos. Você pode nos dar alguma informação?


- Vou verificar para os senhores. - a recepcionista começou a verificar no seu computador - A jovem Solange de dezenove anos, vítima de atropelamento, está em cirurgia agora. Me desculpa, mas vocês terão que esperar aqui.



- Esperar? Como assim? - a mãe da Sol grita com a recepcionista.



- Meu amor, fica calma. Você sabe que nesse tipo de situação, a melhor solução é ficar calma. Eles vão cuidar dela. - Isaac se aproximou da esposa e a abraçou.



- Não consigo ficar calma, Isaac. A minha menininha..



- Eu sei, ela vai ficar bem. - ele a conforta.




Vendo aquela cena eu pude perceber que a Sol tem uma família amorosa e preocupada com ela. Eu tenho a Anastácia, ela tem os seus pais. Houve um final feliz para a menina de rua e o garoto do bordel. Para a nossa surpresa, um médico chegou na recepção:



- Com licença, quem são os responsáveis pela Solange Campos Lopes?




- Somos nós! - a mãe da Sol se aproximou do médico.



- Prazer, eu sou Isaac. Pai da Solange, também sou médico. - eles apertaram as mãos - Como ela está?



- Doutor, a sua filha está bem. Devido ao atropelamento, o úmero do braço direito dela sofreu uma pequena rachadura. Por causa disso, um estilhaço do seu osso rompeu uma artéria e consequentemente ela perdeu muito sangue.


* Isaac abraçou a esposa e o médico continuou.



- Apesar disso, ela se encontra na UTI e está estável. Só precisamos fazer uma transfusão de sangue.


- O que vocês estão esperando para fazer logo isso? - Sara se irritou.



- Ela tem o tipo sanguíneo que está em falta no momento. - o médico respondeu cabisbaixo.



- O sangue dela é O negativo - respondeu Isaac.


- Vocês não tem sangue aqui? Que porra de hospital é esse? - Sara continuou muito nervosa.


- Sinto muito, nessa época do ano fica difícil de conseguir as doações. - o médico tentou se desculpar.



- Eu posso doar. - sai do fundo da sala - Meu tipo sanguíneo também é O negativo. E pelo o que eu sei, pessoas que tem o tipo O podem doar para qualquer pessoa, porém não podemos receber sangue de outro tipo.


- Quem é você, rapaz? - Isaac me encarou e arqueou a sobrancelha.


- Me chamo Ricardo Almeida, sou amigo da sua filha.


- Você tem mesmo como ajudar a minha filha? - Sara se aproximou de mim, tocou em meus ombros e sorriu.


- Será um prazer. - sorri para a mãe da Sol, tentando confortá-la.


- Vamos então, rapaz. - o médico me chamou e fomos até a enfermaria.


*Todos os procedimentos foram realizados e a enfermeira foi me explicando o procedimento.




- Só relaxa, vai durar apenas quarenta minutos. Certo?


- Tá bom.


- Como você sabia que o seu tipo de sangue era o único compatível com o dela?



- Por que também é o tipo de sangue da minha mãe. Ela é muito doente, eu fiquei cuidando dela por muito tempo e já fui informado disso antes. - encostei a minha cabeça na poltrona que estava levemente inclinada.


- Foi muita gentileza da sua parte fazer isso por uma pessoa desconhecida. - disse a enfermeira.



- Ela não é nenhuma desconhecida, ela é a mulher que eu amo. - as palavras saíram da minha boca sem pensar.


Isso fez a enfermeira sorrir. Eu só conseguia pensar em uma coisa, nela. Mesmo que as palavras erradas saiam de minha boca sem pensar, mesmo sem admitir isso para ela, eu sempre fui apaixonado pela Sol.



- Não seja ridículo, Rick. - disse em voz alta.




Bobo e apaixonado, não fazia parte do meu estilo. Reencontrar a Sol foi a pior e a melhor coisa que já me aconteceu. Ter visto ela novamente me fez muito bem, mas me deixou de quarto por ela, como um cachorrinho. Eu só penso nela, até às outras garotas pegaram ranço de mim, pois cada uma que se aproxima de mim leva uma ofensa para casa. Já faz algumas semanas que eu não transo e tudo por causa dela, não consigo ter desejo sexual por mais ninguém.



- Rick, deixa de ser um babaca! - ri em voz alta - Eu não sou assim, não. Sai da minha mente, Sol.....


(Continua)

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