Coração quebrado

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- Chega, Gabriel! Chega! - o empurrei forte.

- Sol, eu...

- Eu não quero te magoar, mas se for preciso eu vou - dei dois passos para trás - Eu estou passando pelo pior momento da minha vida, é primeira vez que eu fico tão longe dos meus pais o dos meus irmãos, as provas estão chegando e eu estou tendo sonhos estranhos, nos quais me causam gatilhos. Gabriel, eu gosto de você e você sabe disso. Não brinca comigo dessa maneira, não é a hora.

- Eu não estou brincando com você, só quis ser sincero. - ele deu dois passos em minha direção.

- Eu aprecio a sua sinceridade, só não chega perto de mim.

- Você não está me ouvindo, eu amo você, Sol.

- Cacete, Gabriel, eu sei disso. - fiquei irritada com a insistência dele - Eu não sei o que é o amor, a única referência que eu tenho é a dos meus pais. Eu passei muito tempo da minha vida observando eles e a minha visão de amor, me perdoa, mas não é essa. O amor não é sufocante e você me sufoca, Gabriel. Quando você ama alguém e é correspondido, as coisas fluem, você não precisa implorar por um beijo, um carinho e sexo. É como você mesmo disse, você me conhece muito bem, mais do que qualquer um e isso me assusta.

- Você está sendo injusta, Sol.

- Me desculpa.

- O que eu sinto por você não conta? - Gabriel ficou irritado.

- Isso não é amor, Gabriel.

- É o que então? - ele elevou o tom de voz.

- Eu não sei. A única coisa que eu te peço é que vá embora e fique longe de mim. - meu coração ficou apertado.

- Não faça isso comigo, com a gente. - ele se aproximou novamente.

- Por favor, Gabriel! Não encosta mais em mim. - choramingo - Vai seguir a sua vida, é melhor assim.

- Você não está falando sério. - ele se virou de costas e passou a mão no cabelo - Você nunca vai encontrar alguém que te ame tanto quanto eu.

- Talvez eu nunca encontre mesmo. - abaixei a cabeça - Eu queria poder te corresponder, eu juro que queria.

- Você queria? Não brinca.. - ele riu de nervoso - Assim que eu sair por aquela porta, eu não vou voltar mais. Me escuta, eu não vou mais voltar e você vai sofrer!

- Talvez eu sofra, mas por perder uma grande amizade e não por perder você. - eu sei que fui grossa, mas foi necessário.

- Você vai se arrepender disso, Sol. Você acabou de me destruir, você acabou com a minha vida! - Gabriel entrou para dentro e saiu batendo a porta.

Nesse mesmo instante começou a chover muito. Eu me sentei na sacada e comecei a soluçar de tanto chorar. As lembranças da minha adolescência foram invadindo a minha mente...

*Flashback:

- Sol, escuta só essa.. - Gabriel corre até mim, com o seu óculos fundo de garrafa nos olhos - Eu consegui os ingressos para o cinema!

- Não, fala sério? - me empolguei.

- Foi difícil,eu tive que vender um rim para consegui-los.

- Depois eu te dou outro! - peguei os ingressos - Não acredito que eu vou ver divergente! Quatro me espera!

- Você é bem oferecida! Me dá! - Gabriel puxou os ingressos da minha mão.

- Ei, me devolve!

- Você está ai pensando no Quatro e nem me agradece! - ele cruzou os braços - Quem é que te apresentou a essa incrível obra?

- Você. - sorri.

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