Justiça para o Rick

600 30 19
                                    

𝐒𝐨𝐥𝐚𝐧𝐠𝐞 𝐂𝐚𝐦𝐩𝐨𝐬 𝐧𝐚𝐫𝐫𝐚𝐧𝐝𝐨...

Não sei o que é pior, viver o luto ou viver o luto e ter muitas pessoas ao seu redor, dizendo o quanto lamenta, o quanto sente e o quanto me entende. Não sei se alguém realmente consegue entender o que eu senti na hora. No velório, eu me senti a viúva de um rei. Ninguém gostava do Rick, mas nesse dia, todo mundo da faculdade estava lá, chorando e lamentando, fazendo homenagens em redes sociais e isso tudo na maior hipocrisia.

Eu não tive forças para cuidar de tudo, meu pais fizeram isso por mim. Durante duas semanas, fiquei isolada na casa dos meus pais, a base de remédios e dormindo quase todo o tempo. As vezes eu sonhava com ele e isso me dilacerava  por dentro, não conseguia comer e beber, emagreci muito e estive no fundo do poço mais profundo do universo. Meus pais entraram com um pedido de guarda provisória do Samuel, buscaram ele no internato e o pior aconteceu.

O menino que já estava traumatizado com a morte da mãe, ficou mais abalado ainda, pois via o Rick como pai e o perdeu tão rápido, não tinha nem cicatrizado a morte da mãe e ele recebeu uma outra ferida. O Samuel, as vezes, batia na porta do meu quarto e pedia pra dormir comigo. Mesmo minha mãe tendo colocado ele no quarto do meu irmão, o Samuel ainda tinha medo de dormir lá. Então, o Samuel e eu nos aproximamos muito, ele dormia comigo, eu colocava animes para distrair ele e tentava me mostrar forte e segura. E com o tempo, ele foi melhorando e ele me curando também, mas a dor ainda estava presente em nossos corações.

Era um sábado a tarde, eu estava ensinando o Samuel a desenhar. Como sempre, a gente vivia trancado no quarto, dependendo de nós mesmos, enquanto o mundo se divertia lá fora. Minha mãe bateu na porta e me chamou:

- Sol? Posso entrar, querida?

- Oi, mãe, entre.

- Como você está Samuel? Você já almoçou? - Minha mãe perguntou, enquanto o menino desenhava no chão.

- Ainda não, senhora Campos. - O menino respondeu com timidez.

- Você já está aqui a tanto tempo, não precisa me chamar assim. Me chama pelo nome, Sara. - Ela sorriu.

- Ta bom, Sara. - Ele respondeu com a voz meiga e suave.

- Não acompanhe o ritmo da Sol, se não você vai ficar doente. Vá até a cozinha, a Bah acabou de fazer uma macarronada incrível. Se eu fosse você, não esperava. A Dolores está em casa hoje e ela ama macarronada, você pode ficar sem. - Minha mãe piscou pra ele.

- Sim, senhora. - Samuel se levantou, entregou os lápis e as folhas de desenho pra mim - Eu já volto, Sol.

- Coma tudo, ouviu? - Chamei a atenção dele e ele balançou a cabeça positivamente antes de sair. Eu que também estava sentada no chão, me levantei e sentei na minha cama.

- E você, não vai almoçar?

- Não estou com fome, mãe. Obrigada.

- Você não tem comido direito a dias. Eu estou preocupada com você, querida - Minha mãe se sentou do meu lado - Eu entendo a sua dor, mas se você ficar doente, quem vai cuidar do Samuel?

- Eu estou bem, mãe. Estou cuidando dele, não vou deixá-lo nunca. - O Samuel era o legado vivo do Rick, não só por ser o sobrinho amado dele, mas por ele ser tão parecido com o Rick na infância. Um menino doce, tímido e sofrido.

- Bom, eu espero que você coma e se mantenha firme por ele - Minha mãe me abraçou - Mas não foi por isso que eu vim até aqui. Tem um investigador da polícia lá na sala, ele quer te fazer algumas perguntas sobre o Ricardo. Se você estiver bem pra isso...

PAIXÃO INDOMÁVEL 🔥Onde histórias criam vida. Descubra agora