Dois meses depois....
Estou correndo pelos corredores da faculdade com uma pilha de livros nos braços. Eu precisava fazer um trabalho importantíssimo e estava buscando por inspirações. Como futura design, eu precisava criar um personagem perfeito para uma propaganda de refrigerante. Claro que era tudo fictício, mas era o primeiro trabalho realmente importante que eu ia desenvolver. Quanto melhor as notas, mais rápido eu vou conseguir um estágio, esse era o meu foco no momento.
Nesses últimos dois meses, muita coisa aconteceu. O Rick está trabalhando na empresa do Vini, amigo do meu pai. Está estudando também, por isso, quase não vejo ele. O pequeno Samuel soube da morte da mãe e por um tempo, tivemos que segurar as pontas, porque não foi fácil para ele aceitar isso. Mas ele está estudando em um colégio interno, não é um lugar ruim, pelo contrário, é um lugar onde só tem riquinhos. O programa de estudos é maravilhoso e quem deu essa ideia para gente foi a minha mãe, pois ela está pensando em matricular os gêmeos lá também. O Samuel está bem e feliz, tem tido bons amigos e a cada quinze dias vamos visitar ele.
O homem que agrediu ele foi encontrado depois de muita procura, mas por sorte, foi preso. Samantha se recuperou do aborto, não teve nenhuma complicação, mas ela não quis continuar a amizade comigo. Depois de falar com ela pela última vez, que foi a um mês atrás, ela disse que se ia mudar de cidade e se foi. O Gabriel anda recluso, quase não o vejo e isso é bom. Ouvi rumores que ele só sai do dormitório dele para estudar e depois volta, ele deve estar morrendo de medo de sair e encontar o Rick. Eu pedi para a diretoria da faculdade me trocar de turma, para não ter mais o Lorenzo como o meu professor, mas infelizmente, não tinha vaga em outra turma. Tive que ficar e estou esperando alguma outra vaga aparecer. Lorenzo sempre me procura para conversar, mas eu sempre fujo dele. Deixei de tratar ele como pai e só estou me dirigindo a ele como professor.
Entrei no meu dormitório com dificuldade, carregando aqueles livros e vi as duas patetas estudando no quarto.
- Ah, quer ajuda? - Duda se levantou.
- Nossa, muito obrigada. - Fiquei aliviada por ela ter tirado um peso dos meus braços.
- Só não monopoliza a minha namorada, ela está me ajudando a fazer o meu trabalho. - Brenda que fazia o mesmo curso que eu, estava competitiva.
- Já disse que eu não vou competir com você, Brenda. Eu estou tentando tirar uma boa nota para colocar no meu currículo e assim conseguir um estágio logo. - Me sentei na cama e comecei a empilhar os livros no criado mudo.
- Aqui, toma. - Duda me entregou os livros que tinha tirado do meu braço - Pra que você quer fazer um estágio? Você não precisa trabalhar.
- É claro que eu preciso trabalhar. Eu quero comprar ou alugar um apartamento o mais rápido possível. Não quero ficar aqui mais.
- Sol, você é rica. Se você pedir um apartamento para os seus pais, com certeza eles vão te dar. - Brenda me olhou de canto.
- Acontece, dona Brenda, que meus pais são ricos, eu não. E lógico que eles iam me dar, mas não é assim que funciona as coisas. Eu quero conquistar as minhas coisas sozinha, preciso acreditar que eu sou capaz de fazer uma fortuna, tanto quando eles dois fizeram as suas. - Fiz beicinho.
Brenda e Duda se olharam e começaram a rir.
- Que coisa mais idiota de se dizer, seus pais nasceram em berço de ouro, nem mesmo eles fizeram fortuna do nada. - Brenda tirou saro.
- Já nasceram herdeiros. - Duda também riu.
- Não me importo com o deboche de vocês, eu sou eu, eles são eles. Parem de diminuir a minha luta!
- Luta? Vai pegar no batente desde cedo como eu e depois a gente conversa sobre isso. Tchau amor - Duda deu um beijo na Brenda e saiu.
Duda trabalhava como garçonete e estudava. Ela também era bolsista, tinha ótimas notas, mas era de classe baixa.
- Qual é a de vocês? Parece que nenhuma das duas são minhas amigas. - Bufei.
- Eu sou sua amiga, mesmo você sendo uma patricinha de merda. - Brenda riu.
- Sua sapatona! - Ri.
- Com orgulho, meu amor! - Ela piscou - Então, você sabe que depois desse trabalho o Lorenzo vai arrancar o nosso couro, né?
- Como assim?
- Vai faltar quatro meses para o ano acabar e é só um ano a menos. Porém, o ano que vem começa o programa de intercâmbio, os melhores alunos vão ser selecionados e os professores que tiverem mais alunos aplicados ganha um bônus. Como você acha que essa faculdade mantém o selo de melhor do país?
- Entendi, então ela suborna os professores com dinheiro? Aquele que tiver mais alunos idiotas, ganha um prêmio? E nós, ficamos como? - Cruzei os braços e fiquei pensativa.
- Simples, pega sua passagem e vai fazer um intercâmbio de um ano nos Estados Unidos. - Brenda encheu os olhos ao falar disso.
- Estados Unidos? - Meus olhos brilharam.
- Sim! Imagina eu, americanizada, tomando um Frappuccino no Starbucks, enquanto leio um livro qualquer da Stephenie Meyer. - Brenda se levantou da cadeira e começou a rodopiar pelo quarto.
- Stephanie Meyer? Aquela da Saga Crepúsculo? - Arqueei a sombrancelha.
- A mesma! - Brenda começou a rir.
- Como você é ridícula! - Ri.
- Você fica com os seus sonhos e eu com os meus. E o meu trabalho vai ter uma nota maior do que a sua. - Brenda se sentou novamente.
- Já disse que eu não quero uma disputa, Brenda.
- Não quer ou não dá conta?
- É claro que eu.... Ah, me deixa em paz! - Revirei os olhos.
- Tá bom, sua covarde. - Brenda começou a ler e fazer anotações.
Meu celular tocou, era o Rick. Imediatamente eu atendi:
- Rick, oi.
- Oi, Joaninha.
- Aconteceu alguma coisa?
- Não, por que?
- Por que você ligou pra mim uma hora dessas?
- Estou com saudades, nem te vi essa semana.
- Sei. - dei risada.
- Você está muito ocupada hoje?
- Ah, eu estou tentando terminar um trabalho, é para segunda feira.
- Mas hoje é sexta.
- E daí? Eu ainda tenho um desenho para fazer, a parte escrita eu já criei, mas ainda falta o desenho e por isso estou aqui tentando ter inspiração.
- Vamos fazer o seguinte, eu vou te buscar no campus e a gente vai sair.
- E o meu trabalho? E a minha inspiração?
- É só por algumas horas, prometo te inspirar bastante.
- Como você é obsceno, Rick.
- Eu sei que você gosta. Então me diz, sim?
- Espero não me arrepender.
- Você não vai. Passo ai às oito, te amo.
- Tá bom, te amo.
Encerrei a ligação e a Brenda me olhou com um sorriso de canto.
- Estava falando coisas obscenas com o seu macho?
- É da sua conta?
- Uau, isso que é ser grossa. - Brenda riu.
- É só o meu jeito de falar, não confunda as coisas. - sorri.
- Tá, vai sair com o seu macho mais tarde. Você está precisando.
Realmente eu estava. Com toda essa corria e caos, mal dava pra falar com ele. Por isso, estou ansiosa para vê-lo logo.
(Continua)
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PAIXÃO INDOMÁVEL 🔥
RomanceSINOPSE: Solange Campos é uma garota de 19 anos que está cursando desing gráfico em uma das faculdades mais renomadas do país. Sol foi adotada por uma família rica após passar anos em um orfanato, mas isso não a livrou dos perrengues de ser uma calo...