Do milagre, a morte.

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Passaram-se cinco horas de cirurgia. Rick não bebeu, não comeu e não pregou os olhos nenhuma vez. O clima estava tenso e não sabíamos o que tinha acontecido com o pequeno Samuel.

- Rick, você não quer um café? - Perguntei gentilmente.

- Não, obrigado - Rick respondeu com a voz cansada.

- Você não comeu nada. - Passei a mão no cabelo macio dele. Rick fechou os olhos, como se estivesse sentindo o meu carinho.

Nesse momento meu pai apareceu. Rick abriu os olhos e se levantou da poltrona na qual estávamos sentados, meu tio Renato e eu também fizemos o mesmo. Michel que estava dormindo, também acordou na hora e se levantou.

- Ricardo? - meu pai se dirigiu a ele.

- Sim, senhor.

- Seu sobrinho teve duas costelas quebradas e uma delas perfurou uma artéria. Felizmente, contemos a hemorragia, a cirurgia foi um sucesso e o Samuel está estável. - Meu pai respondeu com seriedade.

Todos suspiraram de alívio. Rick olhou para o teto do hospital, agradecendo a Deus pelo milagre.

- Posso vê-lo? - Rick perguntou, ansioso.

- Pode sim. Renato, você pode ir com ele?

- Claro. Vamos? - meu tio o conduziu para o CTI do hospital.

Com tamanho alívio, corri e abracei o meu pai. Ele se espantou e disse:

- O que foi isso, Sol?

- Obrigada, pai. - o apertei forte.

- Nunca aperte um médico que acabou de ficar cinco horas em pé. Ai! - Ele riu.

- Você não tem jeito, mesmo! - Ri.

- Eu vou ligar pra sua mãe, ela deve estar preocupada - ele colocou a mão no bolso, pegando o seu celular - E você, vá descansar.

- Eu vou ficar com o Rick. - Respondi.

- Você não pode ficar com ele agora. Só pode um acompanhante, então você devia ir para o campus, tomar um banho e dormir um pouco. Volte depois, isso é uma ordem, mocinha. - Meu pai saiu para fora do hospital, provavelmente para ligar pra mamãe.

- Que bom que tudo se resolveu, não é mesmo, Sol? - Michel colocou seu braço em volta do meu pescoço.

- Se afaste de mim, agora!

- Caramba, como você é grossa! Só quis dar o meu ombro, caso você queira descansar. - Michel sorriu.

- Prefiro descansar nos braços do capeta! - revirei os olhos.

Meu tio Renato apareceu novamente, rapidamente sai daquela situação e fui até ele.

- Tio, o Rick está com o Samuel?

- Sim, ele está. O mesmo mandou dizer que se quiser ir embora, pode ir. E também disse que por mensagem vocês podem se falar, o celular dele ainda tem bateria. - Meu tio gesticulou como se estivesse imitando os trejeitos do Rick e ficou muito engraçado.

- Obrigada por me atender, Tio. E obrigada por ajudar também. - Sorri.

- É um prazer. Agora se me der licença, eu tenho que ir. - Renato deu um beijo no topo da minha cabeça, pela primeira vez. Isso me deixou muito emocionada.

- Foi bom te ver, Tio. - Respondi com a voz baixa.

- Se cuida, garota. - Ele piscou e também saiu para fora do hospital.

- Ei, como é ter dois parentes médicos? Você nunca deve ter ficado doente na vida, né? Aliás, acho que você nunca teve que pagar um plano de saúde. - Michel começou a rir e a debochar.

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