Finalmente estávamos livres daquela prisão.
Quando bate o sinal, vejo os carcerários desesperados saindo da sala de aula. Era tão lindo a visão da liberdade. Guardo minhas coisas na mochila e caminho até o pátio junto com Luísa, notando que Samuel me esperava no portão para irmos para casa.
— Amanhã, festa do pijama. Certo? — Luísa pergunta mais uma vez e eu confirmo com a cabeça, me despedindo e indo até Samuel.
— E aí, tá melhor? — Ele pergunta enquanto andávamos para o ponto de ônibus, aproveitando que só estava caindo algumas gotas finas de chuva.
— De que? — Pergunto confusa, mas logo me recordando do teatrinho de hoje mais cedo. — Ah, sim. Estou melhor. Foi só uma tontura mesmo.
— Deve ter sido o estresse da volta às aulas.
— Provavelmente. — Minto, chegando ao ponto de ônibus e sentando em um banco vazio.
— Tá molhado. — Samuel avisa, começando a gargalhar me vendo levantar imediatamente.
Na nossa frente, Pedro passa e acena para Samuel e para mim, enquanto ia para casa em cima de um skate. Cerca de seis minutos depois, o ônibus finalmente chega. Entro primeiro e me espremo entre as pessoas, ficando em pé perto da porta. Parecia uma lata de sardinha.
Quando chegamos em casa, vejo minha mãe preparando o almoço junto com minha avó enquanto conversam sobre algo que eu não presto muita atenção. Vou até o banheiro do quarto da minha mãe, já que Samuel ocupou o principal, e tomo um banho rápido. Coloco uma blusa vermelha com um desenho da Minnie e um short jeans simples. Prendo o cabelo em um coque, apenas para não arrumá-lo novamente, e vou até a cozinha.
Pego o celular e mando mensagem para Denis, avisando que em meia hora estaria pronta para ir.
— Como foi a aula hoje? — Pergunta minha avó, enquanto mexia em uma das panelas no fogo.
— Mesmo saco de sempre. A crushzinha do Samuel voltou e ele tá desesperado, coitado. — Comento com sinceridade, enquanto rolava o dedo pela tela do celular.
— Você sabe o que aconteceu, filha? — Minha mãe fala, terminando de lavar a louça que havia sido formada na pia. — Acharam o corpo da neta do seu Josevaldo na floresta. Débora, o nome dela, se eu não me engano. Foi achada morta, brutalmente assassinada. Que descanse em paz!
Paro de mexer no celular e olho confusa para minha mãe. Era extremamente raro casos de assassinato aqui em Três Luas, ainda mais assassinato bruto. Isso significava que tinha um assassino à solta, mas esperava que a polícia o prendesse logo. Três Luas nunca foi um lugar perigoso, os crimes normalmente se resumiam em pequenos assaltos, furtos ou problemas entre família, mas ainda assim era difícil de se ver. Nem valia à pena ser policial em Três Luas.
— Pelo o que disseram, a morte dela foi parecida com a de uma mulher há quarenta e dois anos. Maria Aparecida, que assim como Débora, estava presa em um tronco de árvore quando foi encontrada. Os pulsos cortados, a boca amordaçada e um corte profundo na garganta. — Completou minha avó, fazendo minha mãe olhar perplexa.
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O Legado de Hécate - A Magia das Bruxas [CONCLUÍDO]
FantasiAntes de descobrir a magia, o mundo oculto e real que existia debaixo dos olhos de cada habitante de Três Luas, tudo era normal. A vida de Mariana era bastante comum na cidade localizada no interior do Rio de Janeiro, mas tudo vira de cabeça para ba...