Com o fim das aulas, Samuel e eu seguimos até o ponto de ônibus. Ele estava em silêncio, o que achei estranho, mas imaginei o porquê.
Um grito desperta a atenção de todos que estavam na rua e um alto som faz com que todos se assustassem. A represa que passava por uma das montanhas que tinha atrás da escola, havia se soltado, fazendo com que uma enorme quantidade de água, pedra e árvores viessem morro a baixo.
Há dois anos a população de Três Luas tentavam alertar que um desastre aconteceria se as montanhas da cidade não fossem fiscalizadas, mas o prefeito sempre ignorou estes alertas. Agora, vimos que o previsível aconteceu, mas não deu tempo tempo de pensar em nada. Todos saíram correndo.
Tudo vinha em uma velocidade assustadora. Samuel me puxava enquanto corria para longe, assim como as pessoas faziam. Muitos carros passaram correndo na nossa frente, estava um verdadeiro tumulto. Era óbvio que ninguém iria conseguir fugir a tempo, e que aquele desastre poderia ficar pior.
Me solto da mão de Samuel e corro na direção oposta, de onde a água vinha. Parecia cena de filme de ação, mas era bem pior quando verdade. Respiro fundo, tentando pensar em algum feitiço para parar aquele água. Isso precisava ser útil para alguma coisa e eu não poderia deixar ninguém morrer.
— Vim naturae iubeo obedire imperio meo.
Tento controlar aquela água, mas nada acontece. Eu não sentia aquela energia, aquele poder, não sentia a magia dentro de mim. O que estava acontecendo? Por que logo agora?
— MARIANA! — Ouço a voz de Samuel, mas precisava que ele saísse de lá.
— SAI DAQUI AGORA, SAMUEL! — Gritei, mas ele pareceu não me ouvir.
— SOCORRO! — Ouço de longe outra voz, então reconheço como a voz da Tang. Ela estava se segurando em um muro enquanto a correnteza passava pelo seu corpo, poucos segundos antes de chegar até a mim.
Encaro novamente aquela água e me concentro no seu som. Sinto as gotas me tocarem e me conecto às suas energias, pensando no quanto precisava parar aquilo. Pensei em cada molécula que compunha aquela água, cada forma de fazer obedecê-la ao meu comando.
— Vim naturae iubeo meo imperio parere in nomine Hecate!
Grito e estendo as mãos, fazendo com que a água parasse na minha frente, assim como tudo o que vinha junto com ela. Eu sentia meus braços tremerem, pois parecia que eu estava segurando algo muito pesado. Eu precisava manter o foco, precisava manter o controle. Minhas mãos estavam envoltas a uma espécie de plasma rosa. Eu me sentia a Wanda, não dos Vingadores, mas sim a de Os Padrinhos Mágicos.
Junto a máxima força que eu tinha e faço com que a água voltasse de onde veio. Não havia pensado na possibilidade de alguém ter me visto, pois todos haviam saído correndo.
Exceto Samuel.
Antes de dizer qualquer coisa, sinto meu corpo fraquejar e cair no chão. Eu estava fraca, então, perdi a consciência.
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O Legado de Hécate - A Magia das Bruxas [CONCLUÍDO]
FantasyAntes de descobrir a magia, o mundo oculto e real que existia debaixo dos olhos de cada habitante de Três Luas, tudo era normal. A vida de Mariana era bastante comum na cidade localizada no interior do Rio de Janeiro, mas tudo vira de cabeça para ba...