Eu não queria ter que deixar Ketlyn sozinha naquele estado, mas quando vi que ela já não respondia mais aos seus sentidos, dei um passo para trás em choque.
Encarei seu corpo caído na mesma posição em que a deixei, com a pele acinzentada e os olhos abertos como quem pedia por socorro.
— Mariana, acorda! — Pedro fala comigo e me encara como se estivesse me chamando há um bom tempo. — A Luisa precisa de você. Vitória disse que sabe de um ritual que pode afastar a Natália daqui, mas os ingredientes estão na casa dela!
— O que? — Ainda atordoada, me forço a olhar para ele. — Eu vou buscar.
— Não, você tem que ficar aqui e ajudar elas. Eu vou.
— Não posso ajudar elas. A Natália tirou os meus poderes. — Digo decepcionada e vejo Pedro me olhar perplexo. — Além disso, você não vai sozinho no meio das pessoas com surto de raiva.
— Você não precisa de poderes. E eu vou ficar bem. O Denis se ofereceu para ir comigo.
— Eu mandei esse gay não sair do carro!
— Nós vamos pegar um desses carros jogados por aí e voltamos rápido. — Pedro faz um leve carinho no meu rosto e sorri. — Vai ficar tudo bem. Agora, você precisa ajudar a Luisa.
Olho na direção de Luisa e Natália e vejo que Vitória tentava uma espécie de ritual natural. Uma oração à deusa e ao deus. Me viro rapidamente para Pedro e confirmo com a cabeça, olhando-o se afastar e ir até Denis.
Luisa sai da vista de Natália por um segundo, que usava esse tempo para quebrar a barreira que eu havia feito e deixar os raivosos entrarem e correrem na nossa direção. Luisa sussurra algo com Pedro, que entra em um carro com Denis. Ele dirige rapidamente passando no meio dos raivosos e correndo para fora da Avenida.
— O que vamos fazer? — Luisa se aproxima e pergunta desesperada.
— Vamos lutar.
Vejo que o meu machado ainda estava intacto, caído perto de onde Natália havia me segurado. Corro até lá e pego o objeto nas mãos, pronta para atacar qualquer um que se aproximasse.
Os raivosos se juntavam cada vez mais ao redor de nós, atacando todos juntos. Levanto o machado e atinjo dois de uma vez com um profundo corte na cabeça.
Luisa estava certa. Eles não eram mais humanos.
Chuto um que tentava puxar a minha perna e corto a sua cabeça com o machado. Eu me sentia uma assassina, mas não tinha nada que pudesse ser feito além disso.
Vitória ia no soco mesmo. Bloqueava com facilidade os golpes que os raivosos deferiam contra ela e tirava todos de cima, empurrando-os para longe. Em um breve momento, ela apanhou uma pá de construção jogada não tão longe de um dos carros e bateu com pá no rosto dos raivosos.
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O Legado de Hécate - A Magia das Bruxas [CONCLUÍDO]
FantasiAntes de descobrir a magia, o mundo oculto e real que existia debaixo dos olhos de cada habitante de Três Luas, tudo era normal. A vida de Mariana era bastante comum na cidade localizada no interior do Rio de Janeiro, mas tudo vira de cabeça para ba...