Flashback - 09 anos atrás
Eu era bem nova, mas me lembro bem daquele dia. Eu estava brincando com a Luísa no quintal de casa, montando uma cabana de lençóis com ela. Estava no final da tarde e a nossa imaginação ia longe. Quando terminamos, entramos na cabaninha e brincamos de casinha. Luísa gostava de fazer o papel da vizinha fofoqueira e fingia estar na minha casa apenas para descobrir as coisas. Ela preparou um chá imaginário enquanto falava da vida alheia, porém, nossa brincadeira chegou ao fim quando uma bola atingiu e destruiu a nossa cabana.
Saí da casinha frustrada e vi Samuel abrir o portão, procurando pela bola dele.
— Você viu o que você fez? Estragou a minha casinha! — Digo revoltada, então ele coça a cabeça. — Seu piolhento!
— Desculpa, viu? Não precisa ofender. — Ele pega a bola no chão e parece chamar alguém do portão. — Ô Pedro, entra aí.
— Quem é Pedro? — Luísa se aproxima confusa e cruza os braços.
— Meu amigo novo. Ele se mudou aqui pra perto e a gente tava jogando bola. Ele chutou e caiu aqui sem querer. — Samuel explica, e logo um garoto surge no portão, com o semblante tímido. — Esse é o Pedro. Essa é a Mari, minha irmã super chata. A outra é a Luísa, super chata também.
— E você, mané? — Luísa dá língua para ele.
— Oi. Foi mal a bola. — Pedro diz, ainda tímido, mas estranhamente pareceu que eu o conhecia de algum lugar, só não lembrava onde.
— Vai ficar na escola com a gente? — Pergunto e Samuel concorda. — Ah não.
— Por que não? — Pedro pergunta confuso.
— Porque... nada! — Corro para dentro de casa, me afastando de todos.
• • •
— Filha, acorda. Chegamos. — Meu pai diz me cutucando aos poucos, então vejo que estávamos na rua de casa.
Coço os olhos e abro a porta do carro, pegando minha mochila e caminhando na direção do portão. Entro em casa e vejo tudo em silêncio, então me viro para o meu pai que entrava logo após.
— Estão todos de quarentena. Parece que tem alguma doença na cidade, só aqui em Três Luas. — Ele explica, colocando a chave em cima da bancada.
— O senhor está bem? — Pergunto preocupada, mas me lembrando que Vitória havia dito sobre essa doença.
— Eu estou ótimo. Sua mãe e seu irmão não.
— Merda.
Vou até meu quarto e guardo minhas coisas. Tomo um banho demorado e coloco uma roupa leve. O céu de Três Luas estava exatamente igual à visão que tive no mercado. Lembro-me de ter visto Débora.
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O Legado de Hécate - A Magia das Bruxas [CONCLUÍDO]
FantasiaAntes de descobrir a magia, o mundo oculto e real que existia debaixo dos olhos de cada habitante de Três Luas, tudo era normal. A vida de Mariana era bastante comum na cidade localizada no interior do Rio de Janeiro, mas tudo vira de cabeça para ba...