— Então você chutou o malabarista e saiu correndo chorando só por que ele jogou um pino em você sem querer? — Pergunto rindo descontroladamente, seguindo a risada de Nicolas também.
— Ei! Eu tinha sete anos e estava extremamente chateado. Como se joga um pino de malabarismo em alguém "sem querer?" — Pergunta, me fitando com um sorriso no rosto.
— Não vou julgar.
Enquanto saímos da sala de cinema, segurei meu vestido para ele não voar devido à forte ventania que invadiu Três Luas desde essa manhã. Tenho passado semanas procurando a localização da bruxa, mas simplesmente não haviam sinais. Era como se ela não fosse humana, e eu sabia que não era, mas estava praticamente impossível ter alguma pista do paradeiro dela.
A morte de Débora e Natália ainda era um mistério em Três Luas. Duas garotas, duas bruxas que foram assassinadas e usadas para um ritual. A cidade estava um verdadeiro caos. Seu Josevaldo fazia protestos para a polícia achar logo o criminoso, mas a polícia não sabia mais o que fazer. Ao menos havia uma descrição do criminoso.
Boatos de se tratar de rituais estavam rolando. O lado ruim era que todo mundo acreditavam em qualquer coisa que acontecia, o lado bom era só que havia um lado ruim. A população estava com medo, receio, e mantinham seus filhos e filhas dentro de casa. Estava impossível meus pais me deixarem sair, a não ser que eu estivesse acompanhada de alguém.
— Se você fosse um animal, qual seria? — Ele pergunta me olhando de lado, colocando as mãos no bolso do casaco que usava.
— Uma coruja. Símbolo da sabedoria. — Respondo sem pensar muito e retribuo o olhar. — E você?
— Uma formiga.
— Uma formiga? — Pergunto rindo e ele confirma. — Por quê?
— Formigas são pequenas, ou seja, sabem ser discretas e passarem despercebidas. Além disso elas são muito fortes, podem carregar entre dez e cinquenta vezes mais força que o próprio corpo. Sem contar que são inteligentes e trabalham em equipe, sempre juntos.
— Agora você me convenceu. — Respondo caminhando até o ponto de ônibus e me sento em um banco. — Ontem fazia um calor dos infernos e hoje está esfriando. Tempo bipolar.
— Está com frio? — Ele pergunta enquanto pegava o celular e mexia na tela, mas ainda assim me olhando de relance. Concordo com a cabeça e ele começa a tirar seu casaco, estendendo e colocando-o por cima de mim.
— Não precisa. — Digo constrangida, tirando o casaco novamente, mas ele insiste.
— Precisa sim. Se você voltar com hipotermia para casa, sua mãe me mata. — Ele brinca, sem ao menos conhecer minha mãe, então concordo e deixo o casaco comigo. — Falando em mãe... meus pais te convidaram para um almoço que vai ter lá em casa no sábado. Eles querem te conhecer.
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O Legado de Hécate - A Magia das Bruxas [CONCLUÍDO]
FantasyAntes de descobrir a magia, o mundo oculto e real que existia debaixo dos olhos de cada habitante de Três Luas, tudo era normal. A vida de Mariana era bastante comum na cidade localizada no interior do Rio de Janeiro, mas tudo vira de cabeça para ba...