Runaway {Jungkook} +18

7 - Can you trust me?

"Me puxe e me abrace forte
Me segure forte, me abrace
Você pode confiar em mim?"

Hold me Tight - BTS

🌺🐝

Durante o jantar eu e Jeon conversamos sobre nossas vidas.

Ele me contou histórias da sua infância, coisas como viagens que ele fazia em família, como era um espoleta e dava trabalho aos pais, e sobre como ele ganhou uma cicatriz na bochecha numa briga com seu irmão pra decidir de quem era a vez de jogar. Me contou a história de amor de seus pais, e como ele admirava ambos. Contou histórias da adolescência, de como era fã do Justin Bieber, tinha uma paixão platônica pela IU (que era uma das poucas cantoras coreanas que eu conhecia e gostava - fato que o deixou extremamente empolgado), e como foi difícil vencer a timidez perto de meninas.

Eu contei a ele sobre minha vinda pra Seul há seis meses, sobre minha amizade com Naeri e Michan, sobre meu emprego, como é o dia a dia nele, e sobre como ainda estava procurando algo na área de jornalismo.

Aproveitei o gancho da conversa e que já tínhamos acabado de comer, e enquanto Jungkook enchia nossos copos com mais makgeolli, questionei o que ainda martelava minha mente.

- Ok Jeon, agora já falamos sobre mais amenidades do que eu falei com Naeri a primeira vez que nos vimos. Por favor, mate logo minha curiosidade de jornalista. Já estou quase pegando o celular e pesquisando sobre você aqui na sua frente mesmo.

Ele se limitou a rir antes de me responder.

- Tudo bem, vou contar. Espero que sua visão sobre mim não mude. - e levantou seu copo, pedindo por um brinde. O acompanhei, levantando meu copo também, e logo em seguida dando um gole na maravilhosa bebida. - Lembra que eu disse que meu sonho era ser o próximo Justin Bieber?

- Lembro sim, Bieberkook.

Ele riu com o trocadilho, olhou para as próprias mãos e ficou um pouco mais sério ao continuar.

- Pois bem... eu... meio que consegui. - fiquei em silêncio, observando seu rosto, porque sabia que ele tinha mais coisas a dizer - Com 13 pra 14 anos eu virei trainee de uma companhia pequena, e com 15 fiz o debut com meu grupo, que virou minha família. Estamos juntos desde então, e eu não me vejo mais sem esses meninos. Já passamos por tantas coisas juntos e eu cresci tanto perto deles que eu acho que ficaria perdido se tivesse que viver de forma diferente agora.

Ele ainda olhava para as mãos, mas, apesar das palavras doces, percebi seu semblante demonstrar algum tipo de pesar. Não sabia o que estava passando na mente dele, mas nesse momento ele parecia tão... vulnerável. Tão disposto a se abrir e me mostrar um lado seu que ninguém via. Tão sincero, honesto, incrivelmente humano e tão...

- Lindo. - eu disse, atraindo sua atenção e um olhar surpreso. Arregalei levemente os olhos, não acreditando que tinha externado meus pensamentos em voz alta daquela forma. Pigarreei e me ajeitei na cadeira, tentando achar um jeito de contornar a situação. - Digo... É lindo que você os veja dessa forma, e que vocês tenham formado esse vínculo, sabe? Conexões assim são raras. - Vi Jeon ficar levemente vermelho e um sorriso tímido, fechado, se formar em seus lábios. - Vocês são quantos nesse grupo?

- Sete.

- O número da perfeição. Que sugestivo. - sorri, tentando aliviar o clima. Ele sorriu de volta e sua voz soou insegura.

- É o que dizem.

Dei mais um gole na bebida, e ele me acompanhou.

Eu queria perguntar pra ele o que ele estava sentindo naquele momento. O que estava se passando naquela mente e porque ele parecia quase triste ao falar disso. Mas... a gente mal se conhecia. Seria invasivo demais perguntar algo desse tipo pra ele, por mais aberto que ele pudesse parecer. Se ele me perguntasse algo tão íntimo, eu com certeza me sentiria desconfortável, e eu não queria de forma alguma fazê-lo se sentir assim. Não era isso que eu queria para aquela noite. Então decidi mudar o rumo da conversa.