Runaway {Jungkook} +18

EXTRA - Part of me (especial setembro amarelo)

"Você me mastigou e me cuspiu
Como se eu fosse veneno em sua boca
Você apagou meu brilho e sugou minha energia
Mas isso foi antes, e esse é o agora
Agora olhe para mim
(...)
Jogue suas pedras e lanças
Mande suas bombas e golpes
Mas você nunca vai destruir
A minha alma
Esta é a parte de mim
Que você nunca vai tirar de mim"

Part of me - Katy Perry

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ATENÇÃO

Esse capítulo vai ter MUITO gatilho. É um especial do setembro amarelo, o mês do combate ao suicídio, porque precisamos falar sobre. Terão gatilhos de abusos físicos, psicológicos e sexuais, depressão e pensamentos suicidas. Leiam com cuidado, por favor. No final tem recado especial pra vocês.

Boa leitura 💜

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Brasil, num passado quase tão distante.

Um dia bom.

Aquele era, finalmente, um dia bom.

Numa turma de mais de 50 pessoas, em uma prova onde 98% delas tiveram um resultado de médio pra ruim, eu fui bem. Minha nota foi a maior da turma, recebi muitos elogios do professor e uma oferta pra assumir a monitoria quando iniciasse o próximo semestre.

"O monitor atual da matéria vai se formar e não vai ter o contrato renovado, eu adoraria se você assumisse o lugar dele. Você tem capacidade, inteligência e trato social, três das qualidades mais importantes pra minha monitoria."

Meu peito parecia que ia explodir de tanta felicidade.

Irrompi pela porta de casa largando tudo pelo caminho.

- Mãe! Mãe, tá em casa?

Silêncio.

- Maninha?

Mais silêncio.

Por meu pai eu sabia que nem adiantava chamar, ele era sempre o primeiro a sair pro trabalho e o último a chegar.

Estalei a língua nos dentes em frustração, chateada por não ter ninguém ali que pudesse ouvir a conquista do meu dia de glória.

Então, quase como uma resposta divina à minha empolgação, meu celular começou a tocar. Botei a mochila no sofá e comecei a procurar por ele, sorrindo quando vi o apelido carinhoso piscando na tela.

- Oi, amor! - Falei com animação na voz e um sorriso grande no rosto.

- Onde você tá?

Minha espinha gelou. E assim, com três palavras e um tom de voz, meu sorriso vacilou.

- Em casa. Acabei de chegar. - Respirei fundo e tentei retomar a animação na voz pra apaziguar o clima estranho. - Tenho uma novidade muito boa pra te contar!

- É mesmo? - O tom cínico na voz me deu calafrios. - Conta pessoalmente. Tô chegando na sua casa.

- O que? Por que?

- Qual o problema? Não posso visitar minha namorada de surpresa? Você tem algo a esconder de mim?

Aquele tom de voz. Aquele maldito tom de voz que fazia meu estômago revirar toda vez.