Runaway {Jungkook} +18

66 - Christmas Tree

"Por acaso você sabia?
Há um lado seu que apenas eu conheço
Você é como a primeira neve
Em uma noite de verão
Um momento surpreendente
Que parece um milagre inacreditável"

Christmas Tree - V

🌺🐝

SE-RI POV

O serviço de quarto que trazia nosso café da manhã chegou enquanto eu ainda estava em ligação com minha família. Jungkook me disse que não desligasse, que ele iria buscar, e saiu da sala de jantar fechando a porta atrás de si. Minha irmã sussurrou em português um "tá de parabéns, ele é um grande gostoso" e todas rimos diante da feição indignada de meu pai.

Pouco depois que ele voltou com o carrinho para onde eu estava, Carmen mandou uma mensagem dizendo que tinha acabado nosso tempo e nos daria cinco minutos para finalizar a ligação. Jungkook se juntou a mim para se despedir de minha família, e pela primeira vez em muito tempo eu não me senti mal ao ter que desligar.

Normalmente essa era a hora mais difícil, porque desligar a chamada significava voltar ao silêncio. Voltar à solidão. Eu desligava e todos eles sumiam, me deixando sozinha comigo mesma e com a minha realidade mais uma vez.

Mas dessa vez eu tinha Jungkook. Eu não estaria mais só.

Desliguei o telefone e enquanto colocávamos na mesa de jantar as comidas que tinham sido trazidas, eu conversava animadamente com ele sobre minha família e as novidades que eles tinham me contado antes que ele acordasse. Contei de suas reações animadas quando eu disse que estava com alguém e percebi que ele ficou feliz com isso. Mas também percebi que tinha algo errado, porque eu estava envolvida basicamente em um monólogo, não uma conversa. Então, quando sentamos para comer, cortei a tensão indo direto ao ponto.

- Vai, desembucha. - Ele me olhou com as sobrancelhas levantadas e a boca cheia, parando de mastigar. - Eu sei que seus divertidamente estão trabalhando de novo. Fala o que houve.

Jungkook terminou de mastigar, engoliu a comida e tomou fôlego.

- Ri-ah... Não prefere conversar quando terminarmos de comer?

Fiz sinal de negação com a cabeça.

- Tá me dando agonia você quieto assim. Melhor falar de uma vez, a gente pode comer e conversar ao mesmo tempo.

Ele assentiu com a cabeça, respirou fundo e falou em seguida.

- É que... Eu sei que ontem foi um momento muito delicado pra você, e que provavelmente você não estava com o raciocínio muito lógico. E entendo que você não queria deixar suas dores chegarem até mim e atrapalharem meu Natal... Mas...

Eu sabia por onde ele estava indo, e não ia interrompê-lo até ele tirar do peito tudo o que estava remoendo. Naquele momento eu era quem deveria ouvir, porque eu sabia que meu silêncio e minha recusa em aceitar ajuda poderiam tê-lo magoado. Ele apoiou os cotovelos na mesa e escondeu o rosto nas mãos enquanto falava.

- Por Deus, Ri-ah, você me prometeu que ia me ligar se não ficasse bem. Prometeu que ia me chamar se precisasse de ajuda. - Tirou as mãos do rosto e me olhou, e eu vi dor estampada em seu olhar. Mas, mesmo assim, quando ele falava, seu tom era gentil. Mostrava a dor que ele carregava, mas não soava como um ataque. - Eu confiei em você, Ri-ah. Confiei que poderia te deixar sozinha e você ia ficar bem. Que ia me procurar se não ficasse. E quando eu cheguei aqui e não te vi, eu quase enlouqueci. Quando te achei naquele banco na praça, eu fiquei aliviado. Mas depois que você dormiu, eu me senti... traído. Porque foi uma promessa. Você quebrou uma promessa.