80 - The End

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"Esse pode ser o fim
Porque eu não tenho um lar
E eu vou vagar pra sempre"

The End - Lings of Leon

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ATENÇÃO

Mais uma vez, TOMEM CUIDADO. Esse capítulo pode ter gatilho de abusos físicos, sexuais, psicológicos e mortes. Se se sentirem desconfortáveis, parem de ler NA HORA e me mandem mensagem no insta @aurorasbrecht que eu faço um resumao do capítulo e vocês seguem o baile quando for seguro. Fiquem bem 💜

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JK POV

Por Deus, eu não sabia nem como reagir a tudo que estava ouvindo. Eu achava que histórias como aquela só aconteciam em filmes.

Mas ali estava, a mulher da minha vida, me contando que tudo aquilo já tinha acontecido com ela. E ainda tinha mais história pra me contar.

Me mantive quieto e deixei que ela falasse. Não queria interromper o fluxo de seus pensamentos e nem correr o risco de dizer qualquer coisa que pudesse deixá-la desconfortável, como quase fiz com relação às cicatrizes.

Diante de meu silêncio, ela voltou a falar.

- A polícia procurou por ele, colocou barreiras nas estradas e agentes em rodoviárias e aeroportos, mas ele sumiu. Desapareceu como um fantasma, cuja memória iria me assombrar diariamente dali pra frente. A procura por ele durou meses, mas não deu frutos e num determinado momento a polícia desistiu e o delegado me deu seu número pessoal dizendo que, qualquer movimentação estranha, eu deveria ligar para ele na hora.

Levantei a mão e sequei outra lágrima que escorria por seu rosto. Ela levantou o olhar pra mim, mas não tive coragem de olhar em seus olhos e perceber a dor que eles deviam carregar. Fiz um carinho em seu rosto com o polegar, esperando que fosse suficiente pra que ela soubesse que eu estava ali por ela.

- E depois? - Perguntei.

Ela abaixou a cabeça mais uma vez e voltou a falar.

- Depois foi difícil voltar à rotina e me adaptar. Peguei aversão à casa em que morava com ele e voltei a morar com meus pais. Não conseguia mais entrar naquela casa, muito menos no quarto de Marina. Pedi para que meus pais se desfizessem de tudo por mim. Doamos todo o enxoval pra um orfanato, entregamos a casa e vendemos os móveis. E depois de muitos meses em choque e muita terapia, eu comecei a voltar a viver minha vida de forma quase normal. Comecei a trabalhar, voltei a encontrar amigos, a sair, e até a sorrir. Continuava encontrando Ian para o acompanhamento do pós-coma, e acabei encontrando nele um grande amigo. Que, eventualmente, se tornou mais do que um amigo.

Uma fagulha de ciúme acendeu dentro de mim e minha mão parou o carinho que fazia no rosto dela automaticamente. Percebi Se-ri estremecer e segurei sua mão, tentando mostrar que aquilo não me afastaria dela. Por Deus, eu nem daria atenção a qualquer vestígio de ciúme, porque era totalmente irracional. Nem fazia sentido estar me sentindo daquela forma por alguém que estava no passado dela, ainda mais em um passado tão sofrido.

Senti que talvez não tivesse passado tanto conforto a ela quando a ouvi falar novamente, de forma afobada, como se tentasse se justificar.

- Eu não consegui confiar em mais ninguém, sabe? Não queria falar dos meus segredos pra ninguém, não queria reviver aquela história, mas eu confiava em Ian desde o dia em que acordei, e ele sabia de tudo. Das minhas dores físicas e emocionais, das minhas limitações, dos meus traumas, e entendia. Me entendia. E me apoiava, me confortava, se importava comigo. Relutei muito no começo, quando ele se declarou, porque eu tinha medo de entrar em outro relacionamento. Tinha medo de me permitir novamente e me machucar. Mas ao mesmo tempo eu sabia que ele era diferente, e que o que ele nutria por mim era um carinho enorme. Não acho que cheguei a amá-lo, e disse isso pra ele inúmeras vezes, mas ele dizia que não se importava com isso. Que me ver bem já bastava para ele.

Runaway {Jungkook} +18Onde histórias criam vida. Descubra agora