Runaway {Jungkook} +18

54 - Broken

"Queria que você soubesse
Que amo o jeito que você ri
Quero te abraçar forte e roubar sua dor"

Broken - Seether e Amy Lee

🌺🐝

Jungkook se ajeitou atrás de mim, me apertando ainda mais contra seu corpo e inspirando contra meus cabelos antes de começar a falar.

- Bom... - Sua voz começou, baixa. - Meu irmão é três anos mais velho que eu. Omma diz que quando eu nasci ele teve muito ciúme, mas depois de um tempo, conforme foi me vendo crescer, ele foi se apegando, se aproximando e acabou se apaixonando porque ninguém resiste a mim.

- Aigoo. - Bufei em forma de protesto e ele riu baixinho antes de continuar.

- Omma sempre incentivou que fôssemos amigos acima de qualquer coisa, e nós seguimos isso desde muito cedo. Desde sempre. Claro que tínhamos nossas desavenças, mas a gente ficava emburrado um com o outro e se resolvia com a mesma facilidade. Às vezes, quando a gente brigava, até mentia pra nossa mãe, dizendo que tínhamos nos machucado porque caímos ou que estávamos treinando a luta só pra que ela não nos botasse de castigo e nos mantivesse longe um do outro.

Sorri imaginando a cena.

- Que fofos.

- Dois pestinhas, isso sim. - Ri de sua fala e ele continuou. - Meu irmão entrou na adolescência antes de mim, e obviamente começou a ter vivências que não contavam com a minha presença. Ia a festas dos amigos, saía com eles, mas nada disso nos afastou porque sempre que ele chegava em casa eu ainda estava acordado, ansioso para ouvir todas as histórias que ele tinha para me contar. Fui o primeiro a saber do seu primeiro beijo, sua primeira paixão, sua primeira vez, seu primeiro porre. Fui o primeiro a saber quando ele se apaixonou por uma menina e também quando ela partiu seu coração.

Jungkook se interrompeu para respirar fundo. Fiz um carinho em sua mão e seus braços arrepiaram. Ele voltou a falar.

- Aquilo doeu em mim de uma forma que me fez jurar que nunca iria me apaixonar daquele jeito. Mas ele se recuperou rápido e seguiu a vida, e eu entendi a importância de viver os momentos bons e superar os ruins. Eu estava sempre lá por ele. E, quando chegou a minha adolescência, a minha vez de viver essas coisas e a vez dele estar lá por mim, eu virei idol. Comecei a ter muitas experiências, mas todas diferentes das que ele já tinha tido. Eu me via perdido sem ele por perto, e ele se via perdido sem saber como me aconselhar, porque eu não podia ter as experiencias normais de um menino de 15 anos.

- Imagino que ele também ficou bastante confuso sobre os conselhos que poderia te dar, certo? As vivências dele não eram regradas por nenhum contrato como as suas.

- Exatamente. Nós vivemos vidas muito diferentes. Eu tive que me mudar para Seul e, mesmo ele tendo escolhido fazer a faculdade lá pra ficar mais perto de mim, ainda assim estávamos nos tornando cada vez mais distantes. O Bangtan foi crescendo cada vez mais, sendo cada vez mais atingido pela fama, e quanto mais as pessoas de fora me conheciam, menos ele me conhecia. Obviamente eu senti muito isso, mas não tanto quanto ele. Eu tinha os meninos, a empresa, as entrevistas, as viagens, o trabalho, a música, os fãs. Estava ocupado quase que 24 horas por dia. E ele tinha... só ele mesmo. Nós mantivemos contato por muitos anos, mesmo com as diferenças, mesmo com as dificuldades. Mas nunca abandonamos um ao outro. Nunca tínhamos abandonado.

Jungkook se interrompeu, respirou fundo e eu fiquei quieta, apenas esperando que ele encontrasse as palavras. Aquele claramente era um assunto muito delicado para ele, e eu jamais o forçaria a falar, e respeitaria se ele não quisesse mais contar. Especialmente porque eu mesma não podia entregar transparencia à ele.