79 - The Middle

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"Você sabe que o padrão é o mesmo
E você sabe que fica melhor sozinha do que assim
Então não aceite isso
Apenas viva
Apenas seja você mesma
Não importa se é bom o bastante para alguém além de você"

The Middle - Jimmy Eat World

🌺🐝

ATENÇÃO

Alerta de gatilho de abusos físicos, psicológicos, acidentes e mortes. Por tudo que é mais sagrado, leiam com cuidado. Se se sentirem desconfortáveis, parem de ler e me mandem mensagem no privado, aqui ou no insta @aurorasbrecht que eu faço um resumo do capítulo e quando for seguro, vcs voltam a ler.

Não se forcem se fizer mal. Runaway deve ser cura, não corte.

Recebam todo o meu amor 💜

🌺🐝

SE-RI POV

O carinho que Jungkook fazia em meus cabelos parou e senti todos os seus músculos enrijecerem. Sabia que ele se assustaria com essa parte. Mas estava feliz que, pelo menos, ele não tivesse feito nenhum comentário estranho.

Me levantei de seu colo e sentei de frente pra ele. Mas não tive coragem de olhar em seus olhos quando continuei a história. Não sabia se eu suportaria ver o que estava estampado ali. E, uma vez que tinha aberto a caixa de pandora, eu não queria fechá-la até que todos os demônios saíssem.

Busquei por ar e voltei a falar, despejando tudo de uma vez.

- Eu fiquei desesperada, porque gravidez pra mim, naquela época, significava casamento. Significava a consolidação de uma família. E eu não queria me ver presa a um relacionamento ruim, mas também não tinha coragem de fazer um aborto. Desde que eu nasci eu ouvia sobre como aborto era pecado e como eu iria pro inferno se fizesse um algum dia. Eu não queria ir pro inferno, mas também não queria viver o inferno que ele me fazia viver, e isso me deixou em um desespero enlouquecedor. Chorei por dias, pensando no quanto minha vida ia mudar, tentando encontrar uma solução. E não queria contar pra ele, não queria contar pra ninguém, porque isso faria tudo parecer ainda mais real. Um dia minha mãe fez uma intervenção e invadiu meu quarto no meio de uma dessas crises de choro. Ela sempre me dava espaço e nunca me pressionava a nada, mas aquele dia ela não me deixou ficar calada. E, quando eu contei, achei que ia perder o resto do apoio que achava que tinha, achei que ela e meu pai realmente me obrigariam a casar com ele pela crença religiosa que seguíamos. Mas ela me surpreendeu.

Dei uma pausa curta, um sorriso muito pequeno ameaçando surgir em meus lábios quando relembrei todo o carinho de minha mãe naquela época e como aquilo foi crucial pra que eu não desabasse.

- Ela me abraçou, chorou comigo dizendo que sim, minha vida iria mudar, mas que ela estaria ao meu lado em cada passo daquele caminho. E quando toquei no assunto da religião, ela dispensou minhas palavras com a mão, dizendo "dane-se o que qualquer religião prega. Pecado seria eu te obrigar a aceitar um casamento que você não quer, seria você jurar amor eterno num altar quando nem existe mais amor. Pecado seria te enfiar em um matrimônio pra te punir. Eu só quero você feliz". Aquilo acabou comigo. Perceber a dimensão do amor dela por mim, disposto a deixar de lado tudo o que ela me ensinou desde criança em prol da minha felicidade, mas ao mesmo tempo ver as lágrimas de dor em seus olhos pelo que sabia que eu viveria dali pra frente me destruiu. Mas também me alimentou com uma força que, sozinha, eu não tinha. E, olhando pra ela, eu soube que iria dar um jeito e encontrar uma solução. Minha mãe tentou me consolar e me aconselhar, dizendo como eu poderia ser feliz com uma criança mesmo que eu não ficasse com ele. E que eu definitivamente não precisava dele, eu poderia ser mãe solo e estava tudo bem, ela e meu pai iriam me apoiar e nunca deixariam faltar nada pra mim ou pro bebê. Mas que ele precisava saber que seria pai, porque ele tinha que ter parte nisso também. Não era certo eu esconder uma coisa tão grande assim, que eventualmente ele acabaria sabendo e poderia ser pior.

Runaway {Jungkook} +18Onde histórias criam vida. Descubra agora