Runaway {Jungkook} +18

57 - Hey Stupid, I love you

"Eu só queria que você pudesse
Se inclinar, me beijar e dizer
'Nada está errado'
Peça para eu me acalmar
Você faz isso melhor do que eu já consegui
Não farei joguinhos por atenção
Mas eu poderia ter um pouco agora?"

Hey stupid, I love you - JP Saxe

🌺🐝

JK POV

Estúpido.
Burro.
Grosso.
Ignorante.
Invasivo.
Insensível.

A lista de formas com que eu poderia me xingar só aumentava. Eu ainda não acreditava que tinha feito tantos questionamentos à Se-ri quando já estava cansado de saber que seu passado era um assunto delicado.

Se-ri me provava de tantas maneiras diferentes a sua consideração e o quanto de sentimentos tinha por mim, e eu me deixei enciumar por umas frases soltas ouvidas numa conversa que eu nem deveria estar prestando atenção. Com alguém que eu nem sabia quem era, poderia ser até irmão dela e eu jamais saberia se ela não quisesse me falar.

Desumano.
Nocivo.
Tóxico.
Inconsequente.

Eu estava andando de um lado pro outro na sala há mais de 40 minutos. Quando ela subiu eu a ouvi abafando seus gritos no travesseiro, e mesmo que muito baixinho, consegui ouvir a dor que saía do peito dela naquele som. E o meu coração se partiu em mil pedacinhos por ter sido o causador daquilo.

Ouvi seus soluços por longos e intermináveis minutos, até que foram diminuindo a frequência e pararam. Provavelmente no momento que ela pegou no sono.

Eu me deitei no sofá, mas não consegui dormir. Peguei mais lenha e alimentei a lareira. Lavei toda a louça que tínhamos deixado pra trás. Tomei café. Fiz mais um chocolate quente. Pensei em preparar café da manhã pra ela, mas não sabia se ela estava com apetite.

Por Deus, eu não sabia nem se ela ia querer me ver de novo.

Arrumei toda a parte de baixo da casa e sentei de novo no sofá, pensando no que fazer. Comecei a roer as unhas numa tentativa de dissipar a energia, mas não foi suficiente. Me levantei e comecei a andar, tentando pensar. Mas tudo o que eu conseguia pensar era como queria estar perto dela naquele momento. Pisei no primeiro degrau da escada por três vezes, e nas três eu recuei. Lembrei de sua voz.

"Me deixa sozinha por algum tempo. Por favor."

Quanto tempo era "um tempo"?

Olhei o relógio. Já tinham se passado quatro horas desde que ela subiu. Eram exatamente 11 da manhã. Tínhamos que voltar para Seul ainda naquele dia, e lá não poderíamos viver tão livres com nossos sentimentos quanto estávamos vivendo aqui. Não poderíamos agir como um casal e aproveitar a companhia um do outro.

O tempo estava passando e cada minuto ali naquela sala era um minuto a menos com ela. Pensei que tê-la brigando comigo seria melhor do que não tê-la de forma alguma, e num impulso subi a escada, dois degraus por vez.

Meu coração apertou de uma forma absurda quando a vi deitada na cama, em posição fetal, agarrada a um travesseiro, com fios de cabelo colados ao rosto no local onde as lágrimas tinham escorrido e secado pela trilha que percorreram. Seu nariz estava vermelho. Mesmo dormindo, sua testa estava levemente franzida e a boca inchada, de talvez ter mordido, tentando segurar o que quer que quisesse escapar pra não me deixar ouvir.

Ela estava atravessada na cama, como se não tivesse tido forças pra mais nada depois de chegar até ali além de se jogar no colchão. Seu rosto estava próximo à beirada, então me sentei no chão, de forma que pudesse deixar o meu próximo ao dela.