"Você está escondido como eu estou?
Eu olho em volta e você não está
Está trancado no quarto e sem fome
Abraçando forte o travesseiro?
Você chora sem saber quanto a solidão ainda te machucará?"
La Solitudine - Laura Pausini
🌺🐝
Nos fartamos com as massas e molhos caseiros que Francesca tinha preparado.
- Meu Deus, estou explodindo! - Eu disse, me recostando na cadeira e pousando a mão na barriga.
- Filha! - Minha mãe me repreendeu, me fazendo rir.
- Sério, mãezinha. Não dá pra ter modos agora. Há muito tempo eu não comia uma comida caseira tão gostosa assim, tirando as de Michan. Inclusive... - Eu disse, me inclinando por cima da mesa e pegando sua mão. - Você não sabe como eu sinto falta da sua comida.
Ela me olhou com a testa franzida.
- Por que não falou antes? Eu mesma poderia ter cozinhado pra gente agora.
- Nem lembrei de comida, mãe. Tinha tanta coisa pra falar. Mas agora quero ouvir. Me contem de vocês, como estão?
Então eles me contaram que tinham comprado recentemente uma vinícola na Toscana, e agora produziam vinhos. Fiquei extremamente feliz por eles, porque esse era o sonho que eles tinham pós aposentadoria desde que se casaram. Me contaram como tinham sido os últimos anos desde que nos vimos pela última vez, repassando até os acontecimentos que eu já sabia pelas poucas vezes que nos falamos ao telefone.
Contaram que fizeram amigos e estavam até exportando seus vinhos. Agora eles se chamavam Paolo e Giulia Bianchi, e diziam que tinham duas filhas que viajavam pelo mundo e eles nunca sabiam onde elas estavam até receber uma ligação, e que tinham decidido ir para a Toscana para realizar o sonho que criaram na lua de mel, quando passaram por lá.
Achei impressionante a capacidade deles de conseguirem inserir a vida antiga na nova realidade sem levantar suspeitas. Acho que eu era uma péssima mentirosa mesmo, porque eu preferia evitar conhecer pessoas pra não correr o risco de deixar escapar algo.
Ficamos conversando até o cair do sol, quando decidimos dar uma volta pelo píer. Andamos de mãos dadas, braços dados, abraçados e aproveitamos cada segundo daquele passeio. Jantamos pizza e vinho tinto em um restaurante em frente ao mar, e me acabei de rir enquanto ouvia meu pai reclamar da qualidade do vinho e se gabar de como o deles era melhor.
Quando estávamos voltando minha mãe pediu para esperarmos ali. Fiquei em uma calçada conversando com meu pai enquanto ela foi em uma loja e voltou com muitas sacolas.
- O que é isso tudo? - Questionei, com uma dúvida genuína.
- Você não disse que estava com saudade da minha comida? Antes de sairmos perguntei pra Francesca se eu poderia usar sua cozinha amanhã, e ela ficou super feliz em dizer que sim. Então comprei as coisas pra cozinharmos juntos, como fazíamos nos almoços de domingo no Brasil.
Minha boca abriu em choque e eu demorei alguns segundos para assimilar o que ela tinha dito. E, quando entendi, meus olhos encheram d'água. Minha mãe parecia um anjinho que não existia no mundo real. A abracei forte e enterrei meu rosto em seus cabelos, que ainda tinham o mesmo cheiro familiar de sempre.
- Obrigada, mãe. Obrigada de verdade. Eu amo você.
- Também te amo, filhota.
- Eu também amo, sabe. - Meu pai disse, enquanto pegava as sacolas das mãos de minha mãe, que resmungou um "eita homem ciumento", me fazendo rir e soltá-la do meu abraço para abraçá-lo dessa vez, e ver um sorriso orgulhoso se formando em seu rosto enquanto eu falava o que ele queria ouvir.
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Runaway {Jungkook} +18
FanfictionCONCLUÍDA 💜 Ela queria fugir do passado e começar uma vida nova. Ele queria voltar ao passado e mudar o presente. De forma alguma qualquer um dos dois planejava se apaixonar. Eles não queriam, não deveriam... não podiam. Ela tinha uma história som...
