2 - Say my name

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"Um pouco mais alto, diga meu nome
Isso me faz abrir meus olhos adormecidos"

Say my name - Ateez

🌺🐝

Senti um dos maiores solavancos que já tinha sentido na vida.

Meu celular voou do suporte. Minha bolsa, que ainda estava aberta, caiu e espalhou tudo pelo chão. Eu fui jogada para o lado e quando voltei, bati com força a cabeça no vidro da minha janela. Fiquei tonta e por um minuto senti meus ouvidos zumbirem, enquanto eu tentava me situar no que havia acabado de acontecer.

Minha cabeça estava doendo.

O cinto de segurança. Logo hoje eu esqueci a porcaria do cinto de segurança.

Olhei pro lado e vi um carro literalmente encostado no meu, parecendo duas pessoas se beijando sem querer desgrudar.

Logo hoje bateram no meu carro.

MEU DEUS, LOGO HOJE!

Tentei abrir a porta, mas estava emperrada porque a batida acertou em cheio no local entre a porta e a roda dianteira.

Botei as mãos no volante e encostei minha testa nelas, respirando fundo por alguns segundos, para tentar manter minha sanidade.

Levantei a cabeça e vi a silhueta de um rapaz sair do carro que bateu no meu, coçando a cabeça com uma mão e o celular na outra, com um jeito de desespero.

Não conseguia ver direito porque estava com a visão meio embaralhada, provavelmente pela pancada. E o rapaz estava literalmente todo coberto. Boné, máscara, casaco, calça e coturno.

Ele veio correndo até onde eu estava e tentou abrir a porta, mas também não conseguiu. Fez sinal para que eu baixasse a janela, mas eu não queria só falar com ele, queria ver o estrago que tinha sido feito no meu carro.

Respirei fundo de novo para me recompor, passei para o banco de trás e desci pela porta traseira.

Desci com pressa e bati a porta do carro, tentando ver o que havia acontecido. Na mesma hora que olhei pra frente, o rapaz virou pra trás e disse, numa voz bem alta.

- VOCÊ NÃO OLHA POR ONDE ANDA?

Nossos olhares se encontraram, e eu vi os olhos amendoados mais profundos que já tinha visto na vida. A franja dele caía um pouco por cima dos olhos, dando um ar descontraído e um pouco misterioso, como se não quisesse revelar quais segredos ele guardava. E aquelas orbes ficariam marcadas na minha memória, pois eram a única coisa da fisionomia dele que eu conseguia ver.

Naquele momento, pareceu que o mundo congelou por alguns segundos. Até vir uma dor de cabeça forte e me deixar tonta novamente. Me virei e apoiei as mãos no carro, fechando os olhos e respirando fundo.

Rápido demais.

Saí do carro rápido demais.

Senti o rapaz se aproximar e perguntar com uma voz bem mais doce que a anterior.

- Você tá bem?

Respirei fundo novamente e tentei não soar mal educada.

- Não, eu não estou bem. Eu amo esse carro, cuido dele melhor do que cuido de mim mesma, e você acabou de bater nele. Eu estava com o horário milimetricamente contado pra chegar ao trabalho por conta do tempo e do acidente na via expressa, e agora estou aqui, parada no meio da rua, resolvendo uma batida que não foi culpa minha e você quer fazer parecer como se fosse.

Runaway {Jungkook} +18Onde histórias criam vida. Descubra agora